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TIMOR – A HOMENAGEM Evocações
im de manhã em Dili. Dia de duas decisões da direcção da As-
quente como é usual nesta sociação dos Pupilos do Exército.
zona do mundo. Caminha- A primeira, a de o tornar sócio
va pela marginal, olhando honorário da APE e, a outra, de ofe-
Fpara o mar, recordando recer, a um jovem órfão a escolher
como foram bravos e destemidos os pelas autoridades timorenses, o
primeiros portugueses que desem- curso no nosso Instituto.
barcaram neste local, tão longe da Senti-me muito orgulhoso desta
sua terra. incumbência, por ter sido o propo-
Aproximava-me do palácio onde nente para sócio desta figura de
no tempo colonial foi o local do go- enorme grandeza moral, cívica e
verno até mil novecentos e setenta e humana e, também, por garantir
cinco, assim como na era dos indo- um futuro melhor e mais risonho a
nésios, e hoje também, lá se encon- um jovem.
tram os governantes timorenses.
Entrei lentamente apreciando o «oferecer, a um jovem ór-
belo e bem tratado jardim e fui-me
dirigindo para a entrada do edifício. fão a escolher pelas auto-
Aí, aguardava-me uma gentil cola- ridades timorenses, um
boradora do governo que de imedia-
to me levou ao primeiro andar. curso no nosso Instituto» Saí do palácio sensibilizado e
Fiquei comodamente instalado, agradecido por esta oportunidade
aguardando a chegada do Homem. Foi reconfortante, ouvir as sábias de ter conversado com alguém que
De repente, apareceu na sala, com palavras de Xanana Gusmão e o seu tem uma vontade e um querer que
uma simpatia contagiante e com um agradecimento pelas atitudes da Timor seja uma Nação forte e coesa.
sorriso tranquilo de alguém que se nossa Associação. É o que todos desejamos.
encontra em paz consigo próprio. O seu forte abraço, que será ex- Assim, termino com o lema dos
Esse alguém era Xanana Gusmão. tensivo a todos os pilões, sela esta Pupilos do Exército:
A figura mítica, que tanto apaixo- agradável conversa que mantive- QUERER É PODER
nou e comoveu o mundo com a sua mos e que ficou para ser continua-
intransigente vontade de ajudar o da, quando da futura visita a Lisboa Dili, Outubro de 2009
seu povo a ser livre e soberano. de Xanana Gusmão.
Foram vinte e sete anos de luta
contra um invasor poderoso e bem
armado, que um grupo de timoren-
ses comandados por este Homem,
partindo das montanhas, consegui-
ram vencer, mesmo contra a opinião
de muitos e poderosos países.
Antes de ir a Timor, tentei ler
tudo sobre este Homem, o que foi a
sua vida e o sacrifício que sofreram
os guerrilheiros para atingirem os
seus objectivos, mas de repente,
como que hipnotizado, esqueci tudo
e fiquei a observar a cativante e cal-
ma figura que é a do Xanana Gus-
mão.
Foi realmente um dia de enorme
importância para mim.
A razão desta minha conversa
com o primeiro-ministro Xanana
Gusmão, para além do imenso pra-
zer que me deu, foi ter sido portador O Primeiro Ministro de Timor, através do José Lencastre, ficou a saber mais dos Pupilos do Exérci-
to, em vésperas do Centenário. Um convívio muito agradável em Dili.
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