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Evocações umA VIDA POR VInTE E CInCO CEnTéSImOS
VInTE E CInCO CEnTéSImOS PARA umA VIDA
O LEmA “QuERER é PODER”
mARCOu-mE INDELEVELmENtE PARA tODA A VIDA.
assava o ano escolar lista) que me reprovassem para
1969/1970 quando, no que no ano seguinte pudesse ob-
final do 3º período, an- ter uma média final de ano condi- anterior) roubava-me muito do
dava eu no 3º Ano do zente com o propósito de possibi-
PCurso Geral do Comér- litar-me a entrada no Curso de
cio e Preparatório para o Curso Contabilista, ou seja, obter uma
Médio de Contabilista, no mo- média que no mínimo teria de ser
mento da afixação das pautas, sou de 12 valores.
confrontado com a situação que Efectivamente tal não veio a
me iria marcar acontecer ficando-me eu pelos 11,6
para toda a mi- valores, como reza a minha cader-
nha vida. neta escolar que tenho em minha
Em boa ver- posse.
dade diga-se, já Eram anos de muito estudo e sa-
tinham existido ber pois no currículo escolar cons-
antes duas situ- tavam nada mais, nada menos do
ações sem as que 16 (dezasseis) disciplinas no 3º
quais - quase de período sendo que destas tínhamos
certeza - nunca exame no final do ano a creio que -
Rui S. R. Silva esta que vou se a memória não me falha – a doze
(19640018) narrar poderia ou treze disciplinas.
acontecer. Contudo, a minha vontade de
A primeira foi o meu irmão entrar no Curso de Contabilista
mais velho ter já entrado para o era enorme,
“Pilão” em 1960/1961 (n.º 93). por todos os
A segunda foi um conjunto de motivos, no-
duas coisas que se interligam: meadamente
Por um lado o ter oito irmãos e por saber das
ser filho de um 1º Cabo da GNR. dificuldades
Estes factores conjugados per- económicas
mitiram-me entrar nos Pupilos do que a minha
Exército em 01/10/1964, podendo família tinha.
estudar gratuitamente, pois per- A calen tav a
tencia ao 1º Grupo, ou seja, ao gru- muito a espe-
po dos alunos oriundos de famí- rança de poder
lias carenciadas. prosseguir os
Por outro lado, ainda, pelo fac- estudos dentro
to de ser um aluno que gostava do Pilão, en-
mais de jogar à bola do que “mar- trando no Cur-
rar” o que me levava quase sem- so de Contabi-
pre a tirar umas notas que pouco lista.
passavam acima de “pau e bola” A c o n t e c e
(10 valores). que no decor-
No 2º Ano do Curso Geral de rer do 3º Ano
Comércio em 1967/1968, já nos úl- do Curso Geral
timos dias do 3º período, verifi- do Comércio, o
quei que a minha passagem de futebol de sa-
ano se ficaria pela média de 10,5/11 lão (onde tinha
valores pelo que fui “pedir” a al- sido campeão
guns professores (com a ajuda do da Mocidade
meu irmão mais velho nessa altu- P ortuguesa
ra no 2º Ano do Curso de Contabi- numa final dis-
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putadíssima com o Colégio Mili-
tar a quem ganhamos 2-1, no ano
meu tempo e das minhas energias.
Vai daí que com a ajuda da minha
“prima” preguiça tudo se conju-
gou para que a minha meta tenha
ficado pelo caminho.
Importará lembrar que era
condição obrigatória a um aluno
para poder entrar no Curso Médio
de Contabilista obter a média final
de 12 valores no Curso Geral do
Comércio, sem arredondamentos.
Resultados alcançados, confor-
me descritos na minha caderneta
escolar:
2º Ano do Curso Geral de Co-
mércio (23Jul1969) 11,6 valores
3º Ano do Curso Geral de Co-
mércio (25Jul1970) 11,9 valores.
Temos pois a média de 11,75 va-
lores.
Não deixa ser caricato que na teriam proporcionado a minha 1974 – Segundo ano do Curso
certidão passada pelo Secretário ida para o Curso Médio de Conta- Complementar dos Liceus (antigo
bilista, tal era a minha vontade de
Sétimo Ano), no Liceu Normal de
Escolar dos Pupilos do Exército, à
data, Major Boavida Pinheiro (ex poder ter conseguido tal feito. Salvador Coreia, em Luanda;
aluno), datada de 4 de Setembro Volvidos quase quarenta e seis 1981 – Licenciatura em Filoso-
de 1976, lá esteja certificada a con- anos quero dar o meu testemunho fia, na Faculdade de Filosofia da
clusão do Curso Geral do Comér-
de “vencedor” nestes termos:
Universidade do Porto;
cio com 12 valores. 1º O quanto eu sofri por não ter 2000 – Grau de Mestre em
Pelo que fica explicado atrás, entrado no Curso Médio de Con- Educação, Área de Especialização
torna-se claro que por 25 centési- tabilista;
mos se pode fazer ou desfazer 2º Nunca
uma vida, ou seja, se permite ou me esqueci do
impede, se impediu que eu pudes- lema “QUE-
se prosseguir estudos no Pilão e RER É PO-
tivesse de abandonar a casa TÃO DER” por vá-
BELA E TÃO RIDENTE QUE rias razões e
TEM POR LEMA O SEU, QUE- por hoje poder
RER É PODER. afirmar que
Se fosse o Astérix teria dito, sem pretender
nessa altura, que o Céu me tinha entrar em la-
caído em cima. mechices e ser
Fui ainda nesse ano fazer exa- exemplo para
me de admissão ao Instituto Co- quem quer que
mercial de Lisboa. Dos cerca de seja orgulho-
algumas centenas que se subme- me muito por
teram a exame apenas algumas ter visto um dia
dezenas tiveram o mérito de ser essa divisa,
admitidos, enquanto eu nesse ve- pois funcionou
rão de 70 alcançava a segunda como a cente-
derrota pessoal, apesar de ter ob- lha que me alu-
tido 11,5 valores de média nas miou e conti-
duas disciplinas (exame reduzido nua a guiar na
pois com o nosso curso era-nos vida;
dada equivalência à Secção Pre- 3º É com
paratória para a entrada ao Insti- todo o orgulho
tuto Comercial e também ao 5º que posso dizer
Ano do Curso Liceal da época). ter sido aluno
Recordo hoje com um misto de durante seis
agrado e alguma tristeza à mistu- anos no então
ra esse, para mim, marcante verão ITMPE;
de 1970. 4º Hoje de-
Primeiro tendo que digerir a sempenho as
não progressão de estudos no Pi- funções de Di-
lão, para de seguida ter de ultra- rector dum Agrupamento de Es- em Desenvolvimento Curricular,
passar a minha meia reprovação colas público onde se ministra en- na Universidade do Minho, Bra-
no exame de admissão ao Instituo sino e educação desde o Pré-Esco- ga;
Comercial, pois mesmo tendo po- lar até ao Ensino Secundário. O 2007 – Curso de Especializa-
sitiva não foi suficiente para en- Instituto Militar dos Pupilos do ção em Administração Escolar, na
trar. Exército e o tempo que lá estudei Universidade do Minho, Braga.
Durante bastantes anos convi- são ainda hoje uma fonte de inspi- Para concluir gostaria que este
vi com estes desaires revivendo ração para algumas das minhas meu testemunho pudesse garan-
em sonhos a amargura e tristeza metas e objectivos pessoais e pro- tir a todos os que o venham a ler
por não ter podido continuar nos fissionais; que, quando não desistimos e con-
Pupilos. 5º É ainda com orgulho conti- seguimos aprender a melhorar
Cheguei mesmo a sonhar que do que digo que nunca mais parei com os nossos “erros”, encontra-
os professores do Pilão voltaram de estudar desde que saí do Pilão, mos – mais cedo ou mais tarde – a
a reunir passados alguns dias e com o seguinte percurso: recompensa e o sucesso.
teriam decidido pela reconsidera- 1970 – Curso Geral do Comér-
ção de notas e consequentemente cio, no ITMPE; QUERER É PODER!
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