Page 11 - Boletim APE 248
P. 11
o tErrAmoto DE 1755 E o outro
ProtAGonizADo PElo
MARQUêS DE POMBAL:
A HISTóRIA NUNCA VOLTA PARA TRáS
David Pascoal rosado
19850253
Cultura E ConhECimEnto
o marquês de Pombal
“Lisboa está praticamente toda por terra e há muita gente esmagada. Há desgraças terríveis e a desolação é universal”. D. Mariana Vitória, Rainha de Portugal (esposa do Rei D. José)
terreiro do Paço, na atualidade: recheado de turistas, de comércio e de movimento. ou melhor dizendo: Praça do comércio. De facto, foi sempre difícil para os lisboetas acostumarem-se ao novo nome daquele local, es- colhido bem ao gosto de sebastião José de carvalho e melo (futuro Marquês de Pombal) em agradecimento à prestimo- sa colaboração que os comerciantes haviam dado para a reconstrução de lisboa após o grande terramoto de 1 de novembro de 1755. como é bem de ver, bastante mais de dois séculos depois, continua a ser muito comum essa troca de designações. E ninguém leva a mal, porque o terreiro do Paço ou a Praça do comércio, em qualquer uma dessas alu- sões, é lindo(a).
E lá está ela, bem no meio daquele espaço, a estátua equestre do rei D. José, da autoria do excelente Escultor Joaquim Machado de Castro, que nunca pôde encontrar-se pessoalmente com o rei D. José para o retratar mais fide- dignamente. Para a elaboração da referida estátua, usou como base não só várias imagens do monarca, mas tam- bém a efígie em perfil no cunho das moedas de real, onde se inspirou para o modelo final do monumento. Ao tempo o Escultor viu os méritos da sua obra serem atribuídos, an- tes, ao Brigadeiro Bartolomeu da costa, que alocou, de for- ma muito valorosa – é verdade –, as técnicas militares de fundição à elaboração da estátua e, nesse ensejo, à arte es- cultórica. mais tarde, contudo, reconheceriam o devido va- lor e o notável mérito a Joaquim machado de castro.
imponente e com um medalhão na sua frente (colocarei os termos desde modo, apenas para facilitar) que ostenta o busto do marquês de Pombal (já houve um tempo em que assim não foi), a estátua enaltece não só o Rei D. José, mas também aquele que foi um dos maiores estadistas e uma das personalidades mais discutidas (pelo bem e pelo mal) da História de Portugal: sebastião José de carvalho e melo. Voltadas para o rio Tejo, a estátua e toda a praça estão en- quadradas pelo Arco da rua Augusta, que por sua vez po- tencia a representação do poder régio (pela alusão à augus- ta figura do Rei). Para muitos, estar ali junto ao Cais das Co- lunas, nada mais é do que estar na entrada de um templo de salomão, bem ao jeito da maçonaria.
É claro que poderá ser vista assim a Baixa Pombalina, se optarmos por encarar esta “nova” lisboa depois do terra- moto segundo uma visão mística e ligada a rituais maçóni- cos (em consequência daqueles que, justamente identifica-
terramoto de 1755
Boletim da Associação dos Pupilos do Exército • Janeiro-Março 2018 | 9