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PUPILOS DO EXÉRCITO IPE
INSTITUTO DOS
o “Campo de Concentração do Tarrafal” – Colónia Penal, na ilha de Por outro lado, a mesma “acção concertada” verificava-se nos
Santiago (Cabo Verde). campos de concentração mais conhecidos na Galiza, os de Lubián,
Lavacolla (Santiago de Compostela) e o cárcere de extermínio da Ilha
a educação nacional de São Simão (comarca de Vigo). Existem, ainda, em cada cidade ou
vila, lugares, não reconhecidos, de fuzilamento maciço e continuado de
O Estado Novo utiliza a política educativa para inculcar a sua pessoas, que foram consideradas “perigosas” para o regime fascista,
doutrina, nos espaços escolares, mas também na família e na comuni- católicas ou não.
dade. A escola nacionalista integra uma forte corporização ideológica e As potências europeias de governos democráticos (a Inglaterra e a
de doutrinação moral, interiorizando um modelo de sociedade unifica- França) assumiram uma «política de não intervenção», que se inscrevia
da no plano político, simbólico e cultural. Para conseguir esse modelo na estratégia, de apaziguamento, para com o expansionismo agressivo
de sociedade adoptam-se algumas medidas: compartimentação do e nacionalista alemão.
ensino, pela separação dos sexos e contra a escola única; realismo Para a Europa, a guerra civil de Espanha, onde a Alemanha ensaiou
pragmático, nivelando por baixo as aprendizagens escolares; centralis- novas tácticas militares, empregando simultaneamente blindados,
mo administrativo através de mecanismos de inspecção e controlo do aviação e infantaria, foi uma preparação para a II Guerra Mundial, e
corpo docente; desprofissionalização do professorado, pela desvalori- reforçou a aliança entre a Alemanha nazi e a Itália fascista.
zação das bases profissionais e científicas da actividade docente. Impõe-
-se o livro único; cria-se a Mocidade Portuguesa (11de Abril1936)
[Organização de carácter milicial dirigida às camadas mais jovens da
população, por decreto em 1936, tendo a sua secção feminina sido
criada dois anos mais tarde]. Em 1939 seria alargada às colónias. A
criação e manutenção de organizações milícias, não eram exclusivas do
Estado Novo português, na realidade, encontram-se organizações do
mesmo tipo quer na Itália de Mussolini (Balilas) quer na Alemanha
hitleriana (Hitlerjugend) e na Obra das Mães pela Educação Nacional.
Crianças espanholas Igreja saqueada Chorando uma vítima
1936/39
“deus, pátria e Família”
A II República espanhola chegava ao seu término, numa cons-
Salazar (26Maio36), lança a “célebre” trilogia do Estado Novo – “Não tante “luta” fratricida, onde se revelaram as maiores intolerâncias politico-
discutamos Deus e a virtude; Não discutamos a Pátria e a sua história; -partidarias pelos vários partidos e autores, como grande desrespeito pela
não discutamos a Autoridade e o seu prestígio; Não discutamos a Fa- condição humana, e, do individuo-cidadão, aquando dos confrontos
mília e a sua moral; não discutamos a glória do Trabalho e o seu dever”. militares, entres os diversos beligerantes, no terreno. Atente-se o balanço,
quanto ao número de vítimas, que a “Intermitente – Guerra Civil” provo-
a guerra civil de espanha (i) cou no País, entre mortos, feridos, presos e, ou deportados.
A 18 de Julho de 1936 um pronunciamento militar de generais e a oposição antifascista portuguesa
oficiais superiores das forças armadas, contra o poder republicano da
Frente Popular, que vencera as eleições de 16 Fevereiro de 1936, ini- A primeira fase da luta oposicionista à ditadura militar, chamada de
ciaram uma guerra civil em Espanha, durando três anos, tendo termi- «reviralho», congrega republicanos, anarco-sindicalistas e comunistas
nado a 1 de Abril de 1939. e abrange o período de 1926 a 1931, com atentados e revoltas em 1927,
O Generalíssimo Franco inicia a ofensiva na Catalunha (Dez38), 1928, 1931 e 1934.
com a ajuda italiana toma Barcelona (26Jan39), em 27Fev desse ano, No primeiro dia de Agosto de 1935, os comunistas organizam um
a França e a Inglaterra reconhecem o novo Governo Espanhol – Franco “Dias Mundial” contra a Guerra e o Fascismo, protestando com uma
chegava ao poder. manifestação, contra a invasão da Abissínia e, acabando no apedreja-
Com a vitória das forças nacionalistas do Generalíssimo Franco, mento da embaixada italiana, Um dos organizadores da manifestação,
que “acalentou” a rebelião em Marrocos e, veio a assumir o comando sob as ordens de Bento Gonçalves, é Francisco Ferreira, depois, cha-
das forças nacionalistas, depois da morte do general Sanjurjo, em mado de Chico da CUF.
Portugal, quando levantava voo, para seguir para Espanha. A Alemanha Em 1935, o PCP, já na clandestinidade, organiza a Frente Popular
Nazi, Salazar e a Itália fascista, apoiaram os rebeldes nacionalistas, Portuguesa com alguma influência nos meios republicanos exilados e
enquanto a União Soviética e a República do México, apoiaram o go- na juventude estudantil e intelectual, apoiando o governo republicano
verno republicano. espanhol, na Guerra Civil de Espanha.
Na Galiza, zona que ficara na “retaguarda fascista” (militarmente Reconheceremos, que as “Confrontações”, “Casos” e “Situa-
ocupadas logo no início), a luta republicana encontrou a forma de ções” não irão ficar, por aqui.
guerrilhas organizadas, que levaram a luta, até depois de 1956. Sobre estes “temas”: A Mocidade, A Milícia, A Legião &
O Franquismo instaurou o método dos “passeios” (ir procurar Santos Costa (1936)
pessoas a sua casa para “passeá-los”, ou seja, fuzilá-los à noite e Abordá-los-emos. Por aqui, não ficaremos.
deixá-los nas valetas). Através deste método e dos confrontos armados
com a guerrilha morreram 197 000 pessoas. Cerca de 200 mil galegos Cum grano salis, corrente calamo
fugiram exilando-se para outros países. (Com um grão de sal, ao correr da pena)
BOLETIM DA ASSOCIAÇÃO DOS PUPILOS DO EXÉRCITO 49