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EVOCAÇõES


           UM “ChUTa”, oUTro reMa e


           oUTro Nada...



           david sequerra | 19430333



                                                                           de grande apego “pilónico” e de excepcional sim-
                                                                           patia pessoal.
                                                                              O  intenso  predomínio  do  “jogo  da  bola”  no
                                                                           terreno “pelado” paralelo à ribeira e aos comboios,
                                                                           era então amenizado pela malta que se deliciava a
                                                                           nadar (não eram muitos) ou se comprazia com os
                                                                           musculados exercícios do remo, como o Jaime Leão
                                                                           ou  o  tão  comunicativo  “Narigueta”  (o  Brito,  de”
                                                                           Construções”).  No  futebol,  relembre-se,  a  figura
                                                                           grada de 1945/46 era o Manuel Andrade (311 de
                                                                           1940) que viria a ser campeão nacional pelo C. F.
                                                                           “Os Belenenses”. Mas havia também o Tristão, o
                                                                           Diabinho,  o  Rosa  Pereira,  o  tão  infeliz  Germano
                                                                           Carmo e o “puto” Clemente Ferreira, já a despontar.
                                                                              De tais práticas tirou o “Pai Nini” a oportuna
              ecuamos  no  tempo,  nada  mais,  nada  menos,  do  que  70  anos.   inspiração  para  congeminar  um  quadro  revisteiro
           ROusadia  ou  atrevimento,  tanto  faz,  mas  é  esta  a  minha  opção,   em que se exibiam um futebolista, um remador e um nadador, equipa-
           “viajando”  por  uns  bons  laivos  de  memória,  com  a  preciosa  ajuda    dos à época, personalizando um terceto de “vida airada” com o “slogan”
           do “Manel” (Espirito Santo). A tão complicada década de 40 estava a   bem cantado de “um chuta, outro rema e outro nada”.
           começar, sob os maus auspícios de uma terrível guerra mundial. Para   Confesso que não me lembro de quem eram os intérpretes selec-
           os Pupilos do Exército o que tinha acontecido de bom dizia respeito à   cionados  nem  tampouco  me  afadiguei  a  rebuscar  o  folheto  habitual
           chegada ao topo directivo de uma notável figura de militar e pedagogo   dessa récita de quase 70 anos. Mas para a evocação conseguida, em
           – João Tamagnini Barbosa, bem cedo apelidado de “Pai Nini” e que fez   jeito de “Apontamento” (mais um!) tal não era de uma absoluta impor-
           época nos escassos anos dedicados ao Instituto.    tância. O que consta –isso sim – é a perene lembrança da valia teatral
              Entre outros atributos, de excepcional, valor o tão venerado “Pai   das “produções” do sempre lembrado “Pai Nini” quando as grandes
           Nini” possuía um muito especial talento para a “produção” de récitas   vedetas, como relembra o Manuel Espirito Santo, eram o “12” (Eduardo
           de finalistas que deram brado sob a sua égide, revelando alguns ines-  d’Almeida) o “70” (Aníbal Sousa Marques) e o Alves da Cunha, o “99”.
           quecíveis talentos como o Eduardo d’Almeida, o Aníbal Sousa Marques,   Todos e/ ou muito bons no palco.
           o Alves da Cunha, o Vasco Santélites de Lima, o Diogo Afonso, o Dago-
           berto Campos Lima e mais uns quantos, entre 1939 e 1946, por aí...  Resta dizer que, hoje em dia, na 1ª Secção, o campo da bola mirrou,
              Bem apoiado noutros Professores do Instituto, de elogiável veia   o tanque de remos não suscita grande entusiasmos e a piscina não tem
           teatral, o então Coronel Tamagnini Barbosa (sairia do “Pilão” quando   dado aso a campeões de alguma estirpe. Outros tempos...
           foi  promovido  a  Brigadeiro)  imaginava,  escrevia,
           ensaiava, rectificava, aconselhava e, desse jeito, as
           Récitas eram sempre rotundos sucessos que os mais
           antigos “pilões”, maiores de 70 anos de idade, não
           podem esquecer.

                           ***


              meio de tão complicada década de 40, logo após
           A  o fim da II Guerra Mundial, apesar das muitas
           dificuldades por que passou, o Instituto conseguira
           dispor  de  duas  novas  instalações  desportivas  de
           natural  impacto:  o  tanque-piscina  (pequeno  mas
           funcional) e o tanque de remo, para 8 praticantes,
           realizando o belo sonho do nosso Tenente-Coronel
           Ricardo Pereira Dias, popularizado como “O Cheira”,


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