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CULTURA E CONHECIMENTO


           MarChar a dIreITo!


           a eXPaTrIaÇÃo dos Nossos JoVeNs Pela 2.ª Vaga de TraNsMIgraÇÃo!


           antónio Pinto Pereira | 19760487




              ivemos tempos difíceis na Europa, em que olhares mais atentos nos   por uma organização sem crédito. Por outro lado, e geolocalização do
           Vlevam a sentir um profundo descrédito pelo seu atual sistema e por   poder transferiu-se para a Ásia, onde a China tem vindo a aprender, à
           países que, como o nosso, definham sem confiança no futuro próximo.  distância do tempo, o papel que lhe está reservado de, por via pacífica,
                                                              assumir os destinos do mundo. Neste contexto, o que podem esperar
           1. a CoNsolIdaÇÃo da PaZ CoMo Ideal eUroPeU        as próximas gerações daqui a 10 ou 15 anos, em Portugal ou no resto
              A Europa que conhecemos mantém a paz, desde há mais de ses-  da Europa, se confrontadas com as potencialidades que a vida lhes pode
           senta anos, num continente tradicionalmente caracterizado por eternos   proporcionar em tantos outros cantos desta aldeia global, cada vez mais
           conflitos armados. Conseguiu, assim, assinalar uma história de suces-  próxima?  Tem  sido  com  isto  inevitável  a  2.ª  vaga  migratória,  agora
           so, já que é indiscutível que os founding father’s da antecedente União   muito mais empenhada e qualificada do que outrora, que tem vindo
           Europeia haveriam de ter essa ambição de natureza política, mais pre-  globalmente a aumentar a expatriação dos nossos jovens, em prejuízo
           mente que um mero orgulho de implementação de quatro liberdades   de um país desertificado de esperança, mas em benefício do futuro que
           económicas. Reflete-o o teor dos considerandos iniciais dos Tratados   lá fora nos espera.
           de Paris e de Roma da década de cinquenta passada, que iluminam   E “Querer é Poder”; o resto é conversa!
           verdadeiramente a paz como a sua norma oculta.

           2. o ForTaleCIMeNTo do ProJeTo eUroPeU de INTegraÇÃo  Professor Auxiliar do ISCSP|UTL, Doutor em Relações Internacionais, Mestre em
                                                              Direito e Advogado
              A grande organização supranacional de Estados consolidou objeti-
           vos de crescimento ao nível dos vários segmentos: a integração eco-
           nómica; a integração monetária e financeira; a integração política. Por
           essa via alcançou uma posição de respeito no mundo, sendo assinalá-
           veis as organizações internacionais que influenciou ou ajudou a con-
           solidar,  direta  ou  indiretamente,  em  termos  regionais:  na  Europa
           oriental (a CEI e a OSCE), no continente americano (a OEA, a ALADI, a
           ODECA, a SICA, a MCCA, o CARICOM, a AEC, a CAN, o MERCOSUL,
           o NAFTA), no Médio Oriente (a LEA e o CCG), em África (a OUA, a
           CEEAO, a UDEAC, a CEMAC), na Ásia (a ASEAN, a APEC e a SAARC)
           e  na  Oceânia  (o  ANZUS).  O  euro  converteu-se  numa  moeda  forte,
           atingiu até maior significado face ao dólar ou ao iéne. O direito da União
           passou a ser estudado nas mais prestigidas universidades mundiais.
           Passou  a  haver  curiosidade  sobre  os  pilares  da  organização,  o  seu
           funcionamento e a sua atividade.


           3. as FragIlIdades da aTUal eUroPa
              Nos dias de hoje já não é raro ver entrar pela televisão a incrédula
           imagem de importantes cidades europeias a ferro-e-fogo (Atenas, Roma,
           Madrid, Londres ou Lisboa), com focos de descontentamento popular
           gravemente intensificados pela falta crescente de condições económicas.
           Ceio que a Europa se há-de manter, por força de uma restruturação que
           se torna visivelmente necessária. Aliás, a sua maior receita de sucesso
           assenta, precisamente, no frágil equilíbrio ínsito à sua natureza e pro-
           cesso de construção. É essa fragilidade que a faz recuar para dar forta-
           lecidos saltos em frente. É essa certeza que quero guardar, já que tenho
           a sorte de não conhecer a guerra.


           4. o FUTUro das PróXIMas geraÇÕes
              Sendo necessário o relançamento económico dos países de matriz
           ocidental, é indesmentível que o mundo tem vindo a perder o interesse


               BOLETIM DA ASSOCIAÇÃO DOS PUPILOS DO EXÉRCITO                                              51
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