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Escritas




                                                                    Suave e refrescante;
                                                                    Como o ar que se respira
                                                                    Nos lautos sorvos duma canção,
                                                                    E nos desejos
                                                                    Criados na fantasia,
                                                                    Que se formam dia a dia
                                                                    E se transformam em beijos
                                                                    De emoção.


           António Barroso                                          Silêncio,
                  (19460120)                                        Que já se ouve o coaxar da rã
                                                                    Chamando uma companheira
                                                                    Para o charco da ribeira,
                                                                    Na noite que acaba na aurora
                                                                    De cada manhã,
                            Silêncio                                E se pergunta quantas pancadas,
                                                                    Compassadas,
                                                                    Bate um coração em cada hora.
           Silêncio,
           É no silêncio das noites calmas                          Silêncio,
           Que se ouvem os pensamentos;                             Para que a imagem passada,
           É quando os segredos                                     Que, agora, é tudo,
           Da alma                                                  Possa surgir do nada
           Correm, sem medo                                         E sejam um presente
           Dos sentimentos.                                         De imagens repetidas
                                                                    Dum filme mudo,
           Silêncio,                                                Num caleidoscópio reluzente
           Que não se ouça a cadência                               De ilusões perdidas.
           Dos passos
           Dos corações irmanados                                   Silêncio,
           De amor e de inocência,                                  De palavras e de lamentos,
           E que vão trocando abraços                               De promessas, de sentimentos,
           Nos crepúsculos dourados.                                De segredos escondidos
                                                                    No cofre das emoções,
           Silêncio,                                                E, há tanto tempo, colhidos
           Para ouvir a doce melodia                                Em secretas confissões.
           Do rouxinol,
           Ou da cotovia,                                           Silêncio,
           Quando o dia agradece ao sol;                            Que este angustioso pedir
           Para que a montanha, distante,                           Só tem por motivo,
           Não reproduza os cantares                                Ou causa,
           E mande ecos, pelos ares,                                Fazer uma pequena pausa.
           A cada instante.

                                                                    Silêncio,
           Silêncio,                                                Muito silêncio,
           Como a mudez da brisa                                    Que eu preciso...
           Que desliza,                                             ... De me ouvir.



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