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IPE INSTITUTO DOS
PUPILOS DO EXÉRCITO
A República, O Instituto, As Tutelas &
Os Tutelados … (VI)
IV – a “guerra Civil-Intermitente” (1921-1925…1936;
os Pupilos do exército 1911…1926 ; “o Crepúsculo da
1ª república” – erosão dos Partidos
M. a. borges Correia | 19470332
aCÇÕes de ForÇa, INTerNas – 1921-1925
Uma guerra Civil, intermitente (III)
Neste período (de perigosas utopias) no campo político, não se
discutiam ideias e, assim, levou-se o Pais á “desordem” em acções,
cada vez mais radicais.
– Revolta da GNR de 21 de Maio de 1921 Machado dos Santos – António Granjo – Carlos da Maia
Sublevação corporativa, dos sectores internos afectos a Liberato
Pinto (ex-ministro de Bernardino Machado), que reagem à “intenção”
de retirarem à GNR o “armamento pesado” de que dispunha,”alterando” Os “crimes” foram assumidos pelo marujo de nome Abel Olímpio,
o equilíbrio existente, com consequências politicas, levando à dissolu- mais conhecido pelo “Dente d´Ouro”. O antigo 1º ministro Tamagnini
ção do Parlamento e a eleições, antecipadas, proporcionando, assim, Barbosa (preso pela Policia) foi ferido a tiro, bem como, (perto de
um período de grande instabilidade pública. Entram na conspiração: Leiria) o industrial Alfredo da Silva que seguia para Espanha, ambos
Gilberto Mota, Procópio de Freitas e o Cap. Tribolet, com o apoio de escaparam com vida. Para além de Granjo, todos os demais, tinham
Machado dos Santos. O Governo, é defendido pelo Cmdt da GNR Gen. sido “sidonistas”. Foi a “sentença de morte” ao radicalismo, os demo-
Pedroso de Lima. A “verdadeira” razão da “sublevação” está no pres- cratas passam a exigir o “desarmamento da Guarda” e da “Rua”. A GNR
suposto de que se preparava, a subida de Bernardino Machado a Pre- é neutralizada em 1922.Abre-se uma devastadora crise moral na Repú-
sidente e de Álvaro de Castro a chefe do governo. Liberato Pinto (19Mar) blica, que marcam o início da cadeia de conspirações militares, que
é suspenso e demitido de CEM. culminam no 28 de Maio, de 1926.
– Revolta radical e “noite sangrenta” de 19 de Outubro de – Revolta radical de 10 de Dezembro de 1923
1921 A “iniciativa” parte do ex-ministro da Marinha – CFrag. António
A demissão de Liberato Pinto causou grande agitação na GNR e nos Maria da Silva, contra o Governo do Dr. Ginestal Machado (liberal-
meios ligados ao Partido Democrático, estando na origem de várias -conservador) em exercício, com o apoio de militares republicanos
intentonas, sobretudo à que levou, a uma das tragédias da Republica. ”radicais” e de sectores ligados ao Movimento Operário (Sindicalistas
É conhecida pela “Noite Sangrenta” e da “Camioneta Fantas- e Comunistas – “Legião Vermelha) aliciando, os marinheiros do contra-
ma”, na balbúrdia de mais um “golpe radical”, chefiado pelo Cor. -tropedeiro Douro, surto no Tejo. O Cmdt. Carlos Coutinho e o Ten.
Maria Coelho, com oficiais da GNR e da Marinha, que, após saída vito- Agatão Lança foram a bordo e, conseguiram obter a rendição dos su-
riosa, não sabe o que fazer do “governo”. A Guarda ocupa o Terreiro do blevados, fazendo abortar o movimento.
Paço e a Rotunda. No Tejo, o cruzador Vasco da Gama e outros navios
secundam o golpe. O Presidente da República – António José d’Almeida, – Golpe militar conservador de 18 de Abril de 1925
resigna. É criada uma Junta de Salvação. Os marinheiros controlam o O “golpe dos generais” é liderado por Sidel de Cordes, Filomeno
quartel de Alcântara e o Arsenal. Grupos de polícias e de civis armados da Câmara, Freire d’Andrade e Rui Esteves (“Cruzada Nun’Álvares” –
percorrem a cidade. Como “acto simbólico” libertam da Penitenciaria, o grupo militar, autoritário/conservador – cerca de 61 Oficiais) e, com
“autor” presumível, do atentado contra Sidónio Pais. Na indefinição e no destacados conspiradores civis (Carlos Malheiro Dias, Nobre de Melo,
terreno, coexistiam, “complots” assassinos, ressentimentos ou de “ajus- Antero de Figueiredo e José Pequito Rebelo, entre outros), contra o
te de contas” pessoais, (sobretudo dentro da Marinha e da GNR), contra governo de António Maria Cardoso (PRP) repetindo, as “técnicas”
algumas preeminentes figuras republicanas (ao que dizem ”instigado por militares, anteriores, ”acampar as forças na Rotunda” tentando levar o
”padres”, monárquicos e “radicais” da marinha”). Na “revanche” os Governo a render-se e, o Presidente da República à negociação, ou a
“recrutados à força” e retirados de suas casas, pelos futuros executores, abdicar. Houve troca de fogo de artilharia, entre as Unidades do Exér-
que a caminho do Arsenal, no Largo do Intendente, “fuzilam” o Alm. cito, fiéis (Castelo, Penha de França, etc.) e os “revoltosos”. Acabando
Machado dos Santos; António Granjo (Primeiro Ministro); os Cmdt. estes, por se renderem. Houve cerca de 12 mortos e 73 feridos, segun-
Carlos da Maia e Freitas da Silva (heróis do 5 de Outubro) são brutal- do o DN. O Ministro da Guerra Gen. Vieira da Rocha (21Abr) é exone-
mente assassinados, nessa noite no Arsenal da Marinha; ferido a tiro o rado e vários Deputados nacionalistas, (22Abr) são presos. O Governo,
Cor. Botelho de Vasconcelos morrerá no hospital. desta vez, tinha vencido.
36 BOLETIM DA ASSOCIAÇÃO DOS PUPILOS DO EXÉRCITO