Page 43 - Boletim APE_219
P. 43
1911 - Querer é Poder - 2011
m. A. boRgeS CoRReiA
1947.0332
“A república, O Instituto, As tutelas & Os tutelados …( I )”
o ano e período institucional das celebrações do 1º Cente- proprietários, rendeiros ou de jornaleiros, bem como e ainda, da
nário do “Pilão”, não poderia deixar passar esta oportuni- conformidade dos diferentes escalões. Havia um número limitado
Ndade, sem “respigar” e dar conta, do que já outros disseram, de grandes proprietários, sendo a grande maioria da população
fazendo alusão (escrever, sem qualquer pretensão) a algo que terá rural constituída por pequenos proprietários e pequenos rendeiros,
sido determinante na sua fundação (criação) e a que nossa Casa que trabalhavam terras próprias ou de outrem mediante contrato
Mãe está ligada – ao espírito e à luta do Cidadão anónimo - na de arrendamento ou aforamento. Os jornaleiros sem terras e assa-
implantação da República. lariados eram o grupo mais numeroso, e que em piores condições
Procurarei, nos vários textos, que integrarão o nosso Boletim, no vivia.
período em causa – Out2010 - Dez2011 – fazer salientar factos, A estrutura da propriedade em Portugal foi também um dos
fazeres individuais, publicações e normativos jurídicos que concor- condicionalismos ao desenvolvimento da agricultura. Aquando da
reram para a criação de novos desideratos formais e ou utópicos, desafectação dos baldios e dos bens do clero e da extinção dos vín-
consolidadores que foram do “Instituto Profissional dos Pupi- culos familiares, proporcionaram um maior acesso à propriedade;
los dos Exércitos de Terra e Mar” e do “carácter” dos seus contudo, ela não se distribuiu pelos vários estratos sociais rurais,
1
educandos. mas concentrou-se sim e, sobretudo, nas mãos de novos senho-
Como estruturação, quanto aos “rebuscos” atinentes que pre- res (terratenentes), nomeadamente a nova nobreza e a grande
tendo corporalizar, quer históricos, sociais e comportamentais dos burguesia.
vários interveniente / actores, no que concerne à realidade política
das épocas, das implicações corporativas e, ou de grupos, bem
como das idiossincrasias próprias na “diáspora pilónica”, e ainda
considerando o seu faseamento analítico e expositivo em que
nos empenhámos (muito sucintamente), leva-me a subdividir os
“acontecimentos” referenciados em cinco períodos temporais:
I - “25 Anos para a República” (-1910);
II - “A República - Fundação e Consolidação do Instituto,
Carácter & Mística” (1911-1926 …1936);
III - O Estado Novo – Reorganização do Instituto - (1937-
1961);
IV - A Guerra Colonial - A Democracia e o “Novo Instituto”
- (1962-1986)
V - O Instituto e a APE- Visão do futuro (1987-2011).
Em cada um destes itens, para além da sua caracterização polí-
tico-social (muito superficial das épocas), procuraremos separada-
mente reflectir e dar relevo:
1. Prováveis “efeitos imediatos” das mudanças de regime
sobre o Instituto; D. Manuel II no Parlamento (1908)
2. Alterações “curriculares” e do “universo escolar” no Ins-
tituto; A maioria da população, concentrava-se no Norte litoral e no
3. As “reestruturações” da Escola e das acções da “Diáspo- Centro. A propriedade estava dividida em parcelas muito peque-
ra Pilónica”. nas, que mal garantiam a subsistência da família, enquanto no Sul
Nota: As fontes a que recorreremos estarão expressas no final de (Alentejo e Ribatejo), onde a população era mais escassa, predo-
cada um dos tópicos abordados. minava a grande propriedade subaproveitada.
O sobrepovoamento do Norte (Além Douro) a partir da década
I - 25 Anos... para a República ( … 1910). de 80, conduziu às migrações sazonais para o Sul do País e, os
pequenos proprietários arruinados e os desempregados jornaleiros
As lutas Liberais… já tinham passado…. , O Republicanis- procuraram uma resposta na emigração. O Brasil…era o “Eldora-
2 3
mo e o Socialismo em Portugal, acabavam de chegar… , do”.
4 5
A burguesia capitalista preferia, no entanto, aplicar o seu dinhei-
Esta nova ideologia - ao mesmo tempo - republicana e socialis- ro em grandes negócios, na agiotagem e na compra de imóveis
ta, inspirava-se nas teorias do socialismo utópico e gozava da sim- (terras) a investi-lo na indústria e na agricultura, condicionando as-
patia da pequena burguesia e do proletariado urbanos, sobretudo sim, com tal procedimento, o desenvolvimento do País e, nos faz
de Lisboa e Porto. Procurava a descentralização administrativa com assim, compreender a razão porque sectores essenciais da econo-
base na organização do município, a criação de associações com mia portuguesa estavam nas mãos de estrangeiros.
vista à implantação do cooperativismo e da federação dos povos O poder económico desta burguesia abriu-lhe as portas do po-
peninsulares previamente convertidos em Repúblicas assentes na der político, ganhando, numa primeira fase, prestígio social, para
descentralização municipal: Republicanismo, municipalismo, fede- de seguida, adquirirem títulos nobiliárquicos e fazendo alianças
ralismo e associativismo eram as ideias-força desta nova ideologia. matrimoniais com a nobreza tradicional arruinada. Posteriormente,
A população portuguesa nos finais do século XIX, na sua gran- adquirindo consciência do seu valor e lugar na sociedade e, em vez
de maioria (cerca de 80%), vivia nos meios rurais e a população de títulos de nobreza, preferiram o acesso à Câmara dos Pares (ac-
activa (60% a 70%) ocupava-se na agricultura, situação que se foi tuação na politica), a um lugar de conselheiro ou a um dos graus
modificando muito lentamente. das ordens honoríficas.
A sua estratificação social era reflectida pela sua situação de O comum dos cidadãos sentia-se defraudado com a organiza-
Boletim da Associação dos Pupilos do Exército | 43
42
42 | Boletim da Associação dos Pupilos do Exército Boletim da Associação dos Pupilos do Exército | 43
Pupilos
dos
Exército
do
Boletim
|
Associação
da