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evocações
HUmBerTo LoLA DoS reiS
19410159
Tradição na marinha
parando-se para o evento e levando toda a roupagem e
demais artigos utilizados nessas “cerimónias”.
A foto nº 1 mostra a “dignidade” de NEPTUNO, o Reis
dos Mares, que preside. Neste julgamento, talvez por ser
uma viagem muito longa, cerca de 6 meses (fomos até
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Timor), o pessoal esmerou-se bastante e todos os figuran-
tes estão mascarados valorizando, assim, o julgamento, que
englobou todos os guardas-marinha.
1 A foto nº 2 mostra os advogados de defesa e de acu-
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sação, que estudaram antecipadamente o que vão dizer a
cada um dos acusados. As fotos n 3 e 4 apresentam as
os
acólitos do Rei dos Mares e a nº 5 o padre para absolver
as “almas condenadas”.
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5 Na nº 6 já está tudo preparado para o início do julga-
mento, mostrando a nº 7 o de um g.m. e a nº 8 o julgamen-
to do próprio Comandante, que já está a ouvir a “sentença”
que lhe foi aplicada. Por acaso, neste julgamento, não há
nenhuma foto que mostre a apresentação do castigo.
6 Na viagem do N.R.P. “Gonçalves Zarco”, o julgamento
já não é tão elaborado como o anterior. É que, nestes casos,
há sempre um “carola” que prepara tudo e talvez neste caso
ele não fosse tão interessado como no anterior ou não tives-
se possibilidade de arranjar melhores vestimentas. Nas fotos
“A e B” vê-se o Imediato do navio a ser julgado. Na “C”, o
advogado deacusação, que é um dos oficiais da guarnição e
nas fotos “D e “E” a aplicação do castigo ao Imediato.
Todas estas recordações me deixam umas saudades
enormes das viagens que fiz! Talvez um dia tente contar-
-vos o que se sente num navio isolado no centro de um
oceano. Libertação do mundo!
Especialmente se o mar estiver
calmo, claro!
A
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xiste, ou melhor, existia quando eu estava no serviço
Eactivo, sinceramente que agora não sei, uma tradição
que era a de “julgar” um oficial quando atravessava o Equa-
dor pela primeira vez. Essa tradição era aceite por todos e C
ninguém lhe fugia, nem que fosse o comandante do navio. d
Nas fotografias que vos vou apresentar, as numeradas são da
minha viagem de guardas-marinha e as referenciadas com
letras, são de uma viagem ao Brasil, no Gonçalves Zarco,
também de g.m., mas na qual eu era já oficial de guarnição.
O julgamento é bastante divertido e com uma certa
“pompa”, pois a guarnição habitualmente informa-se da
situação dos oficiais antes do navio largar de Lisboa, pre- B
Boletim da associação dos PuPilos do exército 9