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Cultura &            QUERER é PODER... COM SAúDE
               Actualidade




                                         Desde cedo, a comunidade científica tem tentado descodificar os mistérios da colu-
                                         na e da lombalgia (dor na região lombar), que leva milhares de pessoas a recorre-
                                         rem a analgésicos, fisioterapia, psiquiatria e, em desespero, à cirurgia. Apesar da
                                         evolução tecnológica, esta continua a ser a principal causa de baixas laborais em
                               Ntodo o mundo, e de reformas por invalidez, sendo a segunda doença mais frequen-
                            te no ser humano, imediatamente a seguir às constipações. De facto, 80% das pessoas sofrerá de
                            lombalgia em alguma altura da sua vida, pelo que julgo que se torna
          Sofia W. Pontares  pertinente abordar este tema tão actual.
                               COLUNA VERTEBRAL
                               A coluna é uma obra de engenharia de excepção, considerada como
           um órgão estático, cinético e protector, sendo  constituída por cinco regiões: cervical, dor-
           sal, lombar, sagrada e cóccix. Consistindo nas cinco últimas vértebras móveis (L1 a L5), a
           coluna lombar liga as porções superior e inferior do corpo. Assim, a força e flexibilidade
           desta zona da coluna vertebral permite-nos dobrar, virar, erguer, correr, caminhar, e levan-
           tar pesos, sustentando também a maior parte do peso do corpo, sujeita a grande tensão
           quando realizamos as actividades diárias normais.
              LOMBALGIA
              O primeiro registo de algia (dor) vertebral na história ocorreu num trabalhador que construía uma pirâmide
           em Sakara, no antigo Egipto, em 2748 a.C.. Desde então, as algias vertebrais e os problemas de coluna ocorrem com
           grande frequência em todo o mundo, apresentando actualmente um perfil de distribuição verdadeiramente epidé-
           mico, embora permaneça algum mistério quanto à sua etiologia. Desta forma, lombalgia é o termo usado para de-
           signar o aparecimento de dor na região lombar da coluna vertebral.

              ETIOLOGIA / CAUSAS
              A lombalgia pode ser de causa diversa: traumática, inflamatória, infecciosa, degenerativa, tumoral, metabólica,
           por perturbações do desenvolvimento, para além das relacionadas com a patologia discal. Podem também ser pos-
           teriores a intervenções à coluna e de causa discal. Porém, em 85% dos casos, a dor lombar parece resultar de efeitos
           mecânicos (como esforços repetitivos) e posturais na coluna.
              Para este problema diversos factores contribuem negativamente, pelo que a lombalgia pode ser influenciada
           pela idade, predisposição genética, excesso de peso, má qualidade do sono, fadiga, condicionamento físico inade-
           quado e factores psicossociais. Outros factores de risco incluem ainda: tabagismo, alcoolismo, stress psicológico,
           fraqueza muscular a nível dos músculos que suportam a coluna vertebral, esforços repetitivos, condução (supe-
           rior a 2h, sem parar), insatisfação laboral, problemas pessoais, depressão, etc. A adopção de posturas incorrectas e
           o levantamento de pesos excessivos de forma inadequada, poderão igualmente influenciar o desenvolvimento des-
           ta situação clínica.

              PREVALÊNCIA
              Apesar da evolução tecnológica, as lombalgias continuam a ser a principal causa de baixas laborais em todo o
           mundo e de reformas por invalidez. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, esta é a segunda doença mais
           frequente no ser humano, imediatamente a seguir às constipações.
              Também a nível nacional, um estudo foi publicado (Ponte, C.; 2005), no qual se concluiu que a lombalgia é, de
           facto, um problema prevalente entre os adultos portugueses, sendo bastante valorizado pelos mesmos. Como re-
           sultados deste estudo, concluiu-se que a prevalência da lombalgia aumenta com a idade, sendo que as mulheres
           apresentam uma prevalência mais elevada do que os homens.
              Curiosamente, foi encontrada associação entre o estado civil e a
           dor lombar, apresentando os indivíduos viúvos e divorciados uma
           prevalência superior, talvez pelo facto de viverem sozinhos, ou devi-
           do a outros factores psico-sociais. Por outro lado, analisando-se a
           prevalência consoante a escolaridade, conclui-se que a dor aumenta,
           à medida que a escolaridade diminui. Pensa-se que este resultado
           poderá significar que os indivíduos com maior nível de instrução,
           são mais capazes de prevenir a lombalgia, e de lidar com a mesma.

                                A prevenção é fundamental! Envie-me um mail para sofiawpontares@gmail.com e
                                enviar-lhe-ei uma brochura (“De costas voltadas para a dor”) com exercícios especí-
                                ficos para a prevenção da dor lombar.



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