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eNtrevista
nefício das infra-estruturas e instala-
ções, também será positivo.
Não pode haver uma redução de
recursos provenientes das propinas,
que depois tenham que ser colmatados
pelo orçamento, que não temos capa-
cidade para o fazer; tem que haver
uma grande dose de rigor, de realismo
e de verificação, entre o que é possível
e o que não é.
Também não podemos esquecer
que os nossos estabelecimentos mili-
tares de ensino têm qualidade, em
termos de formação académica, de
actividades circum-escolares, de apoio
na saúde, do próprio tipo de alimen-
mitidas pelo Director do Instituto; o pectivos, neste caso, o Ministério dos
assunto está, neste momento, no Co- Negócios Estrangeiros e Ministério da tação e do acompanhamento e têm
mando de Instrução para ser estudado, Defesa, para que a DGPDN dê cober- também um valor intrínseco em ter-
têm que se ver as implicações desse tura a uma situação dessa natureza, mos de mercado, comparativamente
processo, o que é que significam e, mas estimulamos que isso possa acon- com outros estabelecimentos de ensi-
como disse, esta questão tem a ver tecer, seria realmente o início dum no. Não devemos portanto degradar o
directamente com a vida do Instituto, processo que pensamos extremamen- verdadeiro custo do serviço que pres-
com o seu financiamento e com o te benéfico, neste caso com o Brasil, tamos, onde os aspectos sociais não
nosso orçamento, temos que estudar. seria a primeira vez em que um cida- estão esquecidos. Este é o preço justo
que consideramos competitivo, em
dão não português, tinha a iniciativa termos de mercado de ensino nacional,
Boletim – Aumento de Admis- de querer colocar o seu filho num país embora sem esquecer o aspecto social
sões – Tornar os preços das propi- da CPLP, que não o seu e que viria que nos deve orientar, especialmente
nas mais competitivos para que, estudar para Portugal, seria interessan- no momento em que há dificuldades.
aumentando o número de alunos te que isso acontecesse. Nós sabemos que a família militar
inscritos, o IPE possa daí retirar a No âmbito da Cooperação Técni- também tem dificuldades; conheço-as
resultante vantagem económica co Militar pensamos que as portas em pormenor porque, infelizmente,
(economia de escala, facturação e estão todas abertas para que continue recebo por vezes, algumas cartas, pou-
rentabilidade dos custos permanen- e se amplie; o Conselho estratégico cas, mas essas poucas cartas que rece-
tes) e assim incentivar a procura tem a vocação e a expectativa de, em bo, fazem pensar naqueles camaradas
tanto da sociedade civil como, por áreas muito concretas da sua activi- que não as escrevem, referindo dificul-
exemplo, por parte da CPLP. dade, poder vir a trazer bolseiros dades para pagar algumas propinas.
É este cenário viável? também para o Instituto; é uma área Foi isso que nos levou a reduzir as
que pode ajudar a aumentar o uni- propinas em relação às famílias nu-
Gen. CEME – A CPLP é, para nós, verso dos formandos nos Pupilos do merosas; temos bem consciência do
um objectivo sempre presente que está Exército. que é hoje a vida dos nossos militares
directamente ligado a esta expectativa Ainda em relação a esta questão e as solicitações económicas com que
do aumento do universo dos alunos; a do número de alunos e das propinas, são confrontados, em termos de ensi-
CPLP é claramente um objectivo e mais uma vez, é algo que temos que no dos seus filhos.
uma área de expansão; Devo dizer que analisar porque os recursos que pu- Não somos indiferentes a isso. Não
tivemos já, o caso de uma mãe que me dermos injectar no Instituto têm está, da nossa parte, de maneira ne-
escreveu, pedindo para o filho que é destino marcado; quer para a qualida- nhuma esquecido, responderemos na
Brasileiro, ingressar num estabeleci- de da formação, quer para os instru- medida das nossas possibilidades e
mento militar de ensino. mentos da formação, quer até para as responsabilidades que consideramos
Nós estamos disponíveis; simples- próprias instalações dever assumir.
mente este assunto não deve ser tra- O Exército pode fazer alguma
tado entre a mãe do aluno e o CEME. coisa mas se o próprio Instituto tiver Entrevista conduzida por
Demos-lhe a indicação para colocar o capacidade de, também duma forma M. Borges Correia e José Lencastre
assunto através dos Ministérios res- limitada, ele próprio intervir, no be- Fotos de Fernando Pires
38 Boletim da associação dos PuPilos do exército