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EvOCAÇõES
CONTINUAÇÃO
sincera das pessoas, acto de fé no qual parti-
cipava e sentia a envolvente. Se inicialmente
tinha um pensamento de “frete”, tal se desva-
neceu perante a religiosidade das pessoas e
foi de tal força que, quilómetros tivesse que
fazer, eu os faria.
Com outro Pilão, acompanhava o açafate
com flores, oferta do Instituto. Aprendi que o
acervo de cultura e tradição das festividades
de Nossa Senhora da Saúde, incorpora figuras
de Estado, o fado, que é cantado nas ruas ao
longo dos momentos da Procissão, as Forças
Armadas e Policiais.
Em ano corrido de 1961, entre milhares
de pessoas que apelavam à Virgem, vi lágrimas
de angustia, de mães e esposas, porque os
seus filhos, os seus maridos, já estavam
“rapidamente e em força” em Angola. Tinha
começado a guerra nas “nossas” Áfricas!
Naquele local, naquela data, com os tais
verdes anos compreendi que em breve, a
minha mãe, também iria chorar…
Alfacinha ou mouro de gema (como quei-
ram), ainda hoje, quando os meus caminhos se
“Cristo, está nomeado para domingo, representar o Instituto na cruzam no Martin Moniz, espreito aquela Capela e, com um sorriso, olho
Procissão da Senhora da Saúde”. para a Imagem de Nossa Senhora da Saúde, no mínimo interiormente
Eu… gaita!... outro amigo. Que mais me irá acontecer. digo “olá”. Nunca reparei se também Ela sorria… eu sinto que sim!
Assim aconteceu a minha ligação à secular e venerada Nossa Nossas lembranças de ontem durarão uma vida inteira. Guarde as
Senhora da Saúde. Naquelas ruas, vi e senti a entrega e a devoção melhores, esqueça as outras… se puder.
8 BOLETIM DA ASSOCIAÇÃO DOS PUPILOS DO EXÉRCITO