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OS NOSSOS PROFISSIONAIS 43
BOLETIM APE | OUT/DEZ 2023
Mas a passagem pelo IMPE e depois pela AM fez-me
ter a certeza de que queria continuar os meus estudos
no âmbito civil. Desde os 10 anos que estava em escolas
militares e tinha decidido que era hora de me sentar nos
bancos de uma instituição universitária civil, a par da vida
profissional como Oficial de Administração Militar. Nesse
contexto castrense cheguei a desempenhar funções na
Escola Prática de Administração Militar, no Depósito Geral
de Material de Intendência e na Direção de Finanças.
Entretanto, conheci um Professor que mudaria
completamente a minha vida. Alguém que viria a ser o meu
Orientador de Mestrado (em Ciência Política – Cidadania
e Governação) e, depois, também o meu Orientador
de Doutoramento (em Sociologia). Chamava-se João
Bettencourt da Câmara. Para mim, ele não foi apenas um
Professor. Foi um Amigo, foi um verdadeiro Mentor, foi
um exemplo de académico. E foi a sua influência e a sua
personalidade que me levaram muito cedo a desejar
dedicar-me à docência universitária. Ainda hoje guardo uma
enorme saudade do melhor Professor que alguma vez tive.
Eu queria ser docente universitário, fosse em contexto
militar, fosse em contexto civil. Logo, fiz por isso: estudei,
apliquei-me e fui em busca do meu sonho profissional. E
assim foi. Não demorou muito tempo para eu ir para a AM
como docente militar e, hoje, ainda continuo por lá, embora,
claro, também com responsabilidades académicas no
Instituto Universitário Militar (IUM). Em 2022 fui aprovado
nas provas de Agregação em Gestão e essa foi mais uma
ferramenta académica que conquistei para exercer as
minhas funções de docência. No âmbito civil, lecionei no
Instituto Superior D. Dinis e no ISLA Campus Lisboa, hoje
convertido na Universidade Europeia, onde leciono há
mais de uma década, seja em formato presencial, seja em
formato online.
Confúcio defendia que se escolhêssemos um trabalho
de que gostássemos, não teríamos de trabalhar nem um
único dia na nossa vida. Acredito que ele tinha razão.
Mas sei que é preciso fazermos muitos sacrifícios para
que isso possa acontecer. Poucas coisas se alcançam
nesta vida sem esforço e sem trabalho honesto. A sorte
é muito útil e é essencial em qualquer trajeto pessoal e
profissional, mas ela só não basta, não é suficiente. E ser
professor universitário, seja em contexto militar, seja em
contexto civil, é uma profissão que não tem um horário
de expediente definido. Para quem conhece bem a vida
de docente universitário, sabe que as aulas são apenas
o cume do iceberg. Há imenso trabalho feito pela noite
dentro e, não raro, também aos fins de semana, sendo que
tudo isso não é imediatamente visível: publicação de livros,
submissão de artigos científicos, elaboração e revisão de
documentos para a (re)acreditação de cursos, preparação
de aulas, preparação de avaliações, correção de testes,
esclarecimentos de dúvidas, orientações e correções
de trabalhos finais de licenciatura, de dissertações de
mestrado e de teses de doutoramento, etc.
Tenho estudantes de quase todas as idades, desde os
17 anos e até bem além dos 60 anos. Aprendo com todos e,
do que me é dado perceber ano letivo após ano letivo, sei
que também aprendem comigo e que gostam bastante das
minhas aulas, estou certo disso. Criei muitas amizades ao
longo destes anos: camaradas nas Forças Armadas, colegas
no universo académico civil, estudantes militares e civis,
praticantes de Taekwondo, e tantos outros em tantas outras
áreas. Se Deus me der saúde, continuarei disponível para dar
o meu melhor nas funções profissionais que exercer.
O IMPE (hoje Instituto dos Pupilos do Exército) foi
o começo de tudo. Mas não foi tudo. O mais importante
nesta vida são as pessoas, sejam as que conheci no IMPE,
sejam as com quem eu privei ao longo de todos estes anos,
tanto na esfera pessoal, como na esfera profissional.
Algumas já partiram. E partiram cedo demais.


























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