Page 9 - Boletim APE_220
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e agradecendo, começou a descer a prancha com todos os
                                                             acompanhantes.  Mas  a  madrugada  estava  fria.  Como  a
                                                             Amália só trazia vestido o seu traje negro, fino, de cerimó-
                                                             nia e o habitual xaile, de adorno, via-se que tremia. Então
                                                             o Comandante, num gesto galante, mandou um marinhei-
                                                             ro ao seu camarote trazer a sua gabardina, que mandou
                                                             entregar à nossa convidada sem tirar os galões que, já no
                                                             cais, a vestiu rindo, apertou o cinto e fez uma continência
                                                             a agradecer.
                                                               Como os oficiais e guardas-marinha estavam vestidos
                                                             com a jaqueta, toda a faina de largada foi feita em traje
                                                             de cerimónia, o que deve ter sido caso único. Para mim
                                                             foi a primeira e última vez!
                                                               A Amália e o seu grupo ficaram no cais a ver a mano-
          atrapalhava.  Dizia  precisamente  isso  e  pedia-lhes  para   bra e depois o navio a afastar-se.
          indicarem outro. As palmas faziam tremer as anteparas da   Ainda há dias tive um almoço de curso, onde contei
          câmara. Talvez  a Amália  nunca  tivesse  tido  uma  plateia   que estava a escrever esta história para o Boletim da A. P.
          tão entusiasmada, agradecida e verdadeira como esta. De   E. Todos começaram a relembrar o acontecimento e via-se
          madrugada ela já não podia mais, mas não desistia! A voz   nitidamente que toda aquela “velhada” tinha saudades do
          estava completamente velada. Já não se ouvia bem. E o   que acontecera. Aliás, as saudades eram de toda a nossa
          comandante, homem educado, percebendo a evidência da   vida do mar. Ainda um dia vos hei-de falar nisso.
          situação, foi falar com o Cônsul e disse-lhe que a largada   Numa das fotos que junto vê-se perfeitamente a Amá-
          do  navio  estava  prevista  para  breve  e  que,  portanto,  ele   lia a fazer a continência e, na gabardina, os galões de ca-
          agradecia que fossem descendo para o cais. Os gritos de   pitão-de-mar-e-guerra!
          “obrigado Amália” e as palmas enchiam a câmara e passa-
          ram para a borda do navio quando ela, sempre sorridente   OS VELHOS BONS TEMPOS!!!!!!!!!!!!!!!















































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