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1911 – querer é Poder – 2011
m. A. BorgeS correiA
1947.0332
“A república, o instituto, As Tutelas
& os Tutelados …( iV )”
II – “A República – Guerra civil Intermitente… pilos do Exército; o Instituto Torre Espada; o Colégio
Fundação e Consolidação do Instituto, Carácter Militar e o Conselho Tutelar e Pedagógico do Exército.
& Mística” (1911-1926…1936; (Artº 3º do Decreto de 25 da Maio de 1911).
…… O Colégio Militar tem origem no Colégio da Feitoria
criado em 1803, pelo Coronel António Teixeira Rebelo,
O Governo Provisório da República, pelo Ministro da comandante do Regimento de Artilharia da Corte sito no
Guerra, manda, em 27 de Dezembro de 1910, nomear Forte da Feitoria, em Oeiras, com o objectivo de educar
uma “Comissão” – para estudar, conceber e delinear a os filhos dos oficiais daquele regimento. Em 1813, o colé-
melhor forma de tratar, dos objectivos e dos princípios da gio passa a ter existência oficial, adoptando a designação
“Nova Ordem Politica”, garantindo, em relação à Família de Real Colégio Militar. O Colégio foi transferido em 1814
Militar, uma base social e educacional de apoio, com a do Forte da Feitoria para o edifício, onde antes funcionara
finalidade de melhorar as suas condições de vida. o hospital Nossa Senhora dos Prazeres, fundado em 1618
Aquela “Comissão” seis meses, passados, propõe a pela infanta D. Maria, filha de D. Manuel, no sítio da Luz,
criação de uma instituição, com características de “educa- em Lisboa. Entre 1835 e 1859, a sede do colégio mudou
ção e beneficência” – A “obra tutelar e social dos Exérci- várias vezes de local (Rilhafoles – Lisboa e Mafra), voltan-
tos de Terra e Mar” do naquele ano para a Luz, onde ainda hoje se mantém.
“Depois do momento mágico que foi a mudança de regime, Desde essa época que os alunos recebem o epíteto de
muitos dos republicanos tiveram consciência de que a prin- “Meninos da Luz”.
cipal tarefa era implementar a República na mente e, prin-
cipalmente, no coração dos portugueses. A escola passou a ser
vista como lugar privilegiado para a formação dos cidadãos.
Na lógica da revolução cultural e da laicização do Estado”
– J. Pintassilgo – Prof. na .UL / Instituto de Educação – “25
Olhares sobre a I República”. In “Publico” ].
A República considerava, sobretudo, que: – “Uma so-
ciedade só pode progredir quando os seus membros pos- Com a implantação da República, em 1910 o colégio
suam uma desenvolvida educação e uma instrução essen- é remodelado, nas áreas curriculares cientifico-literárias,
cialmente prática” – e, sobretudo, assumia também “que perde o título de “Real” passando a ser simplesmente Co-
se desenvolvessem os apoios social e tutelar aos elementos légio Militar, constituindo um dos Estabelecimentos inte-
constitutivos da Família Militar, quando deles carecessem”. grados na “Obra Social do Exército”. Já nos anos 1940 do
O Ministério da Guerra “não podia deixar de cooperar Séc. XX, avoca o dia 3 de Março de 1803, como a data
nesta obra de alevantado alcance morar e interesse social: oficial da sua fundação.
precisa proteger e educar os filhos dos seus funcionários, O Instituto de odivelas foi fundado pelo Infante D.
que venham a encontrar-se em condições de necessitarem Afonso de Bragança, Duque do Porto, em 14 de Janeiro
do seu auxílio”. de 1900, no palácio do Conde de Sobral, à Luz. O próprio
Justificando:”attendendo aos relevantes serviços por Rei D. Carlos, acompanhado pela família real, procedeu à
elles prestados às instituições militares e à Pátria para cujo inauguração do então Instituto D. Afonso, onde ingressaram
engrandecimento tanto têem contribuido.” as primeiras 17 alunas. Esta escola foi uma iniciativa de
È com este “espírito e objectivos” que, inserido na re- alguns elementos das Forças Armadas que, inspirados, nas
organização do Exercito – é criada uma nova “Instituição Escolas da Légion d’Honneur, em França, fundadas por
militar – de educação e beneficência” integrando: a Esco- Napoleão em 1806 com objectivos similares, queriam
la primária do regimento; o Instituto Profissional dos Pu- proporcionar às filhas de Oficiais cujos pais tivessem mor-
44 Boletim da associação dos PuPilos do exército