Page 48 - Boletim APE_223
P. 48
1911 – querer é poder – 2011
Março constitui-se novo governo de “concertação” domi- Datam de 1920 as primeiras tentativas para a sua
nado pelos Democráticos, mantendo-se Canto e Castro, organização e de 1921, a fundação do partido, sob o im-
como Presidente da República e Domingos Pereira, Che- pulso do movimento sindicalista operário posterior à I
fe do Governo. Grande Guerra e da repercussão internacional da revolu-
São afastados da “função pública e do exército” os ção russa de 1917.
monárquicos e reforçou-se a Guarda Republicana com Ainda em 1921, deu-se início à publicação do jornal
elementos fiéis aos partidos. Mas apesar dum progressivo O Comunista, substituído, dez anos mais tarde, pelo
abandono do Parlamentarismo e do reforço dos poderes “Avante”, que ainda hoje é editado.
do presidente da República, de Março de 1919 a Maio Em Novembro de 1923 ocorre em Lisboa o primeiro
de 1921, houve dez governos, todos, de composição (ori- congresso do PCP, onde José Carlos Rates assumiu a li-
ginária), das diversas facções republicanas e onde domi- derança do partido. No Congresso estiveram para cima
navam os Democráticos de 100 membros, e afirmaram a sua solidariedade com
o socialismo soviético e da necessidade de políticas
vanguardistas em Portugal, alertando também, para o
As acções politicas, reacendiam-se…com novos actores perigo que um regime fascista traria para o Partido e para
o País.
origens e formação – nascimento do Partido Comunista O PCP entrou na clandestinidade após o golpe militar
Português de 1926.Em Abril de 1929, na Conferência Nacional de
Após o fim da Primeira Guerra Mundial (1918), Por- Lisboa, elegem Bento Gonçalves para secretário-geral,
tugal caiu numa grave crise económica. A classe dos desencadeando-se a reorganização do parido, conforme as
trabalhadores respondeu, reagindo ao deteriorar do seu normas do Komintern. Influenciam o Sindicato dos Vi-
nível de vida, com uma onda de greves. Com o apoio da dreiros da Marinha Grande; a Federação dos Trabalhado-
União Operária, cresceram as movimentações reivindica- res Rurais e a Federação Nacional dos Transportes, bem
tivas e, no fogo dessas lutas, a classe operária conquistou, como a Organização Revolucionária da Armada e a Or-
finalmente, a histórica vitória da jornada de 8 horas de ganização Revolucionária do Exército, prosseguindo, no
trabalho. entanto, algumas das suas actividades políticas, tais como
Em Setembro de 1919, o movimento da classe dos a publicação de vários periódicos, a ligação a movimentos
trabalhadores fundou a Confederação Geral do Traba- sindicalistas, a colaboração com grupos de combate à
lho, ou CGT. Contudo, a falta de poder político devido, ditadura, a agitação estudantil e a contestação à guerra
por sua vez, à não existência de uma estratégia política colonial (1961-74).
coerente entre os trabalhadores, levou à fundação da
Federação Maximalista Portuguesa (FMP) em 1919. O
seu principal objectivo era promover ideias revolucioná- As origens e os conceitos evolutivos, dos fundamentos da
rias e socialistas, e organizar e desenvolver um movimen- desigualdade, entre os Homens… citações. (I)
to dos trabalhadores. Após algum tempo os membros da
FMP sentiram a necessidade de criar uma vanguarda re- «Todos os Homens têm direito a tudo»
volucionária entre os trabalhadores Portugueses. Depois (Thomas Hobbes – 1588.1679)
de várias reuniões em várias sedes dos sindicatos, e com
a ajuda da Komintern, foi fundado o Partido Comunista «Os selvagens não são maus, precisamente porque
Português, ou PCP, como a secção Portuguesa da Inter- ignoram o que é ser bom»
nacional Comunista (Komintern.), no dia 6 de Março de (Jean-Jacques Rousseau – 1712.1778)
1921.
De forma diversa ao ocorrido na generalidade dos «As crianças do futuro devem ter um
países europeus, o Partido Comunista Português não se espírito aberto. Temos que as ensinar a pensar,
formou a partir de uma cisão no Partido Socialista, mas não temos de lhes transmitir os conteúdos
ergueu-se, essencialmente, com militantes saídos das fi- do pensamento»
leiras do sindicalismo revolucionário e do anarco-sindica- (Margaret Mead – 1901.1978)
lismo, que representavam o que havia de mais vivo,
combativo e revolucionário no movimento operário por-
tuguês. QUERER É PODER
46 Boletim da associação dos PuPilos do exército