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1911 – querer é Poder – 2011
PuPilos do exército – 100 aNos de eNsiNo e cidadaNia
Em Lisboa, a resistência monárquica concentrou-se no
Rossio [A Policia desapareceu das ruas e a Guarda Municipal, dos Jornais: Preparando a normalidade * Dentro
dispôs-se em redor dos Quartéis, pronta a disparar. Na área da do novo regime – A Proclamação da República
Baixa, deixara-se de poder circular. Nas embocaduras das ruas do O acto decorreu no edifício da Câmara Municipal às
Ouro e da Prata, foram montadas metralhadoras para repelir um 9 horas da manhã. Fora no largo do Município, agglo-
possível ataque e ou, reforços dos marinheiros.], – [As forças mo- merava-se uma multidão enorme. O Sr. Dr. Eusébio Leão,
nárquicas, conservaram-se durante todo o dia 4 e a noite de 5, por membro do Directório, abeirou-se da varanda dos Paços
vezes debaixo do fogo da Rotunda e dos tiros de peça, dos navios, do Concelho, e falando enthusiasticamente ao povo, de-
no mar.], enquanto os republicanos continuavam a resis- clarou que a República acabava de substituir o regímen
tir na Rotunda e os restantes revoltosos atacavam os monarchico no governo da Nação.
quartéis fiéis ao governo, que chegou a ordenar a vinda …
para Lisboa de militares aquartelados nas regiões limítro- Concluída esta fala, o Sr. Inocêncio Camacho, outro
fes da capital. membro do Directório, lê ao povo os nomes das pessoas
O pacifismo do Exército ia aumentando, na medida em que constituem o governo provisório, nomeados pouco
que se tornava óbvio, que a revolução iria triunfar. Na antes.
madrugada de 5 de Outubro, as forças de Infantaria 5 e
de Caçadores 5 (que à mais de 24 horas ocupavam, o
Rossio) davam mostras de grande descontentamento. Como triunfou a república – do Jornal ”A Capital – 5 de
No dia 5 de Outubro, pelas oito horas da manhã – deu- outubro de 2010”
-se um incidente que iria apressar o desfecho da luta – o “Que escrever quando os olhos ainda se enublam de
ministro-plenipotenciário da Alemanha, [Num automóvel, lágrimas de emoção, e o peito ainda palpita com a vibração
onde flutuava uma “bandeira branca” dirigiu-se ao Quartel-Gene- de ansiedade enorme que o agitou durante estes dias de
ral, para requerer uma hora de tréguas, afim de os súbditos alemães
pudessem embarcar sem perigo.] decidiu intervir, solicitando gloria e de tragédia?!”(sic).
aos revoltosos e ao governo um armistício, após o que se “A República nasceu. A República está em luta. No
dirigiu à Rotunda. O povo, desconhecendo as suas intenções próprio momento em que escrevemos passam sob as nos-
e julgando tratar-se da rendição dos monárquicos, encheu sas janelas, soldados e civis, homens e crianças entoando,
a Avenida da Liberdade gritando com euforia a vitória como n´um coro, a mesma aclamação frenética ao regímen
que alvorece. É a imagem d´um Povo irmanado n´uma
republicana. [Descartando as vítimas de assassínio ou acidente, mesma vontade e n´uma mesma aspiração, a que perpassa
o “Triunfo da República”, com base nos jornais, fez 76 mortos e 347 perante os mesmos olhos. A este grito, que de toda a par-
feridos, muitos deles graves.]. No Rossio, invadiu a praça e te se eleva: ”Viva a República” Correspondem-nos com o
“fraternizou” com os soldados. A Monarquia tinha acabado. compromisso íntimo de a fazer viver uma larga, forte,
Em breve se descobriu que ninguém queria lutar pelo harmoniosa e honrada vida”.(sic)
Regime [Pelas 6 horas, do dia 5 Out. Oficiais de Infantaria 5, “Pouco depois da 3 horas, o Directório do Partido Re-
declararam ao QG que não se opunham a um desembarque de publicano, fez publicar o seguinte: ”O directório do partido
marinheiros, no Terreiro do Paço. Chegando à mesma conclusão, os republicano recomenda a todos os cidadãos a maior urba-
Oficiais de Caçadores 5, pelas 6h30, mandaram informar os navios nidade com a s pessoas dos polícias e guardas municipais,
rebeldes, das suas intenções.]. A tensão era quase insuportável. visto que todos se renderam, não havendo portanto motivos
As tropas praticavam actos de rebelião aberta. alguns para agressões; e pede a todos os cidadãos que man-
A bandeira do Partido Republicano foi hasteada em tenham como sempre a mais completa ordem”.(sic)
muitos pontos da cidade e içada no Quartel-General [Pa- “Chegam ao Governo Civil notícias sobre uma tenta-
lácio dos Almadas, no Rocio, onde se sediava a 1.ª Divisão do tiva de reacção monarchica no quartel da Estrela, onde
Exército, comandada pelo Gen. Gorjão. O chefe Governo – Teixeira está a Guarda Municipal, e em Queluz, onde está o Gru-
de Sousa, reunia em sua casa com elementos do Governo e tentava po de Baterias a Cavalo ... o seu comandante Sr. Paiva
coordenar-se com o Rei, nas Necessidades.]. Couceiro, recusa-se a receber uma Bandeira republicana
A resistência monárquica [Os únicos militares que atacaram que o povo lhe oferece e declara, que vai partir para Ma-
os rebeldes foram os “pretorianos” da Guarda Municipal e uns fra e pôs-se ao lado da família Real.”(sic)
tantos oficiais “africanistas” da “camarilha palaciana” e quatro ou “Às 5 e 30.O Regimento de Infantaria II proclama a
cinco aristocratas como Paiva Couceiro, Martins de Lima, Van República em Setúbal, ao som da “Marselheza”.(sic)
Zeler e Pinheiro Chagas. Mais tarde”não passavam de um “bando “Em Setúbal a “canhoneira Zaire” arvora a Bandeira
de conspiradores” contra o regime.] não teve outra alternativa republicana; no Seixal, a bandeira é içada no edifício da
se não a de abandonar os seus postos. Câmara e o administrador foge”.(sic)
Boletim da associação dos PuPilos do exército 41