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eNtrevista
indiscutíveis necessidades do mercado Estamos a trabalhar para que esta dizer é que o Exército não está insen-
de trabalho, com o reconhecimento visão do processo de Bolonha, se afir- sível ao problema. Já o ano passado
de qualidade, de formação e de ape- me, através da formação superior, ou talvez há dois anos, tomámos a
tência por esses mesmos formandos. resposta eficiente em termos de cur- iniciativa de rever as mensalidades,
A criação deste Conselho, que não rículo e de expectativas do mercado sobretudo para as famílias que têm
existe em mais nenhum outro Colégio, de trabalho, participação de empresas vários alunos nos vários estabeleci-
é uma aposta do Exército nesse senti- significativas e da própria Associação mentos militares de ensino, numa
do; há uma ligação muito estreita entre Industrial Portuguesa, neste processo. preocupação de responder à existência
a sociedade, o mercado de trabalho e O Conselho também está alertado de algumas dificuldades e desta forma
a formação, o que é uma resposta e estimula a participação de alunos da corresponder ao estímulo e à preocu-
importante em termos de Bolonha, pois CPLP, no âmbito da própria DGPDN, pação de apoio social, com uma gran-
estamos a responder aos critérios de proporcionando um fluxo de alunos de dose de realismo. O Exército tem
Bolonha, em todos os Estabelecimentos que vêm com bolsas e outros que, por um orçamento que é conhecido e que
de Ensino, designadamente nos Esta- iniciativa própria ou por outras orga- tem que gerir com extremo rigor, o
belecimentos de Ensino Superior. nizações, venham a escolher o Insti- que se coloca também aos próprios
O Instituto já teve essa vocação, já tuto para a sua formação. Estabelecimentos Militares de Ensino,
fez formação de nível superior, mas é É também um processo de cresci- onde lhe é exigida uma grande gestão
importante também uma grande dose mento, um processo dinâmico que vai das propinas e da sua aplicação quan-
de realismo entre as capacidades do ao encontro daquilo que se estabele- to à sua vivência diária e dos investi-
Instituto, o seu universo e a sua dis- ceu; julgo que o Exército tem uma mentos que têm que efectuar. O
ponibilidade em termos docentes, que postura muito realista e concreta com Exército neste momento, em termos
caracterizem este estabelecimento o estímulo à qualidade, à adequação orçamentais, não tem disponibilidade
como estabelecimento de ensino su- para que o produto final seja reconhe- para corresponder ao que eventual-
perior. Nos últimos anos, em 2006 cido. mente poderia ser desejado.
havia muitas interrogações acerca do Em termos do apoio social temos
futuro do Instituto dos Pupilos do Boletim – Os Pupilos, desde a tido uma ligação estreita com o IAS-
Exército, a tutela, neste caso concreto, sua génese, são uma Instituição FA no sentido de equacionar o apoio
o Comando do Exército não teve com um forte cariz de apoio social. escolar às famílias com maiores difi-
dúvidas em relação ao futuro e apos- Existem muitos Encarregados de culdades; já houve a oportunidade de
tou numa determinada via que é Educação Civis que procuram uma sensibilizar os outros ramos, pois o
aquela que estamos a praticar. Suspen- alternativa à escola pública e que Exército suporta as famílias de todos
demos essa vertente universitária com gostariam de optar pelos Pupilos, os militares que acorrem ao Instituto
uma visão muito pragmática e muito em regime de Externato. e que, eventualmente, têm necessida-
realista e hoje estamos num processo No entanto, sabemos que a le- de de apoio social, independentemen-
de crescimento natural, que se traduz gislação em vigor ao fixar a mensa- te de serem da Marinha ou da Força
numa questão fundamental que é o lidade de um aluno externo (de EE Aérea ou dos Deficientes das Forças
aumento do número de alunos. Este civis) em função da mensalidade de Armadas sejam do Exército ou dos
ano já tivemos um indicador positivo, um aluno interno, torna este desejo outros Ramos, todos esses filhos de
mais alunos este ano do que no ano economicamente difícil. militares são subsidiados exactamente
lectivo anterior. Na actual situação problemática da mesma forma, como o são os da
Julgo que à medida que a afirmação para muitas Famílias Portuguesas, GNR e da PSP.
do Instituto for sendo feita, no senti- é viável colocar o problema de modo O Exército tem vindo a cumprir,
do da qualidade do seu ensino, do a que se torne possível flexibilizar escrupulosamente, os preceitos de
reconhecimento da Escola no Ranking o rácio da mensalidade entre o apoio às famílias que necessitam de
Nacional, que hoje também é impor- aluno Interno e o Externo (de EE apoio social. Com recursos limitados
tante e, sobretudo, quando os primei- civis)? temos que gerir estas questões duma
ros formandos começarem, natural- forma muito realista e com muito
mente, a ingressar no mercado de Gen. CEME – Ainda não lhe pos- rigor; temos apelado aos outros Ramos
trabalho, teremos a resposta e o estí- so dar uma resposta definitiva porque e vamos também fazê-lo em relação
mulo para vermos se o Instituto al- estamos a estudar o assunto com a à Guarda Nacional Republicana e à
cançou a dimensão e a dinâmica que Direcção do Instituto, mas também PSP para que avaliem, dentro dos seus
desejamos e que hoje, infelizmente, com os outros Colégios e com o Co- meios de apoio social, se podem par-
ainda não tem. mando da Instrução; o que eu posso ticipar neste processo, onde ninguém
34 Boletim da associação dos PuPilos do exército