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cuLTuRA E cONhEcImENTO






                                Cavalleria Rusticana


                   Estreia em Roma, no teatro “Constanzi”
                                                         em Maio de 1890

                                                                                                   RUI CABRAL TELO
                                                                                                       19480265




                oje vou falar um pouco sobre uma das muitas ópe-  da cavalaria, ou seja, abnegado, corajoso, educado e aten-
           Hras de Pietro Mascagni, mas a única que teve êxito   cioso para com as damas. Assim, a ópera em português
           e  é  mais  conhecida,  no  entanto,  há  outra  que  também   deve  dizer-se “Cavalheria  Rusticana”,  de  cavalheirismo
           continua no repertório actual mas não tão ouvida (L’Amico   rústico.
           Fritz).
              Mascagni foi um compositor que viveu na 2ª metade
           do século XIX até à 2ª metade do século XX (1863/1945).
           Foi  considerado  um  percursor  do  chamado  “verismo”,
           óperas que seguiram obras literárias consideradas realistas.
           Este compositor foi um admirador incondicional do “Duce”,
           Benito Mussolini, em honra do qual compôs uma ópera
           chamada “Nerone”.
              A “Cavalleria Rusticana” é uma ópera de apenas um
           acto em duas partes, separadas apenas por um “Intermezzo”,
           mas apresentada normalmente sem interrupção pois dura
           apenas 1 hora e um quarto. Esta ópera teve um enorme
           êxito ao qual o autor foi alheio, pois foi a sua mulher que
           a inscreveu numa espécie de concurso sem que o marido
           soubesse.







                                                                 A cena passa-se numa aldeia siciliana e trata de amor,
                                                              traição,  ódio  e  honra,  ingredientes  bastantes  para  uma
                                                              verdadeira  tragédia.  Um  rapaz  (Turridu)  ao  voltar  do
                                                              serviço  militar,  descobre  que  a  sua  noiva  (Lola)  casou
                                                              com  outro.  Uma  outra  rapariga  (Santuzza)  é  por  ele
                                                              seduzida e engravida. A antiga noiva continua enamora-
                                                              da e tenta reconquistar Turridu. Santuzza levada pelos
                                                              ciúmes  informa  o  marido  de  Lola  (Alfio),  da  traição
                                                              de sua mulher. O Duelo é inevitável e a tragédia consu-
                                                              ma-se…
                                                                 O “Intermezzo”, já referido, é dos adágios mais belos
                                                              que ouço com bastante regularidade. Se tiverem oportu-
                                                              nidade de ver esta ópera, por decerto vão dar o tempo
              Há  também  um  facto  que  aqui  quero  referir  por-
           que  normalmente,  aqui  em  Portugal,  muita  gente  inti-   como bem empregue. Como prémio de consolação, podem
           tula  esta  ópera  de  Cavalaria  Rusticana,  ora  esta  obra     escutar aqui o belo “Intermezzo”, nestas duas interpreta-
           não tem nada a ver com cavalos ou cavaleiros. Lembro   ções:
           que em italiano, “cavallero” tem os dois significados, ca-
           valeiro  e  cavalheiro,  mas  em  português  temos  palavras   http://www.youtube.com/watch?v=Xvdig4N0bpk
           diferentes  apesar  de  uma  derivar  da  outra.  Cavalheiro   http://www.youtube.com/watch?v=B2POntPo9Bg&fe
           derivou  do  cavaleiro,  aquele  que  pugnava  pelos  ideais    ature=related


                                                                             Boletim da Associação dos Pupilos do Exército  |  41
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