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cultura & conhecimento



                             Árias, aberturas, adágios e quejandos.







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                                                                                     1948.0265
            oje vamos falar simplesmente de música. A música, a cha-  lodia que nos deixa arrepiados pelo som sublime. Podem depois
            mada “boa” música, é como o cinema. Assinalo a palavra  passar para uma bonita ária, como por exemplo Ó Meu Banbino
       Hboa porque boa é toda aquela de que nós gostamos, seja  Caro da ópera Gianni Schicchi, de Puccini. Desta ária existe uma
       ela clássica, moderna, rock ou pimba. E digo que é como o cine-  muito boa interpretação de Maria Calas, mas também muitas ou-
       ma, porque ver um filme no sossego e ambiente de uma sala  tras de grandes sopranos. Oiçam a seguir a Serenata de Toselli, o
       própria, não é a mesma coisa de o ver em casa na TV. Na nossa  Adágio de Albinoni, o Intermezzo da Cavalleria Rusticana de Mas-
       sala, jantamos, a mulher fala, o cão ladra, a porta toca, os putos  cagni ou o Adagietto da sinfonia nº 5 de Mahler.
       berram e nós acabamos por ver o filme atravessado, perdendo   Poderão também optar por obras como: As quatro Estações,
       normalmente pormenores de muito interesse. Com a música é  de Vivaldi, a Abertura 1812, de Tchaikovsky ou a Abertura de O
       a mesma coisa. Esta deve ouvir-se ou em salas de concerto ou  Morcego, de Strauss.
       na nossa sala sozinhos, colocando o CD no aparelho e deixar a   Todas estas músicas que aqui refiro, são excelentes exemplos
       quadrifonia espalhar o som de forma, a que o mesmo entre pela  que  desmistificam  a  música  clássica,  mostrando  quão  simples,
       nossa cabeça. Sentados na cadeira da sala de concertos ou no  romântica e melodiosa ela pode ser como qualquer canção dita
       sofá da sala, de olhos fechados e ouvido aberto, até podemos  ligeira. Depois destas audições, estou certo que os meus caros
       “ver” as notas a serem colocadas na pauta pelo compositor, iden-  Pilões, que não as conheciam, ficarão adeptos e aqueles que já
       tificar os naipes instrumentais, e até imaginar o maestro à frente  conhecem e apreciam, vão já para o vosso salão mais amplo,
       de uma grande orquestra.                               colocar o CD na aparelhagem e recordar alguma ou todas estas
          É assim que gosto de ouvir a minha música, ou melhor, gos-  excelentes obras. Não ponham o som demasiado alto, não só
       tava, porque entretanto o laser do aparelho pifou e ainda não  para não darem cabo dos ouvidos, como também para que os
       comprei outro. Limito-me agora a colocar o CD no computador e  vizinhos, menos apreciadores, não comecem a bater nas paredes.
       ligar este ao amplificador. Também resulta.            Deixem a música penetrar na vossas consciências e vão ver como
          Depois deste intróito vamos então dissertar um pouco sobre  depois, estarão mais despertos, sensíveis e conscientes do que
       árias, aberturas, adágios e quejandos, que valem a pena ouvir, da-  vos rodeia e abertos para compreenderem os vossos semelhan-
       quele tipo de música de que mais gosto, que é como já é sabido,  tes. Se tiverem netos, poderá ser uma boa forma de iniciação à
       a dita clássica.                                       apreciação da bela música, aproveitando também para falarem
          Coloquem o CD no local próprio e rodem o adágio da Thais,  um pouco sobre a vida e obra dos autores. Serão, de certeza, os
       de Massenet e deixem-se envolver por essa linda e romântica me-  ouvintes do futuro. A boa música merece ser ouvida e divulgada.













































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