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Associação  APE  Associação dos Pupilos do Exército

 dos Pupilos do Exército


       Morreu o “Patriarca”!

       Viva o “Patriarca”!


          Pois  é,  mas  para  todos  nós  ele  era  o  Pai,  o  Avô  e  o   É lógico que os nossos familiares mais próximos nos mar-
       “Bivô”.                                                cam  a  todos,  mas  no  caso  do  meu  avô  Augusto,  tenho  a
          Acima de tudo fica a figura de um grande homem, sobre  absoluta certeza de que todos os membros da família concor-
       o qual tenho o infinito orgulho de escrever estas linhas. O  darão comigo, quando digo que foi com ele que aprendemos
       problema é que não se pode resumir uma vida tão cheia;  os valores, a palavra, a rectidão, a honestidade, o compromis-
       além do mais, não podemos                                                        so, a amizade, a irmandade, o
       tão  pouco  resumir  92  anos                                                    papel  na  sociedade  e  tantos
       em escrita.                                                                      outros mais.
          Ele  era  para  nós  família,                                                    É  indiscutível  o  papel  que
       o porto de abrigo, a cola que                                                    o “Pilão” teve em todos nós; o
       nos unia a todos. Grande pro-                                                    “Querer é Poder” nos mais va-
       vedor, não só dentro do nos-                                                     riados momentos. Confesso a
       so pequeno universo familiar,                                                    todos vós que, se me esforçar,
       mas também fora dele.                                                            ainda consigo trautear o hino
          Como  neta,  tudo  o  que                                                     ou mesmo cantar algumas es-
       necessitei ao longo da minha                                                     trofes.
       curta vida, ele sempre soube                                                        Quero também, com estas
       dar. Ombro de apoio, amigo,                                                      linhas  singelas,  e  faço-o  em
       companheiro e até confiden-                                                      nome de toda a família, agra-
       te.  Recto,  seguro,  honesto,                                                   decer todo o carinho sempre
       sempre atento às necessida-                                                      demonstrado para com o Au-
       des de todos.                                                                    gusto Dias, e com todos nós,
          Haveria de certeza muitas                                                     claro está.
       pequenas  histórias  a  contar,   Augusto Dias com sua família, em homenagem realizada na APE  A  todos  vós  digo,  podem
       mas  se  não  se  importam                                                       ter  a  certeza  que  uma  parte
       gostaria que ficassem para mim. Deixo aqui lugar aos restan-  daquilo que somos, tem também a ver com o “Pilão”.
       tes membros da família para que se inspirem...            Fica a saudade... “Salvé! Salvé! Salvé!” querido Avô, para
          Mas, acreditem ou não, muita coisa fica na minha memó-  sempre nos nossos corações!
       ria. A memória mais presente e também mais recente, é a
       imagem dele sentado na mesa da sala, de volta dos “escritos”                          Mercedes Dias “Cheché”
       e das fotos, tanta vez a escrever, com aquela letra tão, tão                              (Neta de Augusto Dias)
       bonita a que nos acostumou.
       Augusto Martins Dias - Uma Luz que se apagou


          A notícia chegou por E-mail abrupta e pungente. O Au-  falando com ele ao telefone se queixou de a sua saúde não
       gusto  Dias  tinha  falecido!  Que  ingénuo  fui  quando  pensei  estar bem. O dever de discrição impediu-me de o questionar
       que aquele espírito luminoso, de raro vigor anímico, afável  sobre a sua patologia, mas pelo que me deixou crer, tratava-
       e educado que dedicou grande parte da sua vida aos ide-  se de um problema menor. Tentando voltar ao seu contacto
       ais do Pilão e da Associação jamais nos deixaria! Presencial-  telefónico algum tempo depois, já não obtive resposta. Este
       mente muito pouco convivi com o Augusto Dias. Estive com  silêncio levou-me a admitir que algo pudesse continuar mal
       ele uma vez há cerca de vinte anos quando ocasionalmente  com a saúde do Augusto Dias, para mais tendo em conta a
       passei pela Associação, onde me detive não mais de uma  sua veneranda idade. Ainda assim, acalentei a fagueira espe-
       hora. Depois seguiu-se um longo silêncio entre ambos. E eis  rança de que tudo acabaria pelo melhor e ele viria a recuperar
       que há cinco ou seis anos iniciámos uma amistosa relação,  do mal-estar que eventualmente o tivesse acometido. Assim
       essencialmente telefónica, que esteve na origem da minha  não terá sido, infelizmente.
       retomada colaboração no Boletim, por ele solicitada com em-  Perdemos um companheiro e um amigo inesquecível. O
       penhamento.  Assim  nasceu  uma natural e salutar empatia  seu decesso foi uma luz que se extinguiu para todos os pi-
       entre nós. Por vezes o nosso diálogo telefónico alongava-se  lões. Mas a marcha do tempo tudo consome e a ninguém
       um pouco. Ele falava-me do Pilão do seu tempo, o que eu  perdoa. Estas pobres linhas são um humilde tributo à me-
       escutava com todo o agrado, e também da sua vida profis-  mória e um sentido adeus à saudosa presença entre nós da-
       sional, com relevo para aquela que decorreu nas minas da  quele pilão emérito que marcou de forma indelével a vida e
       Panasqueira. Reciprocamente também eu lhe contava como  a obra da nossa Associação. De adeus em adeus decorre a
       senti e vivi o Pilão nos quatro anos em que fui aluno.  vida até chegar esse outro desafio – o da eternidade. Para os
          O Augusto Dias cultivava uma enternecida paixão por tudo  que ficam é um “até breve!”.
       quanto ao nosso Instituto e à Associação respeitasse. Já de-
       pois de ter deixado a actividade editorial efectiva do Boletim,                               Licínio Granada

                                                                                      da
                                                                                        Associação
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