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seu falecimento (526) e é facilmente conquistado pelos Bizantinos, que
dominam a Itália. O último dos reis Godos é expulso de Itália pelas
forças do Império Bizantino na batalha do Monte Vesúvio em 552.
Entre os povos bárbaros chegados à Europa, deve salientar-se o
caso dos Francos, que se instalaram em parte da Gália, cujo rei Clodo-
veu I (ou Clóvis) (n. 465-m. c. 511) fundou a dinastia Merovíngia que
teve duração até 751. Aquele rei recebeu do imperador do Oriente o
título de Patrício, protegeu o Cristianismo e recebeu o baptismo das
mãos de S. Remígio.
Por sua vez, os Lombardos, povos germânicos fixados entre o
Baixo Danúbio e o Elba, no século VI, atravessaram os Alpes e pene-
traram na Itália do Norte, onde ainda hoje a região da Lombardia lembra
o seu nome.
Comandados pelo rei Albuíno, conquistaram a região do rio Pó
(568-572), enquanto alguns dos seus chefes chegavam à Itália Central
e Meridional, onde fundavam ducados, que os Bizantinos, senhores do
exarcado de Ravena, impediram de se unir com os restos do reino a
norte. De princípio, arianos, os Lombardos, converteram-se ao cristia-
nismo romano, quando a sua rainha Teolinda, esposa do rei Agilulfo
recebeu o baptismo.
Porém, a ambição dos Reis lombardos, levou-os a atacar Roma. O
Papa pede o auxílio de Pepino, o Breve, rei dos Francos, que, após duas
expedições vitoriosas, põe termo ao seu avanço (Tratado de Pavia, 756).
A repetição dos seus ataques irá provocar a intervenção de Carlos
Magno, que os derrota (774) e alarga as doações territoriais anterior-
mente feitas por Pepino à Santa Sé. Assim nascem os Estados Pontifí-
cios.
No âmbito religioso deve, também, salientar-se a obra do patriarca
do monaquismo ocidental e fundador da Ordem Beneditina, que foi
S. Bento (Núrcia, c. 480-Montecassino, c. 547). Fundou uma comuni-
dade de ascetas e passados três anos fez-se anacoreta em Subiaco.
Mais tarde juntaram-se-lhe outros monges e com eles formou uma
comunidade distribuída por doze pequenos mosteiros.
Em 529 transferiu-se com os seus monges para o mosteiro de
Montecassino. Aqui escreveu a sua notável Regra e atraiu muitos dis-
cípulos e simples fiéis com a sua santidade, sabedoria e os seus mila-
gres. A acção dos monges beneditinos na génese da civilização europeia
foi tão importante que o papa Paulo VI o proclamou Patrono da Europa,
pelo breve Pacis Nuncius de 24 de Outubro de 1964.
Entretanto, os restos da dominação romana centrada outrora em
Aquileia, com a sua incipiente indústria do vidro, armaria e cerâmica,
com artesanato especializado, transplantava-se para a laguna veneziana.
bibLioGRaFia
Pierre Grimal, A Civilização Romana, Lisboa, Edições 70, 1988.
Ferdinand Lot, O fim do mundo antigo e o princípio da Idade Média, Lisboa,
Edições 70, 1985.
Santo Agostinho, O Livre Arbítrio, 2.ª ed., Trad. Do latim com introd. e notas
por António Soares Pinheiro, Braga, Faculdade de Filosofia, 1990.
Maria Cândida Pacheco, “Patrística” in Enciclopédia Luso-Brasileira de Filoso-
fia “ Logos”, vol. 3, Lisboa, S. Paulo, Editorial Verbo, 1991, cols. 1364-1370;
Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, Lisboa, Editorial Verbo, ver os
seguintes art. : “Arianismo” (vol.2), “João Cassiano” (v.4), “Concílio” (v.5),
os
“Constantino I” (v. 5), “Constantinopla” (v. 5), “Lombardos” (v.12), “ Ma-
niqueísmo” ( v. 12 ), “Niceia” (v. 14), “Odoacro”(v.14), “ Ostrogodos” (v.
14), “Ravena” (v.15), “Teodósio I” (v. 17); Grande Enciclopédia Portuguesa
e Brasileira, Lisboa, Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia, ver o seguinte
art.º: “Hunos” (vol.13)
BOLETIM DA ASSOCIAÇÃO DOS PUPILOS DO EXÉRCITO 13