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CuLTuRA E CONhECImENTO (cont.)
pouco empenhadas e pouco envolvidas. Não se trata mais conta as capacidades e competências a desenvolver com
de procurar Gestores para os negócios emergentes: trata- o objectivo de vencer a concorrência.
-se de procurar verdadeiros Líderes, que percebam o Em pleno século XXI, reconhecemos muitos são os
contexto de mudança da modernidade e que estejam desafios que são endereçados aos novos líderes. Muito
dispostos a enfrentá-lo com determinação e perseverança. podem aprender com as lições do passado. Tanto na ver-
Michael Porter tem sido, neste domínio, um dos mais tente militar, como na vertente empresarial, vários são os
relevantes autores a debater os novos desafios de gestão exemplos de líderes que se destacaram na História e que
empresarial. Para ele, as empresas devem ser flexíveis para hoje ocupam um lugar de referência no domínio da Ges-
reagir com rapidez às mudanças competitivas e de mer- tão dos recursos e, muito importante, no domínio da
cado, sendo por isso importante que sejam as empresas a Liderança de pessoas e organizações. Foram militares,
procurar, e não a evitar, as pressões e os desafios de mer- gestores e também académicos que, direta e indiretamen-
cado. te, influenciaram a Gestão que presenciamos na atualida-
Podemos dizer, assim, que um dos maiores objectivos de. Não raras vezes estiveram em campos opostos, mas
da liderança é ajudar os outros a atingirem o seu melhor. souberam conquistar uma imagem de prestígio e de con-
Não se trata tanto de estabelecer objectivos elevados, mas sideração assinalável em ambos os lados, alicerçada no
antes de estabelecer objectivos realistas, descobrindo sentido de serviço, na Ética e, sobretudo, na paixão ina-
maneiras de melhorar os procedimentos e as atitudes, em balável a um ofício.
ordem a melhorar resultados no maior número de áreas
e funções possíveis. Para promover a mudança é necessá-
rio que o Líder se concentre nas pessoas, porque o recur-
so humano é o recurso mais importante de qualquer
organização e, entre aquilo que é a eficiência e aquilo que
é a eficácia, existe sempre a necessidade de se desenvol-
ver o trabalho em equipa, conhecendo aquilo que de
melhor pode ser desenvolvido por cada membro do gru-
po. De facto, já Napoleão dizia que não se podia coman-
dar bem aqueles que não se conhecia convenientemente.
Isto é muito importante, sobretudo quando se reflete
naquilo que é o Processo de Gestão Estratégica, porque
este traduz a forma como os gestores tomam as decisões
necessárias à formação e desenvolvimento da estratégia,
usualmente acalentado de acordo com três fases, nome-
adamente: a análise, a formulação e a implementação. Mas
é preciso salientar que entre Estratégia Intencionada e
Estratégia Realizada vai uma grande distância. Mintzberg
comparou a Estratégia Intencionada com a Estratégia
Realizada, tendo distinguido a Estratégia Deliberada (a
que foi realizada tal como tinha sido intencionada) de
Estratégia Emergente (padrões ou consistências realizados
contrariando – ou na ausência de – intenções). Isto quer
dizer que a Estratégia Não Realizada será sempre aquela Marechal-de-Campo Erwin Johannes Eugen Rommel (conhecido
que, embora intencionada, não se concretizou. Ainda popularmente como A Raposa do Deserto) e o General George
Smith Patton, Jr. (conhecido popularmente por Old Blood and
assim, percebemos facilmente que na maior parte das Guts), dois dos mais brilhantes generais e líderes da Segunda
vezes, a Estratégia Realizada é, de facto, parcialmente Guerra Mundial.
planeada ou parcialmente emergente.
Especialmente no que diz respeito às empresas, ganham Bibliografia
aqui notório relevo os conceitos de Missão, Visão e In-
tenção Estratégica. A ideia de missão é sempre comple- LEITÃO, Desidério M. V.; ROSINHA, António (2007). Ética e
Liderança: Uma Visão Militar e Académica, Lisboa, Academia
mentada com os conceitos de visão e intenção estratégi- Militar
ca, porque se a missão traduz a identidade da empresa e SANTOS, António J. Robalo (2008). Gestão Estratégica: Concei-
no fundo o que a distingue das outras empresas que lhe tos, Modelos e Instrumentos, Lisboa, Escolar Editora
são próximas, a visão tende a apontar aquele que é o SERRA, Fernando Ribeiro (2010). Gestão Estratégica: Conceitos
e Prática, Lisboa, Lidel
futuro desejado. Finalmente, a intenção estratégica é mais TEIXEIRA, Sebastião (2011). Gestão Estratégica, Lisboa, Esco-
voltada para o interior da organização, tendo em linha de lar Editora
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