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CuLTuRA E CONhECImENTO






                                    Estratégia, Liderança e Gestão


                                    Estratégica: desafios endereçados



             DAvID PASCOAL ROSADO   aos novos líderes do Século XXI
             19850253



                                 “Não inicie uma batalha se sabe que não vai ganhar nada vencendo-a”
                                                              Marechal-de-Campo Erwin Rommel



                  s conceitos, os modelos, os instrumentos e as teorias   com as suas tarefas através de uma conduta ética e moral
             Orelacionadas  com  a  Estratégia  Empresarial  têm  a   elevadas,  granjeando  a  confiança  dos  pares,  é  sempre  o
             sua origem na Estratégia Militar. A própria palavra “Es-  reflexo de uma entrega pessoal do líder onde, não raras
             tratégia” deriva do vocábulo grego strategos que significa   vezes, o carisma, a razão, a paixão, a emoção e a nobreza
             a arte de fazer a guerra ou a função de general das forças   do carácter apresentam-se como absolutamente decisivos.
             armadas.  Neste  contexto,  não  constitui  surpresa  que,   Neste  contexto,  a  tomada  de  decisão  tem  vindo  a  ser
             desde muito cedo, o exercício do comando tenha mere-  reconhecida como um dos elementos-chave da Gestão e
             cido a atenção dos currículos ministrados na Academia   da  Liderança,  sobretudo  quando  os  líderes  estão  sob
             Militar. Com efeito, é sabido que logo no início do sécu-  pressão.
             lo  XIX,  a  Ética  e  a  Deontologia  constituíram-se,  bem   Essa  pressão,  presente  em  maior  ou  menor  grau  no
             assim  como  a  Arte  de  Comando,  como  as  disciplinas   exercício da atividade daqueles que detêm responsabili-
             preliminares que afeririam, mais tarde, o próprio concei-  dades  de  administração  de  recursos  nas  organizações,
             to de Liderança.                                   constitui  inequivocamente  um  desafio  adicional  no  de-
                E é aqui que é preciso usarmos de especial cuidado,   senvolvimento  das  quatro  funções  básicas  da  Gestão,
             porque  Liderar  não  significa  exatamente  o  mesmo  que   designadamente: planear, organizar, liderar e controlar. E
             Chefiar, Comandar ou Dirigir. Como Montesquieu referiu,   é  sobretudo  por  isto  que  a  melhor  estratégia  consiste
             “se quiser fazer grandes coisas, é indispensável colocar-se no   sempre em criar e cumprir o futuro. Foi Peter Drucker
             meio  dos  homens  e  não  acima  deles”. Talvez  por  isto,  à   quem  chegou  a  abordar  este  ensejo  de  forma  exímia,
             Liderança não raras vezes foi acometida uma aura miste-  quando referiu que a melhor forma de prever o futuro
             riosa e enigmática, que com o advento das Ciências Sociais   era  criá-lo.  Para  isso,  lembrava  que  era  importante  não
             a partir do século XIX (e nomeadamente com os pro-  perder tempo com aquilo que era acessório. E, com efei-
             gressos que seriam encetados tanto pela Psicologia como   to, foi Peter Drucker quem salientou que não havia nada
             pela Sociologia), foi sendo sucessivamente desmistificada.  mais inútil do que fazer eficientemente aquilo que nun-
                Sobretudo nas empresas, temos assistido a uma cres-  ca  deveria  ter  sido  feito.  Exemplo  paradigmático  deste
             cente  preocupação  em  melhorar  as  capacidades  e  as   cenário, são as reuniões feitas em excesso, sem qualquer
             competências de liderança dos seus colaboradores. Essa   objectivo real, mas que apenas são convocadas por hábi-
             preocupação tem-se manifestado especialmente segundo   to ou costume. Trata-se de um erro estratégico grave, até
             dois  caminhos,  onde,  no  primeiro,  tenta-se  melhorar  as   porque, como é sabido, o mais importante na comunica-
             capacidades de liderança dos colaboradores, e no segundo,   ção é ouvir aquilo que não é dito.
             tenta-se melhorar os processos pelos quais essa liderança   Quanto maior é a incerteza, tendencialmente maior
             é exercida. Ora, se a liderança se constitui como o pro-  é o grau de risco. Isto não é necessariamente uma coisa
             cesso de influenciar o comportamento dos outros – mui-  má, porque o risco – a par do senso crítico, da interde-
             to para além do uso exclusivo da autoridade atribuída –   pendência  sistémica,  da  incerteza,  da  criatividade,  da
             tendo  em  vista  atingir  objectivos,  cumprir  metas  e   iniciativa e do conflito – constitui uma das características
             satisfazer as finalidades estipuladas, então, daremos razão   das  decisões  estratégicas.  Sobretudo  num  mundo  em
             a Montesquieu, na exata medida em que o líder deve ser   permanente mutação, as organizações públicas e privadas,
             a base da pirâmide, colocando-se de preferência entre os   incluindo o Terceiro Sector, certamente que não se podem
             seus homens e não acima deles.                     rever numa postura reativa, sem iniciativa e empreende-
                Uma liderança que inspira os colaboradores e os mo-  dorismo. A realidade social, política e económica deste
             tiva,  levando-os  a  exercer  as  suas  funções  e  a  cumprir   novo século não se compadece com posturas de gestão



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