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Cultura & VuLCÕES DE IO
Actualidade
o foi descoberto por Galileu
Galilei em 1610 e é o quarto
maior satélite de Júpiter.
Possui um raio de 1821 Km e
Iuma densidade média igual
a 3,54 g cm-3, valores comparáveis
aos da nossa Lua. Contudo, muito
antes de ter sido visitado por uma
sonda espacial, da Terra era já visí-
vel que possuía uma cor fora do vul-
gar e estranhas propriedades térmi-
cas, estando ain-
da rodeado por
misteriosas nu-
vens de átomos e
iões. Estas ano-
malias foram
d e s v e n d a d a s
após a passagem
da sonda Voya-
ger I em 1979,
Alexandre cujas imagens re-
Morgado Correia velaram um pla- romano do fogo. Os gazes expelidos, la que foi uma das previsões mais
sensacionais feitas pela ciência pla-
neta coberto de na sua maioria compostos sulfuro- netária: os vulcões de Io não são
sos, são os responsáveis pela forma-
vulcões, alguns em plena activida- ção de uma atmosfera extremamen- mais do que a consequência do
de. Consequentemente, a superfície te rarefeita em redor de Io. Os vul- aquecimento provocado pelo mes-
de Io é constantemente regenerada cões parecem estar mais ou menos mo fenómeno que provoca as marés
(não se observam crateras de im- uniformemente distribuídos, embo- na Terra, conhecido justamente por
pacto), ficando esta evolução bem ra as zonas mais quentes se situem efeito de maré. No nosso planeta, o
patente nas imagens recolhidas pela na região do equador. O maior de to- principal responsável pelas marés é
sonda Galileu cerca de 20 anos mais dos eles é o Loki Patera que, sozi- a Lua, mas no caso de Io é Júpiter.
tarde. Em Io, tal como na Terra, os nho, é responsável pela libertação Porém, devido à proximidade do gi-
vulcões são os locais à superfície de um quarto do total de calor per- gante gasoso e da sua enorme mas-
onde são expelidos gazes, cinzas e dido pelo planeta inteiro. Para se ter sa, estas são bastante mais intensas
matéria líquida incandescente (co- uma ideia da quantidade de energia em Io: enquanto na Terra as defor-
nhecida por lava ou magma), prove- libertada por este vulcão, o calor por mações na massa continental não
nientes das camadas mais interio- si radiado é cerca de 10 vezes supe- ultrapassam alguns centímetros,
res. O magma é essencialmente rior ao calor emitido por todos os em Io as variações são superiores a
constituído por rocha fundida pelas vulcões e geysers terrestres juntos! 100 metros. Imagine-se que entre a
altas temperaturas que se registam Sendo um corpo pequeno, o interior maré baixa e a maré-alta, Lisboa
no interior do planeta. Daí o termo de Io já há muito que devia ter arre- passava do nível médio das águas
vulcão, derivado de Vulcano, Deus fecido, impedindo a formação de do mar até 100 metros de altitude,
vulcões nos dias de hoje. No entan- isto em ciclos sucessivos inferiores
to, as imagens da Voyager e da Gali- a 24 horas! Assim, as constantes de-
leu, são bem claras: em nenhum ou- formações a que Io está sujeito man-
tro mundo conhecido do Sistema têm o seu interior aquecido devido à
Solar a actividade é tão intensa e es- fricção entre as diferentes camadas
pectacular. Então, como explicar es- que compõem o planeta. O mesmo
tas observações? Uma fonte de fenómeno mas a uma escala menos
aquecimento suplementar tem obri- importante existe noutro satélite
gatoriamente de estar presente no galileano, Europa, sendo responsá-
caso deste satélite joviano. Efectiva- vel pela manutenção de um oceano
mente, menos de um mês antes da interior, no qual os mais optimistas
passagem da Voyager I, os cientistas têm esperanças de encontrar vida
conseguiram “adivinhar” aquilo extraterrestre.
que a sonda viria a observar, naque-
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