Page 11 - Boletim APE 253
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este desporto. Já o fiz dezenas de vezes e cada vez é como se fosse a primeira, tal é a paixão que tenho por estes animais. Perguntam vocês: é perigoso? Sim e não! Na verdade, o
registo de ataques de tubarões a mergulhadores em situa- ções normais é praticamente inexistente. Existem regras a cumprir, tal como em outras actividades. É delicioso ver a cara de um mergulhador momentos antes de efectuar este tipo de mergulho pela 1a vez, de completa ansiedade (alguns um pouco mais) e a cara depois do mergulho de completo êxtase e felicidade.
Esclarecendo uma dúvida que quase todos me colocam... não, não usamos jaulas! E simplesmente porque não precisa- mos delas!
Ao largo de Moçambique as espécies com que nos depa- ramos frequentemente nestas águas, são o Tubarão Touro (Bull Shark) que estão por todo o lado e são considerados, entre todos, os mais perigosos para o homem, por terem a capacidade de viver tanto em água salgada como em água doce, o Tubarão Tigre (Tiger Shark) que, ocasionalmente dão um ar da sua graça, o Tubarão de Ponta Negra (Black Tip Sha- rk), o Tubarão Martelo (Great Hammer Head) e muito rara- mente o Tubarão Branco (Great White). Em Moçambique na zona da Ponta do Ouro no sul do país apenas por uma vez tive o prazer de avistar um Tubarão Branco a cerca de 40 me- tros de profundidade e apenas durante uns segundos.
Existem regras nestes mergulhos, não nos podemos es- quecer que são animais selvagens e que de facto não são comedores de homens como o cinema nos incute, mas têm essa capacidade se forem ameaçados. Todas as regras têm 2 propósitos. Primeiro que eles se aproximem de nós o máxi- mo possível para que os possamos observar (e no meu caso fotografar), por outro lado e como o “máximo possível” tem limites, não queremos que abusem dessa aproximação ao ponto, não de nos colocarem à prova mas de nos provarem (já por duas vezes tive que os afastar com a máquina por se tornarem demasiado curiosos).
Como exemplo de algumas regras fundamentais, mergu- lhamos em grupo compacto, as bolhas provocadas pela nos- sa respiração são barulhentas para os tubarões e apesar de provocarem a sua curiosidade mantém-os ligeiramente afas- tados. Não fazer gestos bruscos debaixo de água. Não perse- guir um tubarão com o intuito de tirar a melhor foto ou fazer o melhor vídeo. Nadar maioritariamente numa posição ver- tical pois a última coisa com a qual queremos ser confundi- dos é com outro peixe ou mamífero que possa fazer parte da sua cadeia alimentar.
Estes mergulhos são por norma aquilo a que chamamos “mergulhos no azul”, em alto-mar e a profundidades a come- çar nos 30 metros, mas longe do fundo, dando origem a um mergulho multinível até que se esgote a nossa capacidade de permanência dentro de água.
O Tubarão de Pontas Pretas, que pode facilmente atingir os 2,5 metros de comprimento, dentro das espécies que avistamos, é aquele com que por norma temos mais cautela. É muito atrevido e curioso, normalmente aparece na parte final do mergulho e chega a tocar-nos se estivermos mais distraídos, no entanto basta que nos viremos de frente para ele e facilmente se afasta uns metros voltando rapidamente à carga, mas escolhendo outro alvo. É extremamente rápido.
O Tubarão Touro segue-nos durante toda a subida fazen- do círculos constantes à nossa volta, é a espécie que aparece em maior número e parece estar sempre à espera que al- guém se afaste do grupo para testar o seu palato. Chega a atingir 3 metros de comprimento e facilmente chega aos 200 kilos, o nome deve-se à sua forma musculada.
O Tubarão Tigre, é o mais imponente de todos os que avistamos por aqui. Chega a atingir facilmente os 4 metros de envergadura, no entanto é muito tímido. Normalmente aparece na altura da descida ou à chegada ao patamar de segurança (5 metros), passa algo distante de nós e, numa si- tuação normal, nunca se aproxima demasiado.
O Tubarão Martelo faz algumas aparições durante os mergulhos na Ponta do Ouro, mas o maior espectáculo com estes animais, presenciei-o na Africa do Sul num local que se chama Protea Banks, perto da cidade de Durban onde tive o prazer de nadar no meio de um cardume destes estupendos animais, eram às centenas.
Resta-me dizer-vos que estes mergulhos são daqueles ca- sos em que o prazer se sobrepõe em muito ao perigo que representam...mas afinal o que seria a nossa vida sem um pouco de risco?
(*) Master Diver – Scuba School International (SSI); Sidemount Diver Specialist – PROTEC INTERNATIONAL; Sidemount Diver Specialist – SCuBA AND NITROX SAFETY INTERNATIONAL; Technical Diver – Deep Diver Extended Range 60m; Stress and Rescue Specialist – SSI; SHARK Ecology Specialist – SSI; Science of Diving Specialist – SSI; Deep Diver Specialist – SSI; React Right Specialist – SSI; Nitrox Specialist (up to 40% O2) – SSI; Advanced Nitrox Specialist (up to 100% O2) – PROTEC INTERNATIONAL
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Boletim da Associação dos Pupilos do Exército • abril a junho | 9