Page 45 - Boletim APE_218
P. 45
Cultura & QUERER é PODER... COM SAúDE
Actualidade
Desde cedo, a comunidade científica tem tentado descodificar os mistérios da colu-
na e da lombalgia (dor na região lombar), que leva milhares de pessoas a recorre-
rem a analgésicos, fisioterapia, psiquiatria e, em desespero, à cirurgia. Apesar da
evolução tecnológica, esta continua a ser a principal causa de baixas laborais em
Ntodo o mundo, e de reformas por invalidez, sendo a segunda doença mais frequen-
te no ser humano, imediatamente a seguir às constipações. De facto, 80% das pessoas sofrerá de
lombalgia em alguma altura da sua vida, pelo que julgo que se torna
Sofia W. Pontares pertinente abordar este tema tão actual.
COLUNA VERTEBRAL
A coluna é uma obra de engenharia de excepção, considerada como
um órgão estático, cinético e protector, sendo constituída por cinco regiões: cervical, dor-
sal, lombar, sagrada e cóccix. Consistindo nas cinco últimas vértebras móveis (L1 a L5), a
coluna lombar liga as porções superior e inferior do corpo. Assim, a força e flexibilidade
desta zona da coluna vertebral permite-nos dobrar, virar, erguer, correr, caminhar, e levan-
tar pesos, sustentando também a maior parte do peso do corpo, sujeita a grande tensão
quando realizamos as actividades diárias normais.
LOMBALGIA
O primeiro registo de algia (dor) vertebral na história ocorreu num trabalhador que construía uma pirâmide
em Sakara, no antigo Egipto, em 2748 a.C.. Desde então, as algias vertebrais e os problemas de coluna ocorrem com
grande frequência em todo o mundo, apresentando actualmente um perfil de distribuição verdadeiramente epidé-
mico, embora permaneça algum mistério quanto à sua etiologia. Desta forma, lombalgia é o termo usado para de-
signar o aparecimento de dor na região lombar da coluna vertebral.
ETIOLOGIA / CAUSAS
A lombalgia pode ser de causa diversa: traumática, inflamatória, infecciosa, degenerativa, tumoral, metabólica,
por perturbações do desenvolvimento, para além das relacionadas com a patologia discal. Podem também ser pos-
teriores a intervenções à coluna e de causa discal. Porém, em 85% dos casos, a dor lombar parece resultar de efeitos
mecânicos (como esforços repetitivos) e posturais na coluna.
Para este problema diversos factores contribuem negativamente, pelo que a lombalgia pode ser influenciada
pela idade, predisposição genética, excesso de peso, má qualidade do sono, fadiga, condicionamento físico inade-
quado e factores psicossociais. Outros factores de risco incluem ainda: tabagismo, alcoolismo, stress psicológico,
fraqueza muscular a nível dos músculos que suportam a coluna vertebral, esforços repetitivos, condução (supe-
rior a 2h, sem parar), insatisfação laboral, problemas pessoais, depressão, etc. A adopção de posturas incorrectas e
o levantamento de pesos excessivos de forma inadequada, poderão igualmente influenciar o desenvolvimento des-
ta situação clínica.
PREVALÊNCIA
Apesar da evolução tecnológica, as lombalgias continuam a ser a principal causa de baixas laborais em todo o
mundo e de reformas por invalidez. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, esta é a segunda doença mais
frequente no ser humano, imediatamente a seguir às constipações.
Também a nível nacional, um estudo foi publicado (Ponte, C.; 2005), no qual se concluiu que a lombalgia é, de
facto, um problema prevalente entre os adultos portugueses, sendo bastante valorizado pelos mesmos. Como re-
sultados deste estudo, concluiu-se que a prevalência da lombalgia aumenta com a idade, sendo que as mulheres
apresentam uma prevalência mais elevada do que os homens.
Curiosamente, foi encontrada associação entre o estado civil e a
dor lombar, apresentando os indivíduos viúvos e divorciados uma
prevalência superior, talvez pelo facto de viverem sozinhos, ou devi-
do a outros factores psico-sociais. Por outro lado, analisando-se a
prevalência consoante a escolaridade, conclui-se que a dor aumenta,
à medida que a escolaridade diminui. Pensa-se que este resultado
poderá significar que os indivíduos com maior nível de instrução,
são mais capazes de prevenir a lombalgia, e de lidar com a mesma.
A prevenção é fundamental! Envie-me um mail para sofiawpontares@gmail.com e
enviar-lhe-ei uma brochura (“De costas voltadas para a dor”) com exercícios especí-
ficos para a prevenção da dor lombar.
44 | Associação dos Pupilos do Exército
Revista Pupilos 218.indd 44 10/11/08 14:19:02