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poesia
ANTóNio BoAViDA PiNHeiro JoAQUim cABo VerDe
19460033 19490309
O Poeta e o Poema… Julia
Pega o cinzel o escultor mãe de que côr é a côr lilás da tua saia
para retirar da pedra tosca e nesses olhos tão ternos
a maravilha da estátua, porque é que a tinta desmaia
que com toda a sua beleza,
já existia no bloco informe do mármore… são os cabritos do monte
Pega a paleta o pintor
trazem areias da praia
para dar vida à sua tela, já mal se vê o rossio
na riqueza do policromado
e jamais se avista a raia
de cores e de movimentos
segundo a percepção
acima acima gageiro
que retém da Natureza…
Também o poeta, acima ao mastro real
então que cinzelador da linguagem vê se vês terras de espanha
como pintor do imaginário, areias de portugal
fazendo uso da palavra,
procura compreender o Mundo vejo a mãe
e o próprio Homem, a minha mãe
na síntese desse texto, com um ponto miudinho
que será a maravilha do Poema… a bordar o enxoval
Definição de poesia
O que é a poesia?
ANTóNio BArroSo Prémio Especial (medalha de prata) da sétima edição do Prémio Nocera Poesia –
19460120 prémio Literário Internacional “Nova Sociale” 2010 – ITÁLIA
Mas haverá definição Sempre, sempre renascida Com pretensões a profundo
Para descrever a fantasia, Em cada manhã de cada dia? Sem, no entanto, dizer nada?
Falar do sonho ou da ilusão, Um sonho de alma embriagada,
Sentir o prazer inebriante Como se define a poesia Ou o desfazer duma ilusão?
Duma carícia de mulher? Se, entre tantos, tantos versos,
A alma se vai transbordando É como agarrar o mundo,
Como definir a ave graciosa Em sentimentos diversos, E moldá-lo com teimosia,
Que a nossa atenção requer, Fazendo lembrar negaças Fechá-lo na palma da mão
Quando levanta, elegante, Do fundo do nosso ser? E deixar, depois, que a poesia
E, nas nuvens, caprichosa, Com tão vasta definição,
Espreita tudo, de lés a lés? Como explicar a poesia Incompleta e incorrecta,
Para o que se quer dizer? Já não tenha solução
Ou a flor, resplandecente, De que modo, de que jeito, E definhe em leito frio
Que ali mesmo, a nossos pés, Se abre o cofre do peito Para ir encher de vazio
Parece que nada sente, Com as chaves do coração? A cabeça do poeta.
Mas abre a corola, humedecida,
Para o sol que brilha, Querer definir a poesia Não!
Que traz a luz e a vida, Com uma qualquer teoria Em poesia, decididamente,
Como eterna maravilha E espartilhá-la num conceito Sou contra a definição.
54 Boletim da associação dos PuPilos do exército
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