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IPE INSTITUTO DOS
PUPILOS DO EXÉRCITO
vida do Instituto. É uma responsabilidade que sentimos, que eu sinto,
educar no presente, para o futuro mas assente no legado do passado.
Apesar de ser muito absorvente, muito trabalhoso e requerer da
nossa parte, dos Comandantes de Companhia e dos militares do CAL,
é uma honra estar numa casa destas, enquanto o Exército o determinar.
É uma casa centenária, cujos seus elementos são pedras vivas para a
sociedade. Elementos que mantêm e até reforçam os laços entre si, que
alicerçam a sua conduta em valores muito sólidos e muito necessários
à sociedade de hoje.
áreas comuns, há um projeto de educação para a saúde, por exemplo, o que pensa do momento actual do instituto, sabendo que
que podemos coordenar conjuntamente. 2012 e 2013 têm sido anos difíceis?
A longo prazo temos um grande objetivo que é dar o nosso mo- Quando cheguei a “guerra” estava em andamento e o trabalho es-
desto contributo para ajudar os alunos num salto qualitativo em relação tava a ser feito, ainda participei mas muito ao de leve. Foi um trabalho
às vertentes, pessoal, social e de cidadania. muito forte e muito organizado pela Direção do Instituto e pela Asso-
Penso que toda a existência pessoal, social e organizacional assen- ciação, verifiquei a força da Associação na Sociedade.
ta numa estrutura, num corpo. Corpo que transporta o ADN. O ADN são Ressalta salientar, que se a decisão fosse acabar com uma casa
os valores, os pilares que vão manter e orientar as pessoas e as orga- destas, que formou tanta gente válida, que tem voz na sociedade, em
nizações para o futuro. Estes valores vão-se adquirindo na vivência dos várias áreas, em vários campos, estava-se a destruir a possibilidade de
alunos no IPE, diariamente, que são transmitidos pelos alunos mais formar pessoas que podem contribuir para o nosso tecido social e
velhos e também pelos antigos alunos, pela própria Associação dos empresarial com um background essencial.
Pupilos do Exército, pelos pais, pelos professores, pela Direção e pela
Associação de pais. nestes 6 meses da sua vivência, tendo encontrado uma fase
O Corpo de Alunos também tem um papel importante na transmis- que agora está a evoluir no sentido positivo, nota também
são de certos valores que estão inscritos ou expressos no Código de uma evolução positiva por parte dos alunos?
Honra do aluno. Estou a falar em áreas transversais e problemas que a Sim, sim, notei uma grande preocupação e agora uma maior alegria,
juventude hoje atravessa e que vêm lá de fora. com perspectivas de futuro. Só assim as pessoas e as organizações
Há alguns problemas e algumas áreas em que, no IPE, temos conseguem fazer projetos, isto passa-se também a nível individual. Uma
condições e até o dever de dar esse salto qualitativo, alguns miúdos pessoa com um problema psicológico e deprimida, não coloca projetos
têm falta de objetivos, baixas motivações para estudar, problemas em para si, vê o futuro fechado e negro, fecha-se e vai desenvolver um
comportamentos aditivos e de cidadania, temos condições e o dever de sentimento negativo em relação a si e ao mundo. É o que acontece
dar esse salto mesmo pelo próprio legado da história do Instituto. também com as organizações, se não veem perspectivas de futuro, tem
essa tendência para “deprimirem”.
o que sente o CCa no desempenho da missão de que está
incumbido o que poderá a ape e o seu boletim desenvolver em apoio
Vim para um tipo de missão a que, em parte, já estava habituado, do ipe e do Corpo de alunos?
uma vez que antes de cumprir serviço nos Açores, após a licenciatura Como referiu e bem, penso que a APE e o Boletim já fazem muito
em psicologia trabalhei no Centro de Psicologia Aplicada do Exército, de valor e positivo. A APE como um dos portadores da cultura, da
onde já dava algum apoio ao CM e ao IO, também vinha ao IPE, mas transmissão dos valores, da vivência do que é ser “pilão”, é um elo
na parte da orientação escolar. fundamental na transmissão dessa mesma cultura organizacional e
Senti, no início, que é uma escola que não se esgota na sua função desses valores. Não há ninguém melhor para o fazer do que quem viveu,
académica e pedagógica, aqui existe um grande número de interações vive e sente, o que é ser “pilão”.
entre diversos agentes, que estão muito presentes na vida do instituto, Penso, no entanto, que poderemos aumentar a interação entre a
os pais, os professores, os antigos alunos, funcionários e nós os mili- Associação e os seus membros e o Corpo de Alunos, através de pales-
tares. Há um trabalho que se desenvolve que vai para além do tempo tras, de ações de formação, com o testemunho de pessoas que são
em que os alunos permanecem no instituto, as pessoas tem uma liga- expert, que tiveram sucesso no seu projeto e na sua vida. Podemos
ção muito forte, vê-se nos vários “sites” da Internet, na Revista do IPE, coordenar e encontrar testemunhos de sucesso, que são referências na
no Boletim da APE, nos antigos alunos e nas cerimónias em que está sua área e que podem ser modelos para os alunos. Conheço na minha
sempre muita gente presente. área, por exemplo, o Dr. Américo Baptista, que já se disponibilizou para
Não fui aluno mas sei que há esse forte sentimento e sentimos que contribuir numa área muito importante que é a do relacionamento dos
estamos a contribuir para o desenvolvimento de cada um dos nossos alunos mais velhos com os alunos mais novos, na sua formação como
alunos e que é uma ação que não pode ser solitária nem isolada, tem mais velhos e como graduados.
de ser construída com os vários atores. Como disse e muito bem o Chegamos ao fim desta agradável conversa que muito agradecemos
vosso Presidente, num dos números do Boletim, tem que ser o resul- pela simpatia e tempo dispensado.
tado de uma congregação de vários contributos, de vários agentes que
estão intrinsecamente ligados ao IPE e que continuam motivados na Ana Oliveira & Fernando Pires
40 BOLETIM DA ASSOCIAÇÃO DOS PUPILOS DO EXÉRCITO