Page 42 - Boletim Nº 254 da APE
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EVOCAÇõES
Tempo de Memória
19550373
quando eu era pequenino, acabado de nascer (1943, 5 de Junho), a Europa o Mundo, estavam em guerra.
Mentecaptos pretendiam criar um império, cujo eixo do mal, se sustentava no pacto tripartido, Berlim/Roma/Tó- quio, assinado em 27 de Setembro de 1940.
A Liberdade foi abolida, começou o domínio do obscu- rantismo e do terror.
Portugal não foi excepção, nada se podia fazer ou dizer, que não fosse previamente autorizado... era perigoso pen- sar!
Recentemente, em homenagem digna e sentida, recor- dou-se os milhares de jovens, ou menos jovens, homens e mulheres combatentes ou resistentes, que deram a sua vida em luta pela Liberdade, pela Paz.
um imenso esforço logístico, luta e sabotagens, de modo a incapacitar tropas alemãs durante as acções militares alia- das, quando do desembarque na Normandia (França), ocu- pada por nazis.
Meia-noite, 5 de Junho de 1944, milhares de pára-que- distas aliados, saltam em França com a missão de confundir as forças de ocupação e tomar pontos estratégicos. Muitos morrem antes de chegarem ao solo metralhados pelas tro- pas alemãs, mas a missão foi cumprida.
Madrugada, 6 de Junho, milhares de militares aliados, lançam-se naquelas praias... um inferno!
O dia “D”, inicio da luta pela Liberdade de uma Europa em sofrimento.
Em Portugal a população interpretava o resultado da guerra, como um anúncio do fim da ditadura. Pura ilusão!
O regime de então, considerou que: “com o fim da guer- ra na Europa, parte do continente cairá em desordem, como tal não havendo Estado forte, onde o governo não o seja”.
Assim, ao longo de muitos anos, só conheci como Liber- dade, a avenida que em Lisboa se inicia na Praça Marquês de Pombal e desemboca na Praça dos Restauradores e que, em dia de aniversário do Pilão, desfilava até à Sé de Lisboa. Era uma Liberdade alcatroada, com os seus pimenteiros lu- minosos / passagem para peões.
Anos se foram, a esperança nunca se foi... um dia, 25 de Abril em ano de 1974, um sonho tornado realidade, uma outra Liberdade, não alcatroada.
Hoje, rodeado de neta e bisnetas, perguntam-me, “por- quê e conta-me como foi”... eu, conto e volto a narrar, por- que a vida só faz sentido enquanto no exercício da nossa Li- berdade, respeitarmos a Liberdade dos outros.
Fernando Cristo
40 | Boletim da Associação dos Pupilos do Exército • julho a setembro