Page 41 - Boletim numero 257 da APE
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 EVOCAÇõES
 Todas estas peripécias foram vividas antes do 25 de Abril de 1974.
Com o 25 de Abril de 1974 toda a sociedade «explodiu» politicamente e os Pupilos do Exército não foram excepção. A força mais activa, dentro do Instituto, era o MRPP. A pri- meira conquista dos alunos, neste período, foi a abolição em formatura na deslocação da 1a. para a 2a secção, pas- sando os alunos a sair em grupos pequenos.
Nas festas de aniversário em 25 de Maio, eram exibidas classes de ginástica e dos desportos colectivos que culmina- vam com o desfile militar dos alunos na Parada comandados por alunos graduados. A presidir a estas cerimónias estavam altas individualidades, civis e militares, num palanque co- berto, e nas restantes bancadas, familiares e amigos dos alunos. A certa altura do desfile irrompe da bancada um alu- no que voltando-se, ostensivamente para as individualida- des ali presentes, pergunta em voz alta: «Porque é que os fascistas aí sentados estão à sombra e os nossos familiares estão ao sol?» Foi de imediato neutralizado e posto fora dos Pupilos, sendo obrigado, dias depois, a anular a matrícula.
A última história, esta familiar, passada também num dia de serviço, com a entrada da minha esposa na Casa de Saú- de da Família Militar para ter uma criança. Dia de oficial de dia muito agitado, com grande ansiedade, a tal ponto que por volta das 23 horas, avisei o sargento de dia que acumu- laria as duas funções, durante uma ou duas horas, para me ausentar à Casa de Saúde inteirar-me do estado de saúde da minha esposa e da criança. Regressei aos Pupilos mais an-
sioso e de «colo vazio». Só cerca das duas da manhã é que soube que tinha sido pai de uma menina. Por sorte minha os Pupilos não foram «atacados» pelo «inimigo» na minha cur- ta ausência.
Orgulho-me de ter servido durante cinco anos esta Casa, com grande motivação e entusiasmo, que formou grandes e competentes técnicos espalhados pelas melhores empresas do País.
Não queria terminar sem um profundo agradecimento aos Pupilos do Exército aos seus Directores, com quem tra- balhei, Brigadeiros humberto Garcia e Castelo Branco Brito, que sempre confiaram em mim para as mais diversas tarefas e funções.
Ao Brigadeiro Castelo Branco Brito com quem trabalhei mais tempo e que melhor conheci, um agradecimento mui- to especial. Os Pupilos devem-lhe muito pela forma sábia e dialogante como soube dirigir esta Casa no pós 25 de Abril. Proporcionou sempre boa e cordial relação com os alunos e com as outras forças vivas (professores civis e militares e funcionários). Sempre atento a tudo o que se passava na Escola e sempre disponível, de Gabinete de porta aberta, para ajudar a resolver os problemas por mais complicados e difíceis que eles fossem.
Viva aos Pupilos do Exército! * Militar que serviu no IPE 1972 a 1977.
     Boletim da Associação dos Pupilos do Exército • abril a junho | 39
























































































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