Page 17 - Anexo do Boletim 253 da APE
P. 17

  Do preâmbulo do referido Decreto, cito algumas passagens que traduzem aquele espírito:
• “Uma sociedade só pode progredir quando os seus membros possuam uma desenvolvida educação e uma instru- ção essencialmente prática”.
• A obra da República tem de ser, sob esse ponto de vista colossal; é necessário criar homens que pelo trabalho e esforço próprios se mantenham na vida com independência e dignidade; é preciso formar cidadãos úteis à Pá- tria”.
• O Ministério da Guerra não podia deixar de cooperar nesta obra de alevantado alcance moral e interesse social; precisa de proteger e educar os filhos dos seus funcionários, que venham encontrar-se em condições de necessi- tarem do seu auxílio”.
• “O Instituo Profissional dos Pupilos do Exército tem um carácter completamente utilitário, tendendo a fazer dos filhos dos militares elementos de regeneração social, úteis à democracia ...”.
• “Os alunos deverão ficar conhecendo o valor do trabalho...”
• “O amor ao trabalho, o respeito à virtude, à lei e à propriedade alheia, o auxílio mútuo, o espírito associativo, os
sentimentos bondosos, a tenacidade, a resistência às fadigas e contrariedades, a fraqueza e a vontade firme são qualidades a incutir no espírito da criança...”
Como se vê, explícita a preocupação em educar para a cidadania, através de uma instrução essencialmente prática, profissional, ao serviço da comunidade, reflectindo uma preocupação social com o alargamento desta acção ao universo dos mais necessi- tados.
As referências ao trabalho, ao seu valor e dignificação são outros pilares deste diploma.
Tudo isto, associado ao incitamento à virtude, à solidariedade, à disciplina, à vontade, vai desembocar no lema que a aquela
nossa “casa tão bela e tão ridente”, adoptou de “QUERER É PODER”.
Permita-me a Assembleia que me dirija, por um momento, particularmente ao nosso convidado que de tão longe se deslocou para nos acompanhar neste dia festivo, o sr. Comendador Rui Nabeiro, figura pública e maior de entre aqueles que não tendo nascido em berço de ouro, soube guindar-se a uma posição cimeira no mundo económico nacional, graças à sua determinação, ao seu trabalho, ao seu querer, nunca abdicando de uma relação humanística e solidária para com o seu semelhante, particu- larmente para com os mais desfavorecidos;
Senhor Comendador Rui Nabeiro:
São o espírito e os valores do citado Decreto de 1911 que acabei de referir, a pedra base em que assenta a educação dos alunos dos Pupilos do Exército e que os ex-alunos transportam consigo. Estou certo de que terão sido também estes os valores que terão norteado V. Exa. ao longo da sua vida, acompanhados da solidariedade para com os que o rodeiam, particularmente para os que mais precisam. E, nas suas próprias palavras, que li numa entrevista que concedeu em tempos a um órgão de comuni- cação social, fá-lo com humildade, o que acho, como muitos, ser uma das virtudes maiores dos realmente bons.
Uma nota final quanto ao nascimento da APE, aos seus nomes e ao percurso geográfico das suas Sedes3.
Após algumas tentativas goradas em 1921, só em 1932 tomou corpo a ideia por parte de uns entusiastas ex-alunos do Instituto, da criação de uma colectividade onde pudessem promover o convívio entre si e com os alunos, decorrente do mesmo espírito de camaradagem e solidariedade que lá viveram.
Constitui-se então nesse ano uma Comissão Organizadora formada pelos antigos alunos já atrás referidos, que criou a colecti- vidade denominada “Grémio dos Pupilos do Exército”.
A localização do Grémio, não possuindo instalações próprias, passou por cinco sedes, ao longo de 56 anos, até lançar ferro em casa própria no local onde nos encontramos.
Desde sempre houve a ideia de a associação ter uma Sede em instalações próprias, mas dificuldades de ordem vária iam im- pedindo que esse sonho, sempre vivo, fosse concretizado.
Finalmente, após três tentativas falhadas, em 1965, 69 e 78, em 29 de Novembro de 1988 foi assinado o contrato promessa de compra e venda deste local.
• EM FOCO APE
  3 Rosado, ob. cit.
Anexo Digital ao Boletim da Associação dos Pupilos do Exército • abril a junho | 16











































































   15   16   17   18   19