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Crónicas REFLEXÕES: DOS CLAuSTROS À mADALEnA crónicas
mAIO DE 68. GERAÇãO DE SESSEnTA...E hOJE...
acrescentando ainda: «Essa vaga teve reitos Cívicos e Nobel da Paz (1964) - é No espaço, Americanos (Apolo 8,
“Liquidar heranças...como, se ainda as estamos cumprindo?” por suporte o prolongado crescimento assassinado em Memphis / E.U.A.. em 21 de Dezembro) e Russos (Zond-6, a
aio 68.Há quarenta guerra, contra o capitalismo, melhores Os jornais ditam que este “filósofo económico do pós-guerra e iniciou-se, -O senador e candidato à Presidên- 18 de Novembro) intensificam a sua
anos», parecia-me coe- condições no e para outro ensino...Tudo de Maio” declara «vivi uma aventura fi- porventura, nos E.U.A., o país mais cia Norte Americana, Robert Kennedy, competição. Os primeiros chegariam,
rente, ajustado (justo) e isto e tantas outras reivindicações com losófica....como se estivesse nas ruas de avançado do mundo, mas cujas estrutu- é assassinado em Los Angeles. com o homem, à Lua, em Julho do ano
pedagógico, relacionar palavras de ordem eternas,tais como: Atenas, qual Sócrates que ia passeando ras culturais tinham ficado aquém da -Em França (a 30 de Junho) De Gaulle, seguinte (Apolo 11).
Mo «primeiro de Maio» - “sous le pavé,la plage”(debaixo da cal- e interrogando os sábios, os anciãos, os evolução social». ganha as legislativas com maioria abso- Muitos e muitos mais eventos pode-
(em memória desse «Dia do Trabalha- çada, a praia), poetas, os políticos – tudo autoridades Termina esta reflexão, ainda o mes- luta, apesar dos acontecimentos de Maio. rão ser recordados, apesar do significa-
dor» que - em 1974 - sufragou nas ruas - “é proibido proibir”, que achavam que eles é que sabiam» (…) mo sociólogo, dizendo-nos: «…o movi- -No Iraque, Saddam Hussein, torna-se do e relevância dos que se apontam.
das nossas terras, de mãos nas mãos, «o - “make love,not war” (faz o amor, não a Maio «68 foi exactamente a mesma mento é absolutamente moderno, para Vice-Presidente. Eles são “blow-up” de um conjunto
nosso 25 de Abril») com «o Maio de 68» guerra) aventura. A direita persistia na velha usar a frase de Rimbaud, e representa -Acentua-se a crise do Biafra na Ni- de factos caracterizadores de um tem-
(a fazer mais de quarenta anos) e ainda “somos realistas, queremos o impossí- França do século XIX e a esquerda uma actualização dos quadros mentais géria, onde diáriamente morrem mi- po, - de tempos de uma geração - e cada
com uma «Geração»: a que se chamará vel”. numa eternidade marxisto-jacobina das sociedades mais desenvolvidas de lhares de pessoas com fome, sendo os um contém por si só uma cartilha de re-
de «Geração de que impedia de ver o grande massacre então, uma autopresentificação da so- próprios aviões da Cruz Vermelha, com flexão e de consequente aprendizagem
Sessenta». Nesta Com contradições, pois não!? «Que- do século XX – o gulag,etc. Não havia ciedade». alimentos, alvejados por forças no po- e consciencialização.
incluindo todos rendo-se pacifistas, não obstante as pe- um Sócrates mas toda a gente fazia o É por isso muito interessante ao re- der. Sementes a dar os “frutos” que a
que nela gravita- dras das calçadas voaram...» Vi o res- seu pequeno número socrático, ques- visitar alguns dos acontecimentos, mais -Em Portugal, do lote de eventos, “terra” (indivíduo/cosmo) conseguir
ram, dela recebe- caldo. Quis o destino que lá estivesse. tionando tudo.» (excerto jornal: significativos do ano de 1968, sentir que marcaram a sua “evolução na conti- brotar e os usos que as gentes merecem
ram luzes e som- Tenente...a três meses de ser capitão. 25 Público/2.05). como eles parecem uma “galeria sinop- nuidade”, a queda de Salazar da sua ca- para desabrochar.
bras... indepen- anos. Habituara-me a ir a Paris (com a Nem mesmo jovens, ou velhos cida- se” retratando as “memórias do antes, deira, em férias, merece o maior dos Por isso, a eles, nunca estivemos ou
dentemente “das sede do que Lisboa não saciava), já nos dãos, de outras “galáxias” (e a compara- agora e depois”, irreversíveis, para a destaques. Acaba o ditador. Não acaba a estaremos indiferentes: antes, durante
heranças” que con- primeiros anos da década e porque cir- ção entre o Portugal “pobre e oprimido” humanidade, na marca dos anos ses- Ditadura...mas o seu fim surge mais e depois do nosso 25 de Abril...Para
tinuarão a propi- cunstâncias da minha vida pessoal e e uma França “próspera e livre”(e até senta ou de como temos referido da perto. mim e para nós, julgo, há legados, há
Duran Clemente ciar as mais varia- familiar mo permitiam. Havia o «Cercle chauvinista),em 1968, colocava-nos, de “Geração de Sessenta” não podendo se- -Em África, já quase só restam como heranças...Com o “passado” e os “passa-
(19530030) das - e por vezes des Armées » (Messe de oficiais) na pra- facto, noutro sistema austral)…Nem quer dizer-se que este ou qualquer ou- Colónias, as colónias portuguesas. A dos” aprendidos honrámos os portu-
estranhas - teses ! ça de St.Augustin,8 . As livrarias do mesmo contagiados por graus de obs- tro ano sejam o seu reflexo. Eles são o Guiné-Equatorial (ex-Rio Muni /Espa- gueses, ao contribuir para a sua Liber-
Os factos são mais fortes que os sím- “quartier latin”, os museus, a cultura curantismo ou de desconhecimento, seu todo. Anos. Gerações. Prosseguem. nha) torna-se independente (Outubro), tação, sendo-lhes justos...ou fazendo
bolos que os caracterizam, lhes dão ida- em rodopio, os filmes inteiros…e o custo com latitudes diversas…nos pareceu, no fim dum ciclo (1957/66) em que qua- por sê-lo.
de e lhe darão História...Esta, a “histó- de vida (tão alto para nós) a permitir alguma vez aceitável “que o questionar Marcos de 1968.Acontecimentos,rea se todas as colónias se libertam dos co- Quisemos o melhor com alguma
ria”, ao contrário do que me quiseram que ficássemos pelas “sanduíches”…! tudo” fosse um “passeio”por rebeldia lidades,dramas,tragédias…sementes, lonizadores. utopia ou idealismo e até ingenuidade...
dizer em miúdo, existe antes dos “escri- Já tinha lido e visto alguma coisa. gratuita, diletantismo ou mero infanti- frutos…também são de 1968. Seleccio- -Os jogos olímpicos no México ficam Éramos tão novos, não só ou já, em 1974,
tos” e se revela por outros meios: os da Mas não entendia bem. Para nós portu- lismo contestatário. nam-se alguns, considerados, dos mais marcados. como nos primeiros anos duma guerra
sua contemporaneidade...longe ou pró- gueses...de que é que se queixariam!?. O Maio de 68 é por si só um marco significativos: Antes, por manifestações de estu- (1961 ou 62...ou 68).
xima. Surge-nos é com diferentes sím- Parecia-nos tudo tão bom e tão livre. dum ano, cheio de outros eventos que -A contestação intelectual ao regime dantes na sua capital. Estas serão repri- Há “muito em nós”, jovens rebeldes
bolos, num ciclo ou ciclos, de outras Muitas das exigências pareciam estar se descrevem a seguir…Nem ele é o prin- soviético acentua-se e consegue fazer midas com massacre e sangue. Afirma- e desassossegados, da essência «sois-
épocas ou idades. satisfeitas. Foi-se percebendo melhor e cípio nem fim de nada. Herda dos anos transpirar para o exterior nomes de se que o numero de vitimas mortais sante huitard” (do Maio de 68).
Qualquer seja o ponto de vista onde eu pessoalmente lembrei-me da frase anteriores as sementes de inquietação prisioneiros políticos. poderá ter atingido as três centanas. Por isso ressoa, injusta, deslocada,
se situem os seres pensantes (daí o meu dum professor meu, nos Pupilos: “o ho- internas e externas. Desajustamento -A “grande ofensiva do Tet”, contra Durante os jogos, a saudação do desconexa, intempestiva e brutal, a fra-
recurso à “forte” escultura de Auguste mem é por definição um exigente, quer entre evolução económica e social. Luta posições dos E.U.A. em Saigão, marcam “Blakc Power”. se de alguém, que sendo Presidente da
Rodin: o pensador) estes vão sempre sempre mais e melhor”! pelos direitos cívicos. Contra o dogma e um “volte-face” na guerra do Vietnam. Os atletas afro-americanos Tommie República, o Sr. Nicolas Sarkozy, bra-
criar, especular e tecer as suas ideias. a guerra. Perscrutando para além das Por todo o mundo passa a fotografia de Smith e John Carlos sobem ao pódio. me: «É preciso liquidar a herança de
Fabricar as suas convicções... Mas há agora, e se calhar ao longo fissuras das elites dominantes. Denun- Eddie Adams, do horror da execução – «Ao som do hino Americano baixam a Maio de 68».
Os eventos existiram, sendo singula- dos tempos, filósofos ou analistas que ciando a sociedade de consumo, dos bu- em plena rua – dum Vietcong, com um cabeça, fixam o chão e ergueram o pu- Salvo as devidas diferenças (mas
res na pluralidade que os germinam. alinham noutras interpretações do rocratas e do “socialismo real”.O Esta- tiro na cabeça. nho fechado, cada um com sua luva ne- também por respeito a semelhanças) já
Multiplicam-se em interpretações e ele- Maio de 68. Concebem que «nada mu- do, as desigualdades e subordinações, a -Tem inicio a chamada “Primavera gra...» É esta a imagem para o planeta e ouvi / ouvimos (serão fantasmas?) vo-
vam-se exponencialmente nos efeitos da dou e tudo mudou». Alguns protago- família e escola convencionais, o recal- de Praga” (que duraria cinco meses) para a História. zes, de tons e intenções parecidas, bra-
vida e das gentes. Sendo o que foram não nistas de então colocam-se em posições camento sexual e a desordem discipli- com a eleição de Dubcek, em Março, -Na Grécia apesar dos esforços e mindo: «É preciso liquidar a herança do
voltarão a existir. Causas diferentes, que inquietam alguns de nós. Mas Maio nadora à força… Eram para combater como dirigente máximo do PC, da então tentativas dos democratas, a Junta Mili- 25 de Abril».
tempos diferentes, outras pessoas. de 68 permite-lhes isso. sem tréguas. Checoslováquia. Terminaria a 20 de tar (1967-1974) que tenta impor aos gre- Uns e outros devem aos Movimen-
Poderão ter irmãos parecidos ou até Como é que, por exemplo, os “Glu- Deixa como legado, quantas outras Agosto com a invasão por forças do gos, uma mentalidade neofascista de tos que contestam “a cultura” da capa-
gémeos, mesmo filhos, quiçá netos... cksmann” (pai e filho) no seu livro “ex- sementes, com a particularidade duma pacto de Varsóvia. A “Pátria do Socia- poder é confrontada, em vão, com ten- cidade e possibilidade de “questionar” e
O Maio de 68 está hoje cheio de in- plicar Maio 68 a Nicolas Sarkozy” pare- “revolução cultural” que não quer o Po- lismo” (U.R.S.S) deixa milhares ou mi- tativas do seu derrube em Agosto de até, no caso de Sarkozy, um estilo (nada
terpretações e de concepções filosófico/ cem incitá-lo a dizer «...temos de acabar der. lhões atónitos: invade um país dito 1968.No entanto até consegue reforçar “canónico”) de ser Presidente duma Re-
sociais. Dirão alguns que deixou um le- com a herança de Maio de 68»...?? «E não o queria porque a natureza Amigo. Pretexto? Contra-revolução. os seus poderes. Só cairá com a influên- pública, como a França.
gado na revolução cultural, na liberda- Parece estranho. Talvez não seja!?. do movimento era, antes de mais, an- -À opinião Norte Americana, contra cia do 25 de Abril português. Deve-o “ao Maio de 68” e ele sabe-o!!!
de de expressão, na liberdade sexual... Mas o pai André Glucksmann, de 72 tiautoritária.» - como o diz o Sociólogo a guerra do Vietnam , em crescendo, -Já perto do final deste ano, tão rico Liquidar estas heranças?
igualdade de géneros, contestação e anos, foi um participante activo nos Manuel Villaverde Cabral, exilado-po- juntam-se manifestações de estudantes de acontecimentos marcantes, salien- Como? Se ainda as estamos cum-
corte radical com valores do passado, acontecimentos de há quarenta e dois lítico e trabalhador-estudante em universitários te-se, ainda, a eleição de Richard Ni- prindo....!!
revolta contra o autoritarismo, contra a anos!!! Paris,em 1968- e que mais nos elucida, -Em 4 de Abril , Martin Luther King xon, como Presidente norte-americano
- o activista da luta dos negros pelos Di- (Novembro).
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