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 Nova Basílica e Obelisco
A nova Basílica de são Pedro uniria duas fontes de inspi- ração: a imponência do Panteão de Adriano e a solenidade da Basílica de Magêncio, num projeto portentoso que inte- graria, de facto, esses dois ideais de construção, mas que os multiplicaria em escala e em ambição, por várias vezes. Ali- cerçada no talento singular de alguns dos maiores arquite- tos, engenheiros e artistas do renascimento (que muitas ve- zes não estariam alinhados nem nas ideias que defendiam, nem nas emoções que sentiam), onde se contam, entre ou- tros, os nomes de Bramante, Giocondo, Della Porta, Miguel Ângelo, rafael e Bernini, a construção do novo santuário pas- saria por trinta papados, pelo saque da cidade de roma, pela reforma Protestante, pela Contra-reforma e pela Inquisição.
Passaria também pelo transporte do enorme obelisco (que Calígula havia trazido de Heliópolis e que em tempos idos assinalava o local do circo imperial) do lado sul da ba- sílica para o centro da Praça de são Pedro. Esse extraordiná- rio feito de engenharia protagonizado por Domenico Fon- tana constitui apenas um dos grandes momentos de um processo de construção integrado e amplo, que, pasme-se, ainda assim, muitas vezes não teve um rumo definido e es- clarecedor quanto ao resultado final que era pretendido.
quando, em 18 de Novembro de 1626, o Papa urbano VIII consagrou a nova Basílica de são Pedro, as obras ainda não tinham terminado e os sacrifícios, que não apenas os fi- nanceiros, também não. seria apenas com o Papa Alexandre VII que a obra se completaria, e para sermos justos, importa
Pietá de Miguel Ângelo
dizer que à data da sua morte, no dia 22 de Maio de 1667, embora os dois braços da colunata de Bernini na Praça de são Pedro estivessem quase concluídos, ainda passaria mais de um século até que a última estátua fosse ali colocada.
A construção da nova Basílica de são Pedro elevou a Ci- dade Eterna a uma grandeza que havia perdido por aban- dono e por incúria. Admirável pelos seus antigos aquedu- tos e pelo seu exemplar saneamento no tempo do Império romano, a verdade é que quando o Papa Nicolau V reinsta- lou o papado em roma no século XV, aquela era agora uma roma onde não havia sequer água potável. Tudo estava em ruínas e os terrenos baldios eram extensos e cobriam de vergonha a memória dos antepassados romanos. Ainda as- sim, aquela era a cidade onde são Pedro havia sido crucifi- cado de forma invertida e onde são Paulo também havia sido decapitado. logo, a alma da Cristandade, por todas as razões, continuava ali presente.
Embora a construção da nova Basílica de são Pedro não tenha ficado isenta de barbaridades que se fizeram em re- gistos arquitetónicos antigos do Império romano, através da tomada de materiais em abomináveis pilhagens (onde os imponentes Coliseu e Panteão não foram exceção nesse vandalismo institucionalmente autorizado), a verdade é que dos escombros da antiga roma, uma nova roma nas- ceria. E a nova Basílica de são Pedro seria mesmo construí- da, nem que para isso se tivesse derrubado o mais venera- do santuário da Europa daquele tempo.
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