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CRÓNICAS
CONTINUAÇÃO
humanidade. Minorias que controlam os poderes fácticos – financeiro, planeta. Adquirido passo a passo o domínio imprescindível da comu-
económico, político, judicial, mediático… – que roubam todos os dias nicação social, seguiram-se os restantes factores estratégicos com
o Futuro às novas gerações. Uma teia desumana, laboriosamente tecida crescimento exponencial na era da globalização: participações cruzadas,
pelos sumo-sacerdotes da ACUMULAÇÃO que só reconhecem os parcerias estratégicas, SGPSs, paraísos fiscais, deslocalização de
humanos na condição de consumidores ou contribuintes! Um poder indústrias e sedes fiscais, desregulação de Bancos e Bolsas, legislação
perverso concentrado em poucas mãos que fabrica necessidades artificiais “à medida”… Daí o crescimento ao mesmo ritmo de vectores opera-
e ameaças reais, para lucrar a seguir nos meios para satisfazer umas e cionais como: a especulação bolsista; evasão fiscal; branqueamento de
aniquilar as outras. O caminho que ditou o retrocesso do homem à capitais; enriquecimento ilícito; burlas e saques “legais”; privatizações
autêntica servidão feudal... Impensável no séc.XXI d.c! a preços de saldo, ajustes directos, tráfico de influências … Do crime
Um poder dantesco que não hesita em provocar guerras milionárias organizado em geral e do colarinho branco em particular.
de destruição para impor contratos bilionários de “reconstrução” e sa- Entre os sistemas organizacionais mais complexos e vitais neste
quear as riquezas dos vencidos. Um poder acima de todos os Estados, processo de verdadeira destruição civilizacional, avulta o domínio dos
ancorado que está num sistema financeiro global tentacular que contro- Estados modernos através da captura ardilosa ou nomeação directa (sem
la todos os recursos e todas as mentes através do embuste porventura eleições) dos seus dirigentes. Integrem esses estados subsistemas
mais clamoroso da história das civilizações. Uma fraude gigantesca que regionais ou sejam eles integrantes dos diversos supersistemas exis-
despojou os Estados e transferiu para Bancos (privados) apelidados de tentes já dominados por esta via, como acontece nas diversas institui-
“Centrais”, o monopólio da emissão da moeda mundial. Massa mone- ções da União Europeia, no FMI, no BM… Domínio vital porque se
tária (quase toda virtual), logo transformada por um golpe de mágica em apropria da legitimidade formal para implementar os habituais progra-
DÍVIDA (pública e privada). Dívida colossal – perpetuamente em expan- mas de austeridade cruel e saque generalizado. “Legitimidade” que
são – acrescida que é por elevados juros/serviço anuais que geram confere acesso directo aos recursos e “activos” dos países e das popu-
lucros agora trilionários, multiplicados que são ainda na voragem da lações e garante a impunidade através do exercício da autoridade “legal”
especulação bolsista manipulada pelas agências de rating às ordens do dos poderes executivo e legislativo, do poder judicial e do comando
sistema. Uma prática aterradora que devolve a maioria dos homens ao das forças de segurança. E no limite, o comando directo das forças
ciclo original da luta pela sobrevivência e lhes consome a energia e a armadas sempre que os restantes poderes se revelem incapazes de se
esperança, adiando sempre a felicidade possível. Seguros da impunida- impor aos Povos-alvo reféns dos sinistros programas de austeridade.
de os autores de tais crimes – no tempo real onde se esgotam todas as
vidas – ou adormecidos outros na quimera das recompensas após a CoNClUsÃo
morte, o homem esqueceu os objectivos comuns que geraram as suas
organizações ancestrais e consentiu nas armadilhas monetaristas que o Reconhece-se, obviamente, que a visão do mundo (e do país) atrás
reconduzem agora de novo à escravidão. Qual avestruz para não olhar aflorada está longe de ser animadora. Especialmente para aqueles que
as estrelas, age como se o Futuro se jogasse no quintal. assumem o mesmo INIMIGO e sentem a mesma premência dos com-
Se a Razão sugere assim que o homem, tão só, nada tem a ver com bates para o derrotar. Visão que não será ainda partilhada pela massa
a origem e finalidade do Universo; se a razão tende a recusar que o crítica de cidadãos do mundo que é imprescindível para derrubar o
ciclo biológico da vida se possa renovar sem limites e constituir um Poder tremendo que sustenta esta Opressão planetária. O mesmo se
fim em si mesmo; a mesma Razão parece também excluir que seja passará com os patriotas até agora ausentes nesta guerra sem quartel
outra – que não o Homem – tanto a origem como a finalidade das que é movida contra a esmagadora maioria dos portugueses. No extre-
organizações por ele criadas. Consciente ou não de objectivos mais mo oposto, estarão aqueles que negam a existência da AMEAÇA, redu-
longínquos ou transcendentes, é de facto nas suas organizações tem- zindo-a – por conivência ou cumplicidade – a meras fantasias das
porais que realiza a vocação social e pode aplicar as suas opções de Teorias da Conspiração. Coniventes, a clientela orgânica que beneficia
Cidadania. É nelas que aperfeiçoa as aptidões e pode contribuir com a de mordomias avultadas e de acesso limitado ao Erário público corren-
inteligência e convicções pessoais para alcançar dignidade igual na sua te; e cúmplices, os padrinhos com “direitos” ilimitados assim como os
espécie e encurtar o compasso de espera para visar voos mais altos … especialistas artífices da blindagem “legal” e contratual que a todos
As organizações humanas têm sido, na verdade, alavanca insuperável assegura impunidade vitalícia(?). Nas operações dos milhões sacados
para potenciar os esforços individuais e concretizar projectos cada vez em ajustes directos, derrapagens de obras públicas e demais contratos
mais ambiciosos. Para o bem e para o mal, elas têm-nos dado de tudo. milionários da Administração central e local, é voz corrente que só 20/%
Dos pesadelos de Hiroxima e Nagasaki às radiosas incursões no futuro chegam a dar entrada nos cofres do partido “patrocinador”, perdendo-
que a revolução tecnológica/científica e a exploração do espaço nos -se em contas offshore o rasto dos restantes 80%.. Um dos muitos
oferecem todos os dias. exemplos gritantes entre nós, foi o contrato assinado por um Instituto
Dos clãs primitivos aos estados modernos; das oficinas medievais público em 21/04/2010, no valor de €20.191.227,00, para “aquisição
às transnacionais do presente; das crenças primitivas às seitas e reli- de tinteiros e tonners”!
giões actuais; dos exércitos irregulares aos modernos complexos A corrupção generalizada e a gigantesca desproporção das forças
industriais/militares… as organizações humanas com efeito, não para- em presença concorre, naturalmente, para este panorama pessimista
ram de evoluir. Tanto na estratégia como no modus operandi. Detentor onde não se vislumbra qualquer luz ao fundo do túnel. O monopólio da
de capitais ilimitados por via do monopólio do fabrico do dinheiro e do comunicação social e a prática sistemática da censura são armas po-
esquema da Dívida, não foi portanto difícil ao sistema financeiro impe- derosas para divulgar apenas conteúdos falsos, parciais ou estu-
rial dominar as demais organizações – incluindo Estados soberanos pidificantes. A denúncia e debate dos factos e acontecimentos reais
– e impor o modelo de desumanização e empobrecimento em curso no relevantes é quase sempre excluída dos horários nobres e relegada para
BOLETIM DA ASSOCIAÇÃO DOS PUPILOS DO EXÉRCITO 9