Page 13 - Boletim APE_220
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Na condição de aluno externo muito especial (cumpria há periódicas reuniões de ex-alunos no primitivo Restau-
os horários de corneta e só ia a casa aos sábados) vivi algum rante “Ferro de Engomar”, com exemplares daquele uten-
tempo na casa de Dona Isaura, com o Artur Chagas e o sílio caseiro em cada mesa, gerência directa da viúva do
meu irmão Henrique (1946.0111) e das 8 da noite até ao Sr. António e lápides alusivas aos bons velhos tempos que
toque de alvorada, fui habitante do Bairro Grandela, um estamos a evocar.
vizinho do 374, de boa memória. Fica feita a sugestão-proposta a todos quantos nos lerem:
vão ao “Ferro de Engomar” e prestem singela homenagem
*** a um homem que se fez a trabalhar e teve sempre um
direita do 374, na direcção de Benfica, sob o desig- especial carinho pelos “pilões”.
À nativo de Calhariz, que ainda persiste, havia uma
esquadra de policia, de efectivos reduzidos e ocupando ***
uma área bastante diminuta. Quase passava despercebida inalmente falemos do nosso colega “Peleiro” e da fábri-
e julgo que teria um efectivo reduzido, com apoio formal Fca “ML” especializada em peles, quase em frente do
aos guardas-nocturnos daquela zona. Não era local da pitoresco “Ferro de Engomar”.
nossa especial simpatia, talvez sob a influência de um dos O “puto” Martinho, de 11 anos, foi caloiro comigo no
seus agentes que morava no Bairro Grandela, tinha cara Outono de 1943. Teve o n.º 171, capicua que não lhe deu
de mau e era pai de uma moçoila de abastadas formas, de sorte, nem nos estudos, nem na vida. A custo chegou ao
peito arfante e apetitosa, que todos nós conhecíamos (e 4.º ano de Indústria, em 1946 e, já espigadote, optou pe-
apreciávamos!) como a “filha do chui”. Recordam-se? las funções de jovem empresário no seu reduto vizinho da
2.ª secção.
*** Enquanto adolescente, o Martinho manteve contactos
rinta metros adiante, na condição de “catedral do bife” com a malta que conhecia melhor mas as voltas que a vida
Tsituava-se o já clássico “Ferro de Engomar”, restauran- dá afectaram definitivamente a relação directa com o “171”
te típico, de boa mesa, sob o patronato de um senhor que até à sua morte.
tinha pelos “pilões” um especialíssimo apreço – António Quero crer que terá descendentes e que a “ML” ainda
Inácio, beirão assumido, vindo da pastorícia de Avô para exista. Um dia destes, prometo, vou dedicar uma tarde aos
um afanoso percurso de sucesso como empresário da res- vizinhos do “374” sob o signo da saudade, após uma boa
tauração. Com a colaboração da sua tão simpática esposa, almoçarada no “Ferro de Engomar”.
o senhor António fez jus a ser considerado nas décadas de Depois eu conto – se conseguir inspirar-me e houver
60/70, um “pilão honoris causa” a tal ponto que ainda hoje espaço no nosso “Boletim”.
Boletim da associação dos PuPilos do exército 11