Page 33 - Boletim 267 da APE
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 BOLETIM APE | OUT/DEZ 2022
EVOCAÇÕES
 Posteriormente mais tarde em 1967 e 1968 e es- tavam ainda por acontecer em 1969, grandes acon- tecimentos e novidades boas e menos boas, que o futuro registou como muito relevantes para
Portugal e o mundo:
- as grandes cheias pelas chuvas intensas nas áreas suburbanas de Lisboa, em finais de Novembro de 1967.... onde vítimas foram às centenas e omitidas e esquecidas pelo re-
gime;
- tinham ocorri-
do em Maio de 1968 em Paris, vários dias de contestação à cultu-
ra vigente no célebre “Maio 68”
- o acidente em Agosto de 1968 da queda da cadeira, em
tempo de férias no Forte de Santo António, no Estoril, que vitimou Oliveira Salazar, o Presidente do Conselho;
- aproximava-se a primeira viagem do homem à Lua, que se iria concretizar em Julho de 1969...
- o grande sismo muito sentido em Lisboa que ocorreu em finais de Fevereiro de 1969 ...
O ditador Oliveira Salazar líder da única força política a União Nacional, ao sofrer em Agosto de 1968 uma queda de uma cadeira, bateu com a cabeça que o deixou incapacitado após um período de operação e convalescença. O então Presidente da República Almirante Tomás substituiu-o pelo Prof. Marcelo Caetano em Setembro de 1968.
Os rescaldos e prenúncios destes acontecimentos despertam-me mais para a leitura de jornais e para as notícias, no fundo para tudo o que acontecesse ou viesse a acontecer relevante em Portugal e no mundo.
Em Portugal, desde a Constituição de 1933, que era um estado com ausência de liberdades de imprensa, de reunião, de expressão e de associação. Os portugueses por delitos de opinião, reunião e associação eram aprisionados, maltratados e muitos acabaram por morrer nas cadeias ou perseguidos pelo regime.
Os jornais, as revistas, os programas TV e rádio, os espetáculos eram previamente ou presencialmente censurados, e, somente os artigos e comentadores do regime eram permitidos e publicados...
A justiça era exercida pelo regime ou a seu mando....
Os poderes legislativo, executivo e judicial só serão verdadeiramente separados e distintos após a nova Constituição de 1976.
A situação política e social em Portugal em finais de 1968 inícios de 1969, data da foto, começa a interessar-me...
.. .
A foto, tirada de baixo para cima, apresenta-me fardado com a farda interna do Instituto, calças e blusão cinzentos, botas castanhas e colocado em cima de um móvel metálico existente em todas as camaratas disponível para guardar e arrumar as nossas fardas, roupas e haveres ......
Um camarada, que não me recordo quem, tirou a foto no pavimento da camarata.... e posteriormente ofereceu-ma....
Foi a prova da minha grande adesão e homenagem ao mundo das comunicações e ao jornalismo...
Ainda hoje não sei quem terá sido... quem foi o “artista” fotógrafo” ...mas certo é que seria o proprietário de máquina, um luxo ao tempo....
Nas mãos tinha aberto o jornal diário “Diário Popular”, que já não se publica...
A fotografia seria para enviar a alguém e para ilustrar o “nascimento” da minha paixão pelo jornalismo e pela informação, com origem nos factos históricos e sociais atrás referidos e me despertaram como jovem aluno do Instituto e cidadão....
Nunca a enviei a alguém e hoje quando a revejo, considero-a uma fotografia artística e para exposição em galeria de arte ...
Todos os dias leio um jornal diário, semanalmente um jornal semanário, algumas revistas, e leio algumas, poucas, notícias pela internet...
Das redes sociais, não sou frequentador...... e fujo delas “como o diabo da cruz” ...
A paixão pela comunicação escrita, perdura...
PS: No Boletim no 265 da APE, no meu artigo “Os irmãos no Instituto...” escrevi que não tinha conhecimento de 4 irmãos no Instituto. Pois os “Leandro” foram 4. Esta informação foi-me dada pelos 2 “Leandro”, no almoço APE em Junho passado, meus contemporâneos no Instituto.
Obrigado aos “Leandro”.
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