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CULTURA E CONHECIMENTO
obserVaTórIo asTroNóMICo de lIsboa
alexandre Correia | dep. Física Univ. aveiro
observações astronómicas. Além disso,
a maioria do equipamento, apesar de
permanecer funcional, tornou-se obso-
leto e já não satisfaz as exigências das
observações que a ciência actual im-
põe. O OAL conheceu por isso um
período de menor actividade durante a
maior parte do século XX, até que em
1992 foi integrado na Universidade de
Observatório Astronómico de Lisboa (OAL), situado na Tapada da Lisboa. O Observatório ganhou então
O Ajuda, na encosta sul do Parque Florestal de Monsanto, passa um novo fôlego, com a aquisição de equipamentos novos, e com a
talvez desapercebido da maioria dos Pilões, mas a sua edificação remon- criação de um centro moderno de investigação em Astrofísica (CAAUL),
ta ao século XIX, mais precisamente entre 1861-67. O edifício principal, onde trabalham jovens cientistas formados nas melhores universidades
da autoria do arquitecto francês Jean Colson, é um monumento de rara mundiais.
beleza. Inspirado no Observatório de Pulkovo, em São Petersburgo Além das actividades
(Rússia), possui uma cúpula que alberga um grande telescópio equatorial desenvolvidas de carácter
refractor. É uma estrutura móvel com rotação de 360 graus, toda traba- científico, o OAL sempre
lhada e em ferro. O edifício é ainda composto por diversas outras salas, prestou apoio técnico às
que estão ainda hoje equipadas com instrumentos da época da sua missões geodésicas do
construção. Devido à sua raridade, o espólio do OAL constitui uma va- Ultramar. Até à década de
liosa colecção museológica, que pode ser visitada por todos nós. 1960, dirigiu ainda, na
A funcionar há mais de 150 anos, parte astronómica, o está-
inicialmente com o nome de Real Obser- gio dos oficiais da armada,
vatório de Lisboa, conheceu diferentes para alunos do curso de engenheiro hidrógrafo. O Observatório é
períodos de actividade. Entrou em funcio- também responsável pelo fornecimento e manutenção da hora legal em
namento logo após a sua construção, Portugal (decreto lei n 279/79). Para esse efeito o OAL dispõe de um
o
tendo os seus dois primeiros directores, centro horário constituído por alguns relógios atómicos e de quartzo,
Frederico Augusto Oom (1861-1890) e conseguindo manter a hora com uma precisão da ordem do micro-
César Augusto de Campos Rodrigues -segundo.
(1890-1919), adquirido a maioria dos Desde 2006, sob a direcção do Prof. Doutor Rui Agostinho, o OAL
instrumentos ainda hoje existentes. Foram tem-se preocupado também em chegar a todos os portugueses, promo-
também eles os maiores responsáveis pelo papel relevante que o OAL vendo a divulgação da Astronomia. Para esse efeito foram criadas di-
desempenhou na Astronomia europeia da época. Campos Rodrigues versas actividades regulares, tais como visitas guiadas ao museu, ob-
aperfeiçoou inclusivamente quase todos os instrumentos, tendo rece- servações do céu e cursos de Astronomia direccionados para o grande
bido honoríficos prémios internacionais pelo seu trabalho. público. Uma destas acções mais interessantes, denominada “Noites do
Na altura da sua construção, a Tapada da Ajuda era um local afas- Observatório”, decorre mensalmente nas instalações do OAL, e inclui
tado do centro da cidade de Lisboa, que reunia óptimas condições de uma palestra de divulgação (com tema a anunciar a cada sessão).
observação. Porém, com o passar dos tempos, o OAL ficou circundado Para mais informações, ficar a saber como pode visitar e o
por áreas urbanizadas. A luminosidade actual da cidade e a poluição da calendário de todas as actividades, pode consultar o site do OAL: http://
atmosfera são bastante prejudiciais às
www.oal.ul.pt/
54 BOLETIM DA ASSOCIAÇÃO DOS PUPILOS DO EXÉRCITO