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CRÓNICAS
BOLETIM APE | ABR/JUN 2023
lhe, nunca o conseguirei fazer. Se uma imagem vale por mil palavras, nem mil imagens seriam suficientes para ilustrar e fazer justiça ao que os meus olhos viram.
O resto da equipa chegou pouco depois, celebrámos em conjunto e, cientes que estávamos ainda a meio da missão, iniciámos a segunda metade, a descida de volta à seguran- ça do refúgio. Tudo correu sem incidentes, arrumámos as mochilas e regressámos ao conforto da cidade de Cayambe, onde almoçámos e nos instalámos no hotel que seria a nos- sa casa nos próximos 2 dias.
Houve por isso tempo para mais umas visitas culturais, a primeira ao museu solar, onde pude colocar um pé em cada hemisfério do nosso planeta e a segunda a um mercado de artesanato muito popular em Otavalo. Neste dia, um dos membros do grupo, o Jackson, precisou de cuidados médi- cos. Tinha feito uma pequena cirurgia ocular uns anos antes que, com a diferença de altitude do dia anterior, teve compli- cações. Precisou colocar um penso no olho e, já se imaginava, ficou proibido de subir as montanhas que nos faltavam.
Com esta baixa no grupo, eu, o guia principal e o casal Americano que restava, seguimos para o próximo vulcão, o Antisana... Oh Rui, espera aí, tu falaste em Cotopaxi, Chim- borazo e Cayambe, que história é essa do Antisana??? Pois, se estavam atentos então também se lembram que muitos destes vulcões continuam activos, certo?
O Cotopaxi tem estado em actividade desde finais de 2022, pelo que os responsáveis do parque natural em que está inserido resolveram restringir a escalada. Para além do risco óbvio de uma erupção que pode ocorrer, está a haver libertação de gases que tornam o ar irrespirável.
Seguimos então para o nosso Plano B, o vulcão Antisa- na, com 5.753m de altitude. Quando estamos de férias per- demos a noção dos dias, mas como eu mantenho um diário de viagem, sei que chegámos ao Campo Base do Antisana no dia 19-fev às 14:00. Estamos a 4.500m e umas teimosas nuvens insistem em esconder a montanha que iremos subir na madrugada do dia seguinte. Instalamo-nos nas tendas, comemos um jantar antecipado para as 17:30, porque é pre- ciso descansar para a saída nocturna.
Há qualquer coisa de mágico em dormir numa tenda no meio da Natureza. Não é propriamente a coisa mais confor- tável do mundo, mas estar enrolado no saco-cama e protegi- do do frio exterior dá aquela sensação de estar em casa fora de casa. Mas o despertador do relógio diz-me que são horas de abandonar o conforto deste lar temporário e partir para a montanha. Tomo um café e como qualquer coisa à pressa
na tenda-messe. Reunimo-nos cá fora, já equipados, e inicia- mos a nossa marcha pouco depois da meia-noite.
Tal como já acontecera no vulcão Cayambe, somos brin- dados por um céu estrelado que só é possível nestes destinos remotos onde a poluição visual não se faz notar como nas cidades. Está uma noite bonita, sem vento e sem grande frio, aqui no Equador o clima é mais gentil que noutras longitudes.
Pouco depois das 6:00, o Sol está a nascer e avistamos o cume. O meu companheiro de cordada, o Diego, está a recuperar o fôlego e diz-me para seguir sozinho para o cume. Passo a passo, sigo, embalado por uma das vistas mais bonitas que estes olhos já testemunharam. O momento é bom demais para o gozar sozinho, por isso aproveito para fazer um vídeo que mais tarde enviarei para casa. Assim, os que me são mais queridos subiram comigo esta dezena de metros que culmina num cume perfeito, onde sou o primeiro do dia a chegar.
Qual Plano B, qual quê! O Antisana ganha imediatamen- te o estatuto de uma das montanhas mais belas que já pisei. As vistas são deslumbrantes, os vulcões Cayambe, Cotopaxi (a fumegar) e Chimborazo mostram-se em todo
o seu esplendor. Quem também re-
solve aparecer é o resto da equipa e
assim, todos reunidos, celebramos
o sucesso de mais uma subida sem
incidentes, registamos a efeméride
em fotografias de vários ângulos e
iniciamos a descida para o Campo
Base, onde chegamos 3h depois.
Ainda no acampamento faze- mos um pequeno-almoço reforçado, antes de partir para Quito, onde che- gámos a meio da tarde. Arrumações para aqui, arrumações para ali e num piscar de olhos já passou a noite e é tempo de partirmos para o último vulcão desta trilogia, o Chimborazo.
E a propósito deste imponente vulcão, vamos lá fazer uma pequena aula de Geografia. Qual a montanha mais alta do mundo? A maior parte das
    










































































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