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1911 – querer é poder – 2011  1911 – querer é poder – 2011

                               pupilos  do  exército  –  100  aNos  de  eNsiNo  e  cidadaNia




           -social.  Pretende  também,  e  sobretudo,  em  termos  de   sores de todos os ramos de ensino, estudantes, oficiais e
           melhoria  intelectual,  do  afinamento  das  faculdades  de   sargentos das forças armadas, funcionários públicos, pro-
           pensar e de enriquecimento adquiridos – “A Maçonaria é   prietários, lavradores, administradores de concelho, actores,
           livre-pensador”-  em  acordo  com  as  “Constituições  de   lojistas,  comerciantes,  polícias,  operários,  etc..  Havia  de
           Anderson, de 1723”, que dizia – “o Maçon que se enten-  tudo, de Norte a Sul do País. No Algarve, os núcleos mais
           desse  bem,  nunca  será  um  ateu  estúpido  ou  um  libertino   importantes encontravam-se em Silves, Faro e Olhão. O
           irreligioso”. Assume-se, protagonizando e defendendo os   seu rosto visível – embora o não fosse aos olhos de profa-
           princípios  da  FRATERNIDADE,  DEMOCRACIA  E       nos – eram os centros republicanos.
           IGUALDADE.                                            A Loja maçónica Montanha, fundada por “Bons Primos”,
              A Maçonaria nacional recrutava-se, sobretudo, entre   foi o veículo da Carbonária dentro da Maçonaria
           a oficialidade do exército e da marinha, o professorado,   Muita gente confunde Maçonaria com Carbonária, ou
           o comércio e a indústria, a burocracia civil e eclesiástica.   pelo  menos,  associa  uma  destas  sociedades  à  outra.  No
           Em menor percentagem existiam irmãos clérigos e aris-  entanto esta associação não se aparenta assim tão linear e
           tocratas terratenentes. Era, em suma, a burguesia esclare-  muito menos a Carbonária funcionou como o braço ar-
           cida  quem  sobretudo  preenchia  os  lugares  das  oficinas   mado  da  Maçonaria  como  se  tem  escrito  e  falado.
           maçónicas.                                         Embora, não fossem carbonários todos os maçons, a Car-
              Nota:  Em  1802,  Hipólito  José  da  Costa  negociou  e   bonária  foram  muitas  vezes  uma  associação  paralela  da
           obteve em Londres o reconhecimento do Grande Oriente   Maçonaria.
           Lusitano                                              A sua extinção surgirá na sequência das divisões veri-
                                                              ficadas no interior do Partido Republicano Português e do
           A Carbonária                                       triunfo da revolução do 28 de Maio de 1926 que pôs fim
              Introduzida em Portugal entre 1822 e 1823, manifestou   à 1ª República.
           a sua dinâmica social e politica aquando do Ultimato inglês
           em 1890 e de sobremaneira, quando do desaire da revol-  o Integralismo Lusitano
           ta  republicana  de  1891  e  posteriormente  em  1908,  no   Um grupo de jovens intelectuais, muitos deles monár-
           Porto, foi abortada outra revolta.                 quicos, formou em Coimbra (1914), um movimento de
              O início da sua actividade em Portugal, prende-se, sem   ideologia política, que se opunha ao liberalismo e à demo-
           dúvida,  com  antecedentes  próximos,  com  o  estado  de   cracia, congregando-se em volta da revista Nação Portu-
           governação despótica executada polo marechal britânico   guesa, defendendo a monarquia tradicional. Alguns deles
           Beresford, que colocou a nação a ferro e fogo, durante mais   exilaram-se em França e na Bélgica, onde contactaram com
           de uma década.
                                                              outros movimentos ideológicos.


           Portugal passou a ser governado pela Inglaterra.
           O País passou a colónia brasileira.


              Para parte do povo, vivia-se em estado de orfandade
           – os soberanos, “os paizinhos” estavam longe... – para outra
           enorme fatia da população, a monarquia portuguesa en-
           contrava-se desacreditada.
              A Carbonária funcionava Como uma organização se-
           creta com objectivos políticos e tinha por defesa funda-
           mental,  a  liberdade  pública  e  a  perfeição  humana.  Era
           declaradamente anticlerical e adversária das congregações
           religiosas, o que não significa que os seus membros fossem
           ateus.  Estes  homens,  procediam  maioritariamente  das
           classes baixas, havia no entanto no seu seio, elementos das
           classes média e alta.                               Os participantes nas Conferências da Liga Naval acerca da “Questão
              Todos eles recebiam treino militar e defendiam o re-  Ibérica”, violentamente interrompidas em 16 de Maio de 1915, na
                                                                       sequência do golpe de Estado de Afonso Costa.
           curso às armas.                                     Da esquerda para a direita, em pé: Ruy Ulrich, Hipólito Raposo, Luís
              No seio do grupo, encontravam-se ”Primos” de todas   de Almeida Braga e José Pequito Rebelo. Sentados, da esquerda para a
                                                               direita: António Sardinha, Vasco de Carvalho, Luís de Freitas Branco,
           as classes sociais: médicos, engenheiros, advogados, profes-   Xavier Cordeiro e Alberto Monsaraz.


                                                                                         Boletim da associação dos PuPilos do exército  43
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