Page 20 - Boletim numero 257 da APE
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 OS NOSSOS PROFISSIONAIS
Dnuas vidas Paralelas...
asci no dia 21 de novembro de 1966, no Laranjeiro (Almada), um bairro simpático e cheio de vida onde passei a maioria da minha infância até aos nove
anos, quando entrei na nossa nobre instituição. Lembro-me perfeitamente do meu primeiro dia, desapa- reci de ao pé dos meus pais, conheci novos amigos e apenas me despedi deles. O espaço era enorme e cheio de coisas
para explorar, coisas que todos os pilões conhecemos. herdei uma alcunha do meu irmão mais velho “Anita” que ainda hoje me acompanha. O tempo que passei nos Pu- pilos, foi maravilhoso, com momentos bons e maus, mas maravilhoso. Consegui dedicar muito tempo às coisas que gostava e não pude fazer tudo o que queria porque me fal- tava tempo – ginástica – esgrima – teatro – música – volley- ball – pintura – etc. Tudo me acompanha e acompanhará para o resto da minha vida. Na atualidade continuo a tocar trompete e a pintar, como atividades paralelas à minha vida profissional. Tive a vantagem de ter a chave da sala de mú- sica, nos claustros, onde passei muitas horas entre instru- mentos musicais e onde imaginava o meu futuro e me re-
cluía de vez em quando.
Acabei “fracas” em 1987 e fui trabalhar para uma fábrica
de telecomunicações do grupo Centrel (A.E.P – Automática Elétrica Portuguesa), onde me encontrei com antigos pilões, velhos senhores do lugar que me acolheram e acompanha- ram como sempre fazemos entre nós.
Trabalhei no grupo Centrel (em várias empresas do gru- po) até 1995, quando fui para a Telecel, para conhecer um mundo diferente na área das telecomunicações, foi diverti- do, intenso, frustrante e enriquecedor, tudo ao mesmo tem- po – só estive 2 anos. quando fiz 30 anos, deixei a Telecel para aventurar-me a outras culturas e fui trabalhar para a
            Samuel Rodrigues
19760140
Philips Ibérica em Espanha, desde então vivo em Madrid, com algumas estâncias largas em França e no Brasil. Na mi- nha vida profissional, cheguei a ser Diretor Geral de uma multinacional franco Alemã (Sagem-Orga). As grandes em- presas, sempre me tiravam tempo para dedicar-me a algu- mas das coisas que não queria que desaparecessem da mi- nha vida. Tentei manter muito ativos os meus hobbies, a música e a pintura. Fiz um curso de pintura de 2 anos na sociedade nacional de belas artes em Lisboa e estive 3 anos a estudar pintura no “Taller del Prado” em Madrid.
Em 2016 deixei o mundo laboral durante 2 anos para o dedicar à minha mãe, que precisou de acompanhamento por uma doença da qual acabou por se recuperar. Durante os dois anos que voltei a Portugal fiz um novo curso de pin- tura em Lisboa na “Nextart” (Pintura abstrata), queria co- nhecer as técnicas mais utilizadas e ter mais conhecimentos sobre um estilo que há tempo praticava.
No final desse tempo voltei a Espanha para trabalhar com uma multinacional australiana na área do IoT (Internet of Things) e finalmente acabei onde estou agora, na SAYME, uma multinacional Espanhola relativamente pequena na área do IoT, como Diretor Internacional.
Ao longo deste tempo fiz novos amigos e conheci o mun- do, viajei por muitos países e conheci muitas culturas e o mais importante, consigo equilibrar de forma perfeita a mi- nha vida profissional com a minha vida pessoal, são quase duas vidas paralelas, uma de fato e gravata e a outra com um avental sujo de tinta e entre telas e pincéis. Mas são es- sas duas vidas que me permitem ser feliz. Tenho um traba- lho no qual me realizo e faço algumas exposições das mi- nhas pinturas.
É curioso, que aqui em Madrid, temos um grupo de “pilões”, e independentemente de termos as nossas vidas pessoais, encontramo-nos com muita frequência. Somos o Carlos Carneirinho (19740062), o Eduardo Lacerda (19890426), e eu que vivemos em Madrid, o Jorge Trolho (19750061) que vive em Barcelona, mas sempre que pode passa por aqui, o Fernando Neiva (19730190) que foi quem nos juntou, vive em Lisboa, mas sempre que vem a Madrid encontramo-nos e às vezes o Francisco Completo (19710067) e o Eduardo Rosa (19730081), também se unem. E o mara- vilhoso é que quando estamos juntos, parece que o mundo ficou congelado naquele momento em que vivemos os anos mais intensos das nossas vidas, ser pilão marca-te para sempre.
        18 | Boletim da Associação dos Pupilos do Exército • abril a junho


















































































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