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Ilustração n.º 23 – O “Certificado de identidade e de viagem” emitido pela
então Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE), com que Hen-
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rique de Paiva Couceiro saiu de Portugal para o seu último exílio em
Ilustração n.º 21 – Extracto da carta de Henrique de Paiva Couceiro a Espanha. Tinha 76 anos. Foi tratado por Salazar como um qualquer cri-
António de Oliveira Salazar, em 31 de Outubro de 1937. minoso.
porque traiu!”. Júlio Costa Pinto chegaria a ser, posterior- entre outros, António Granjo (então presidente do Minis-
mente, secretário pessoal e aio da Rainha Dona Amélia, tério), Machado Santos (o herói da Rotunda no 5 de Ou-
no exílio, tendo exercido com elevadíssimo brilhantismo tubro de 1910) e José Carlos da Maia (outro histórico da
e inefável dedicação essas funções. 7 Proclamação da República Portuguesa), o comandante
No Porto, o período em que a Monarquia foi restaurada Freitas da Silva (secretário do Ministro da Marinha) e o
terminaria apenas no dia 13 de Fevereiro. Após combates coronel Botelho de Vasconcelos (antigo apoiante de Sidónio
em todo o litoral centro, a guerra civil terminou com a Pais). As revoluções devoram sempre os seus heróis.
entrada das forças republicanas no Porto. Após o colapso da Monárquico convicto até ao fim, Henrique de Paiva
Monarquia do Norte, voltou a dominar a situação política Couceiro foi também anti-salazarista. Esquecida a sua
portuguesa o partido do vale tudo, nomeadamente o Parti- imensa folha de serviços prestados à Pátria, foi perseguido
do Democrático de Afonso Costa. Retornou-se à “Repúbli- pelo Estado Novo. Ousou mesmo afrontar Salazar, discor-
ca Velha” e à atrofiante agonia social que apenas teria fim dando da política ultramarina do Presidente do Conselho
no dia 28 de Maio de 1926, com o pronunciamento militar e do Estado Novo. Sem surpresa, Salazar mandou-o ex-
de cariz nacionalista que pôs termo à Primeira República.
Para trás, ficava essa “República Velha” e ficava também o
interregno da “República Nova” de Sidónio Pais (assassinado
em 14 de Dezembro de 1918). Ficava ainda o acontecimen-
to inaudito da Monarquia do Norte, onde, por poucos dias,
Portugal foi, ao mesmo tempo, Monarquia no Norte e Re-
pública no Sul. E ficava, entre muitos outros episódios,
aquilo que foi a vergonhosa Noite Sangrenta (em 19 de
Outubro de 1921), onde foram brutalmente assassinados,
Ilustrações n.º 24, 25 e 26 – Paiva Cou-
ceiro, um herói português; Na sua casa
de Oeiras, com o neto Manuel Calainho
de Azevedo e o seu cão favorito, o “Sul-
tão”; E a sua última fotografia.
Ilustração n.º 22 – Henrique de Paiva Couceiro, a caminho do exílio, por
ter criticado a política colonial do regime salazarista.
Boletim da associação dos PuPilos do exército 49