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evocações



            DAViD SeqUerrA
            1943.0333




            Apontamento

            os vizinhos do 374






                 o  meu  tempo  (há  tanto  tempo!)  o  374  era  o “Zé”
            NMaria (Brandão de Brito), do meu curso de Finalistas
            em  1952,  um  tanto  ou  quanto  fugido  da APE,  o  que  é
            uma pena…
               Mas  não  é  dele  que  rebuscamos  os  vizinhos  que  a
            memória nos proporciona mas sim do “374” da Estrada de
            Benfica, o número da porta principal da 2.ª Secção, vis a
            vis como já histórico Bairro Grandela de que iremos falar.   Há mais de 60 anos constituía para os “pilões” desse
            Transposta  a  entrada  logo  se  sentia,  respeitosamente,  a   tempo  uma  especial  legenda  de  romântica  antiguidade
            atmosfera pilónica de tantos e tantos anos.        datada que era de 1849 como ainda hoje se pode ler no
                                                               frontispício.
                                   ***                            Está  actualmente  afecta  à  prestigiada  Instituição  dos
                 374 lá continua, carregado de muitas recordações e   Colégios Maristas, muito bem conservada, mantendo toda
            O  cioso dos típicos vizinhos que nenhum de nós esque-   a sua magia de reduto típico de um romantismo digno de
            ceu:  a  bonita  quinta  “Beau-Sejour”,  o  perfilado  Bairro   Garret e Herculano.
            Grandela, a esquadra da polícia do Calhariz, o “Ferro de   Em  1949/50,  na  sua  condição  de  finalista  do  Curso
            Engomar”, dos bons bifes e muito afável acolhimento e a   Médio de Engenharia (Construções) o Orlando Rodrigues
            fábrica de peles ML cujo herdeiro de há uns longuíssimos   (1939.0078),  um  dos “heróis”  dos  tão  badalados  7-0  de
            60 anos era o 171 de 1943 caloiro de Industria, um tipo   1948,  soube  aproveitar  bastante  bem  a  proximidade  da
            fixe que nos deixou cedo demais.                   Quinta  e  pegou-se  de  amores  com  uma  das  suas  gentis
               É  desse  quinteto  de  vizinhos  que  vos  pretendo  falar   habitantes daquela época, granjeando admiração de todos
            dando conteúdo saudosista a mais um Apontamento.   nós. Sem adiantar pormenor – que sei pouco… – digo só
                                   ***                         que o Orlando rumou a terras longínquas de Timor, em
                 Quinta  romanticamente  referenciada  como  “Beau-  actividade profissional, jogando futebol e convivendo bem,
            A  -Sejour” lá continua, paredes meias com a 2.ª Secção,   tal qual se distinguiu a ponto de assumir papel de relevo
            bastante mais modernizada mas a proporcionar idênticas   na histórica Quinta do “Beau-Sejour”.
            emoções.                                                                  ***
                                                                    is a vis com a Quinta havia o Bairro Grandela, mo-
                                                               Vtivo de orgulho de um notável empresário português
                                                               com  raízes  na  Foz  do Arelho,  notabilíssimo  exemplo  de
                                                               quem tem a exacta noção das responsabilidades sociais das
                                                               Empresas.
                                                                  Tal realização urbanística fez história e entre os seus
                                                               habitantes e a malta “pilónica” sempre houve uma empa-
                                                               tia muito especial. Actualmente, o bairro está reduzido a
                                                               metade mas faz parte da memória viva de Lisboa, com um
                                                               núcleo  museológico  de  evocação  política.  Mas  ainda  há
                                                               alguns moradores como há 60 ou 70 anos.
                                                                  Numa dessas casas, modestas mas dignas, morava a Dona
                                                               Isaura, uma senhora viúva, um tanto introvertida, sobre o
                                                               baixote de dicção provinciana e bem doseada simpatia.



       10  Boletim da associação dos PuPilos do exército
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