Page 32 - Boletim numero 258 da APE

NOTíCIAS DO IPE
Eu Rafael Costa “SComandante de Batalhão”...
er Comandante de Batalhão, para mim foi uma expe- riência única, um sonho concretizado. Tudo indicava que seria um ano letivo normal, deu-se a primeira ce-
rimónia do ano, onde recebi a espada aceitando o compro- misso de desempenhar as funções de comandante de Bata- lhão, zelando pelo bom funcionamento do instituto e pela sua perduração no tempo. Foi também nessa cerimónia que tive a oportunidade de reunir a minha família e celebrar esta nova etapa, muito especial para mim e na qual tiveram muita importância, mas não acaba aqui, tive também o pra- zer de rever a minha professora primária, um reencontro muito feliz, pois foi uma das pessoas especiais que passou da minha vida.
Deu-se a abertura solene e num ápice já estávamos no apadrinhamento onde tive o prazer de apadrinhar a bata- lhãozinha, Francisca Alves (20190060), e o Simão Cota (20200309), um aluno do 10o ano que partilha o mesmo gosto pela música e em especial pela guitarra. Logo seguido do tradicional baile da Rosa, onde tive a alegria de dançar com a professora Irene Aleixo, que me acompanhou e me apoiou durante todo o meu percurso no IPE e da qual vou ter imensas saudades.
Ser comandante de Batalhão, foi para mim uma expe- riência totalmente diferente dos 3 anos anteriores, nos quais fui graduado, desta vez estava ao meu alcance tomar decisões e dar opiniões com muito mais responsabilidade. Decisões estas, muitas vezes difíceis de tomar, seguindo assim o meu instinto e zelando pelos interesses do instituto, nunca podendo “agradar a gregos e a troianos”.
Todos os dias me levantava com vontade de começar o dia, ainda que por vezes um pouco rabugento por conse- quência de poucas horas de sono. O trabalho é árduo, não podendo descorar a atividade escolar, algo para mim muito importante para atingir os meus objetivos e ingressar no ensino superior. Por vezes é difícil conciliar as duas tarefas, a coordenação e o estudo, mais do que alguma vez teria ima- ginado, mas vale-me ser persistente.
O ano letivo continuava e eu mantinha uma grande expectativa do que seria o grande dia, o dia da nossa casa, uma cerimónia de que de alguma forma nos toca a todos e nos é bastante importante, cerimónia na qual unidos empu- nhamos as armas e as espadas e desfilamos pela parada, honrando assim a nossa grande casa. Pensava eu que esta seria a minha última cerimónia enquanto aluno, mas enga- nei-me, infelizmente não tive essa oportunidade, senti um vazio, pois não desfilei à frente do batalhão escolar, como sonhei durante anos e não pude, juntamente com os meus camaradas, despedir-me uma última vez de forma honrosa da nossa casa “tão bela e ridente” que me viu crescer e à qual estou eternamente grato.
Rafael Costa
20120349
Devido aos constrangimentos provocados pela pande- mia, não tive a possibilidade de exercer as minhas funções na sua plenitude, mas deixei a mensagem de que devería- mos pôr em prática tudo o que aprendemos, sendo perse- verantes nestes tempos difíceis, sabendo-nos reinventar e permanecendo unidos ainda que à distância das nossas casas. Não posso deixar de dizer que apesar da distância houve um grande esforço por parte de toda a comunidade Pilónica e que juntos nos reinventamos e continuámos a bri- lhar nos mais diversos campos, como se pode comprovar nas redes sociais do IPE.
Este ano atípico não foi fácil, pelo menos no que toca a deixar tudo de um dia para o outro, deixando objetivos para trás os quais já não poderia cumprir e criando novos, para não perder o rumo.
Depois de 8 anos nesta casa, nunca pensei que tudo ter- minasse tão rápido, sinto-me incompleto, faltou-me algo, que espero que não se tenha de repetir em ano algum e que este vazio dentro de mim se possa preencher no próximo ano letivo com o desfile do Batalhão da Saudade.
Irei reviver e recordar o IPE para sempre, uma experiên- cia sem igual que espero poder partilhar um dia com os meus filhos.
“querer é Poder”
30 | Boletim da Associação dos Pupilos do Exército • julho a setembro