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Escritas



                                                                       QuANDO VOLtARES


                                                                       6º. lugar no Concurso de Poesia
                                                                        Contemporânea 2009 - Brasil:



                                                               Quando voltares
                                                               Não sei se encontrarás alguém à espera,

                                                               Ou então, se me encontrares,

       António Barroso                                          Seja noite ou seja dia,
             (19460120)                                        Seja Outono ou Primavera,

                                                               Olha bem meus olhos, olhos tristes,

                                                               De cego profundo sem cão guia,
                                                               Que já nem sabe bem se tu existes.
           um INStANtE DE AmOR                                 Quando voltares,

                                                               Não tragas desculpas em farrapos
       Foi apenas num momento, num instante,
                                                               Urdidas no desespero da solidão,
       que o amor surgiu entre nós dois,
                                                               Lança fora andrajos, rasga os trapos
       tu me olhaste, com desvelo,                             Que se enrolam no novelo

       e eu, depois,                                           Que te cobre o coração
       senti-me tão feliz, tão radiante,                        Feito de gelo.

       que acariciei o teu cabelo.                             Quando voltares

       Quando, por fim,                                        Não rastejes, não supliques
       te aninhaste no meu peito,                              Para regressares,

       bem juntinha a mim,                                     Ungida dum falso arrependimento.
       senti-me comovido e satisfeito                           Eu nunca pedirei para que fiques

       por sentir todo o teu calor.                            Porque o amor que eu tinha, em demasia,

       E os teus olhos, tão embaciados,                         Perdeu-se num minuto, num momento,
       estavam, de tal forma, enamorados,                      Certo dia.

       que só me falavam de amor,                              Quando voltares
       com a suave luz duma sinceridade pura.                   Não contes tua vida em tom de mágoa,
                                                                Nem deixes cair a gota de água
       Eu sei que tu me queres como eu te quero,
                                                               Dos teus olhos de mentira.
       que me olhas sempre confiante,
                                                               Se tiveres coragem, se ousares,
       sem cansaço, sem fadiga,
                                                                 É uma página da vida que se vira
       com o mesmo carinho e com a ternura
                                                                Nesse preciso momento, nessa hora.
       que me mostraste naquele instante,
                                                                Se tu voltares,
       minha doce cadela! Minha amiga!
                                                                Vai-te embora.


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