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1911 – querer é Poder – 2011
ter & mística” a obra “ Malta Brava”, de Alexandre Cabral comanda as duas frustradas incursões no norte do País, em
(1982); “Os 50 Anos da APE – Pilões de Sempre” – APE 1911-“Golpe do Porto” e 1912 – ”sem homens nem armas,
(1993); “Os 75 Anos da APE –1932/07”, de Augusto Dias e sem o apoio popular imaginado…” Houve poucas baixas,
e David Sequerra e, os conteúdos contidos na “Colecção mas muitas prisões. É nestas “acções” de apoio, que para
de Boletins da APE”-1954/2011, onde uma plêiade ilustre além, do empenhamento de um batalhão de marinha, o
de amigos e de bons “Pilões de Sempre” fixam nas suas cruzador S. Rafael encalha e, se perde, durante um tem-
páginas, as sua experiências, o seu saber, as suas prosas e, poral, frente a Vila do Conde.
ou poesias, o quotidiano das nossas vivências e anseios, das
causas em que nos integrámos, porque lutámos e em que, – Greve geral em Lisboa de 30 de Janeiro de 1912;
nos reflectimos. Em apoio e em solidariedade, com os assalariados rurais
Socorro-me, com propósito, do que escreveu o Pilão alentejanos, numa acção pré-insurreccional dos sindicalis-
Alberto Santos Lino, sobre a Associação (criada em 1932) tas-revolucionários e das classes trabalhadoras, da região
e a sua “diáspora” : – “Continuar a ser o “elo” que nos de Lisboa. Foram presos cerca de 500 manifestantes.
manterá unidos, no mesmo espírito de camaradagem que
vivemos no Instituto, aquela casa tão bela e tão ridente, – 2ª Incursão Monárquica de Julho de 1912;
como por vezes cantamos no nosso Hino, num retorno De novo, a 6 de Julho, o Maj. H. Paiva Couceiro, apoia-
jubiloso à nossa juventude”. do por D. João d´Almeida (Lavradio) antigo Oficial aus-
tríaco, com cerca de 6 centenas de “invasores” (incluindo,
Sobre o “Pilão” hoje, ficarei por aqui. manuelistas e miguelistas – antigos “municipais”, policias
e sargentos demitidos, alguns padres e activistas católicos)
Acções de força, internas – 1910-1926 melhor armados e com um programa claro de “restauração
Numa média de mais de “uma” por ano, durante este do liberalismo monárquico”, assaltam Valença do Minho
período, o Pais assistiu a 22 (vinte e duas) acções/actos e atacam Vila Frade e, Chaves (6 de Julho). A sua espe-
políticos, que se traduziram em “Incursões; Greves; Levan- rança era suscitar um levantamento geral das gentes con-
tamentos; Revoltas; Golpes e Insurreições, várias” que, umas servadoras do Norte. São derrotados a 8/9 de Julho, pela
de carácter politico, outras de índole militar, mas, todas, participação de “batalhões” de voluntário republicanos,
representando facções ou interesses, das forças existentes, forças do exército e da marinha, que para além de um
em jogo – do clero e dos interesses económicos, nas cons- batalhão de marinheiros, empregou meios navais, no
pirações e nos movimentos revolucionários, visando a patrulhamento da costa Norte (de Caminha a Vila do
sublevação e o descrédito do regime, em acções concerta- Conde).
das (alguma das vezes) dos anti-republicanos, dos católicos O ex-Oficial austríaco e mais 274 conspiradores, são
e de potências estrangeiras. presos. São criados (a 16 de Julho) 3 Tribunais Militares
O Pais (neste período), confrontou-se com 10 (Dez) em Braga, Coimbra e Lisboa, para julgamento, dos detidos.
Presidentes da República; 43 (quarenta e três) Governos, O Governo, na sequência da 2ª Incursão Monárquica,
4 (quatro) Greves e 18 (dezoito) revoltas e, ou pronun- aprovou de imediato as chamadas “Leis de Defesa da
ciamentos, concretizados. República”. Ao abrigo da nova legislação o Executivo tinha
poder para suspender ou apreender jornais e outras publi-
uma Guerra Civil, intermitente (I) cações “atentatórias da ordem e da segurança pública”.
Durante todo este período, da primeira fase da Repú- Ficou conhecida como a “lei do Garrote”.
blica (Out1910-Dez1917), não se consegui fugir da luta
anti-clerical, criando-se assim, constantes situações de – Levantamento radical de 27 de Abril de 1913;
crise social e de governação politica, entrando-se numa Machados dos Santos, apoiado pelo Jornal “O Intran-
guerra aberta entre os governos republicanos e o operaria- sigente” e seus acólitos, protagonizam um movimento
do, com as suas lutas e revindicações de classe, levaram à sedicioso contra o governo de Afonso Costa. É o primeiro
rotura do “Bloco Social do 5 de Outubro” abrindo caminho golpe organizado por republicanos contra um Governo
ao “sidonismo” (1917/18) e mais tarde ao 26 de Maio de republicano. Após troca de tiros, entre a rua e do «Cruza-
1926 e á queda da 1ª República. dor S. Rafael» (29 de Abril) o golpe morre. Os líderes
militares são presos e, na sequência, o Governo suspende
– 1ª Incursão da Monarquia de Outubro de 1911 os jornais, apoiantes: «O Dia, A Nação, O Socialista, O
No 1º Aniversário da República, o Maj. H. Paiva Cou- Sindicalista e, O Intransigente». Seguem-se perseguições aos
ceiro, refugiado político na Galiza, entrando por Trás-os- sindicalistas (27 de Abril). São detidos cerca de 100, fi-
-Montes – (Chaves e Vinhais), com os seus “Paivantes”, cando presos nas cadeias do Limoeiro, durante 9 meses.
46 Boletim da associação dos PuPilos do exército