Page 16 - Anexo do Boletim 253 da APE
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EM FOCO APE
da Mulher. Passámos de um país de emigrantes a outro de imigrantes; de uma sociedade fechada, fundada no medo social, cultural e político para uma outra plural ao nível das ideias, dos comportamentos, das relações, das crenças religiosas.
De tudo isto foi a APE espectadora, sobrevivendo como instituição, mas não perdendo de vista as repercussões sobre os seus associados.
E quanto ao futuro?
A situação da sociedade actual é complexa e o futuro difícil de prognosticar. A evolução exponencial da ciência e da tecnologia, mormente nas esferas da biologia, da electrónica, da medicina, das comunicações, espanta-nos e preocupa-nos, não pelas suas aquisições, que podem ser bênçãos, mas pelas aplicações malévolas que delas se poderão fazer, transformando-as em perigo- sas maldições.
De facto, se por um lado e prosseguindo o seu objectivo de descodificar a Natureza, as conquistas da ciência podem ajudar a transformar o mundo e fazer dele um local melhor para viver, as tais bênçãos, por outro podem encerrar em si a ameaça de o destruir e mergulhar no caos, as tais maldições. E não é à ciência que cabe decidir qual o caminho a seguir mas sim a outro domínio do pensamento humano, o da reflexão filosófica e da ética. Tenhamos esperança de que a sabedoria humana consiga disfrutar das bênçãos sem incorrer nas maldições.
Voltando à nossa comemoração, em que a comunidade Pilónica está em festa, sublinho o significado e a importância que tem para todos nós, antigos e actuais alunos dos Pupilos, pertencer a esse mundo, amálgama de saudade, gratidão e amizade. São sentimentos muito profundos, difíceis de explicar a quem não teve o privilégio de a ele pertencer.
Um pequeno parenteses para referir que a APE é guardiã, estatutariamente, da chave de uma porta de entrada para a nossa comunidade por parte de quem não tenha passado pelo Instituto como aluno. São disso exemplo alguns dos ilustres presentes.
Mas, o que é a APE e porque merece ser comemorado o aniversário da sua criação?
É, segundo os Estatutos, uma associação particular, de carácter permanente, de direito privado, sem fins lucrativos, que exerce a sua actividade, prosseguindo os seus objectivos, de forma independente de qualquer ideologia política ou religiosa e que tem como associados, efectivos, os antigos alunos do IPE que o pretendam.
E quais os objectivos da APE?
Muito genericamente consolidar os laços que unem antigos e actuais alunos, através da camaradagem, solidariedade e entre- ajuda em continuidade dos valores apreendidos no Instituto, defender o prestígio e a preservação da APE e do IPE e das suas tradições. São estes propósitos que dão alma à APE e que constituem o cimento que liga os seus associados.
No prosseguimento da sua missão, tem sido política da Associação manter com as Direcções dos Pupilos a mais estreita cola- boração, oferecendo a sua disponibilidade e cooperação em tudo e sempre que essas Direcções o entendam. Em sentido in- verso, também a APE tem sempre delas recebido a colaboração, respeito e consideração que muito nos apraz.
Ao longo de quase nove décadas de existência, a vida da APE tem tido altos e baixos, mas graças à dedicação de uns tantos associados mais empenhados, que não regatearam esforços para a fundação, sobrevivência e adaptação aos tempos da “sua” Associação, ela está viva.
Não sendo possível citar todos esses associados, como eles merecem, e para não incorrer na certeza de esquecer uns tantos, citarei apenas quatro, os fundamentais na criação da APE2:
Presidente da Comissão Organizadora (da sua criação) – José Barroso Júnior Sócio no 1 – Mário António Soares Pinto
Sócio no 2 – Álvaro de Oliveira
Sócio no 3 – José Domingos Lampreia
As bases dos valores prosseguidos por esta Associação, decorrem do espírito que presidiu à criação do Instituto pela então novíssima República, pelo Decreto de 25 de Maio de 1911 e que nos Pupilos continua a ser inculcado nos alunos graças à clarividência, competência e empenho daqueles a quem a sua condução tem sido confiada, dois dos quais aqui presentes, actual e antigo Directores, aproveito para saudar.
2 David Pascoal Rosado, Pupilos do Exército – Uma Interpretação Sociológica, s.l., MailTec, s.d., p.p. 278-297, ISNB 978-989-20-1421-0
15| Anexo Digital ao Boletim da Associação dos Pupilos do Exército • abril a junho