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Poesia



            ANTóNio BoAViDA PiNHeiro                               ANTóNio BArroSo
            1946.0033                                              1946.0120



                   Quietude...e a Natureza...                      1º  Prémio  dos  VI  Jogos  Florais  do  Concelho  de
                                                                   Tondela 2010


            Devagar, devagarinho…       Devagar, devagarinho…                   Sou Poema

            Chega o Sol no seu raiar,   Corre a água no ribeiro,
            Seus raios de ouro fininho  Vai rolando de mansinho    Quando sinto que as esperanças surgem, suavemente,
                                                                           como estrelas formando um diadema
            Para a Terra iluminar.      Como se fosse um goteiro.      numa roda que gira, que gira, eternamente,
                                                                                    sou poema...

            Devagar, devagarinho…       Devagar, devagarinho…                        Sou poema
            Passa a brisa no pairar,    Pelo mar a saltitar               repleto de versos de amar e de querer,

            Ficando o ar tão fresquinho  Um cardume de golfinhos,        versos belos, lindos, com rima rebuscada,
            Tão puro p’ra respirar.     Felizes no deu brincar.             sonhos que nascem ao adormecer,
                                                                            completas ilusões que são dilema
                                                                     porque, afinal, sendo tudo, acabam por ser nada.
            Devagar, devagarinho…       Devagar, devagarinho…

            Cai a neve no telhado,      As brandas ondas do mar                      Sou poema
            Vai ficar tudo branquinho   Vão à praia, com carinho       que caminha, sem saber se vai no rumo certo,
                                                                           um poema sem estrada para andar,
            Num ambiente gelado.        A fina areia beijar.             sou um poema que soletra o verbo amar,
                                                                        que olha sempre em frente, coração aberto

            Devagar, devagarinho…       Devagar, devagarinho…      a toda a beleza que o rodeia ou que o olhar alcança,
                                                                          que procura o amor, que não se cansa
            A nuvem branca a passar,    Cai a chuva no pingar,         de seguir, na vida, com a verdade por tema.

            Parece algodão branquinho   Fica tudo molhadinho
            Que anda no céu a voar.     P’ra Natureza brindar.                       Sou poema
                                                                          amigo do amigo sem qualquer reserva,
                                                                       quer viva no alto ramo da árvore imponente,
            Devagar, devagarinho…       Devagar, devagarinho…           quer, rasteiro, habite numa humilde erva,

            Vai a flor desabrochar,     Vai o Sol a declinar,          que se rebela, em vão, ignorado pelo sistema
            Deixa no ar um cheirinho,   E assim deixar o caminho           que o tolhe, o manieta, o desespera,

            Quando a manhã vai chegar.  Para a Lua clarear.              e tem, apenas, como guia, uma quimera.

                                                                                     Sou poema
            Devagar, devagarinho…       Devagar, devagarinho…             rompendo o seu casulo na frágil teia,
            A ave no seu glissar,       Foi-se o Sol, vem o luar,      sem nunca perguntar nem como, nem porquê,
                                                                           poema que, aos poucos, se folheia...
            Vai direitinha p’ro ninho,  E um luzeiro pequenino                ...se folheia... se folheia...
            Há “biquitos” a chilrear.   Dum vaga lume a brilhar.                  ...e ninguém lê!...




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