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Cultura &            nAbuCO - (COnTInuAnDO A FALAR DE ÓPERA)
           Actualidade

                 uma reunião sobre o nosso   neziano.
                 Boletim em que o laborio-    Toda a ópera “Nabuco” representa
                 so e interessado editor Fer-  a ânsia de liberdade dos escravizados,
                 nando Pires fez uma exce-  mas foi o chamado coro dos escravos
       Nlente apresentação do que           Hebreus  (Va,  pensiero,  sull’ali  dorate,
       foi o seu trabalho desde que aceitou as   “Vai,  pensamento,  sobre  asas  doura-
       funções até agora, dizia-se que era ne-  das”) que rapidamente se tornou um
       cessário aparecerem mais artigos so-  hino de liberdade símbolo do naciona-
       bre Cultura.                         lismo italiano da época e cantado por
          Verdi era um músico fora de série,   toda a Itália. Recordo que num dos cé-
       um  génio  iluminado  que  nos  deixou   lebres e eufemísticos filmes da Sissi,
       grandes  obras  principalmente  nas   esta ópera foi apresentada numa cida-
       óperas, género que o tornou mais co-  de italiana que não recordo bem, mas
                        nhecido. Mas Ver-   penso ter sido Milão, na qual marcou
                        di (*) era também   presença o próprio Francisco José e, os   irmãs,  Abigaille  (soprano),  a  quem
                        um  defensor  da    senhores italianos fizeram boicote en-  Nabucudonosor (Barítono) promete-
                        causa  italiana  e   tregando os bilhetes aos seus criados   ra o trono, descobre que afinal não é
                        serviu-se  muitas   que acorreram em força e, aquando do   filha  do  rei,  mas  sim  uma  escrava
                        vezes  da  música   coro dos escravos hebreus, se levanta-  adoptada por este e, vira toda a sua ira
                        para  mostrar  o    ram e o acompanharam com as suas    contra a irmã Fenena (meio-soprano),
                        seu  espírito  revo-  vozes,  entoando  aqueles  versos  com   verdadeira  filha  de  Nabucodonosor,
                        lucionário. Defen-  uma  veemência  eivada  de  patriotis-  por sinal a preferida de Ismaele. Na-
                        sor  da  unificação   mo.                               bucodonosor  proclama-se  Deus  di-
        Rui Cabral Telo  da Itália, esteve li-  Sempre que vejo esta ópera ou oiço   zendo que tinha não só vencido o Deus
             (19480265)  gado  aos  movi-   uma das suas árias ou coros, vêm-me   dos  Babilónios,  Baal,  como  também
                        mentos que tenta-   à cabeça reminiscências da juventude,   Iavé,  Deus  dos  hebreus.  Os  deuses
                        vam a todo custo a   em que no Pilão, assistia às entedian-  zangam-se e o rei é atingido por um
       sua  libertação  do  império  Austro-  tes aulas de história económica minis-  raio que o deixa louco.
       húngaro e, ao mesmo tempo, reunifi-  tradas pelo nosso saudoso “Xôr Eloy”   Entretanto Abigaille toma o poder
       car os reinos em que os itálicos se en-  que, com a sua pronúncia característi-  e manda executar Fenema, acusada de
       contravam divididos. Em 1842, Verdi   ca, falava no “Nabucodonoxôr” rei da   tentar libertar os hebreus, e matar to-
       compôs uma ópera que retratando o    Babilónia  e  nós,  maliciosamente,  re-  dos os escravos incluindo Ismael. Na-
       cativeiro dos Hebreus, na Mesopotâ-  petíamos  dizendo  “Nabu-no-cu-do-  buco  arrepende-se  e  converte-se  ao
       mia, debaixo do jugo do grande rei di-  Xôr”.  Brincadeiras  de  garotos  sem   Deus dos judeus recuperando a razão
       tador Nabucodonosor, realçava toda a   grande maldade sobre uma excelente   mas  Abigaille  mantém-no  prisionei-
       luta destes para se livrarem da perfí-  pessoa que na verdade adorávamos.  ro. Abdalo (baixo), um velho oficial do
       dia dos seus captores e algozes. Com   Vamos então dizer algo sobre essa   rei, ao ver que o monarca está curado e
       isso Verdi quis retratar a sua própria   ópera. O libreto foi escrito por Temis-  convertido,  tenta  recuperar  o  trono
       pátria que se sentia cativa ao ser go-  tocle Solera e versa, como já se disse,   para  este.  O  povo  aclama  Fenema
       vernada  por  estrangeiros  usurpado-  sobre  o  jugo  exercido  pelo  monarca   como mártir pedindo a sua libertação
       res.  Nessa  altura  ainda  governava  o   babilónico  sobre  o  escravizado  povo   e a estátua de Baal é destruída. Abi-
       Imperador Fernando I que seis anos   hebreu. É uma ópera em quatro actos,   gaille suicida-se e o povo hebreu é li-
       depois foi sucedido por seu sobrinho   sendo o primeiro passado em Jerusa-  bertado.
       Francisco José ao qual foi dado o go-  lém  onde  Zacharia  (baixo),  sumo-sa-  Esta ópera tem algumas árias mui-
       verno  do  reino  itálico  Lombardo-Ve-  cerdote  dos  hebreus,  tenta  salvar  o   to bonitas mas o forte são os coros. É
                                                             seu povo da inva-  uma  ópera  na  sua  forma  clássica  e
                                                             são  do  bárbaro   ainda longe das melodiosas Rigolleto,
                                                             Nabucco, e os res-  O Trovador e Traviata, no entanto, é
                                                             tantes  na  Babiló-  muito bonita de se ver e ouvir, com en-
                                                             nia  já  durante  a   cenações  deslumbrantes  mostrando
                                                             escravização   do   cenários e figurinos daqueles tempos
                                                             povo hebreu. Pelo   na Babilónia. Tal como Aída, Nabucco
                                                             meio existe o amor   permite grandes encenações.
                                                             de duas jovens ir-    Se tiverem oportunidade não per-
                                                             mãs  por  um  dos   cam.
                                                             líderes, chefe mili-  (*) V.E.R.D.I. foi usado como acró-
                                                             tar  dos  hebreus   nimo  para  “Vittorio  Emmanuelle  Rè
                                                             chamado  Ismaele   de Italia” como propaganda naciona-
                                                             (tenor).  Uma  das   lista



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