Page 40 - Boletim APE_227
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ENTREVIsTA
É pois com alguma relutância que vejo ou pressinto tomarem as opções corretas que não mutilem a nossa
tentações para um certo desvio destes princípios, temen- Instituição IMPE!
do consequências menos claras que possam prejudicar o O momento é de empenho e luta e por tal esta minha
futuro de ambas as Instituições! reflexão se contradiz, disponibilizando-me, desde já, para
É facto que se avizinham tentações de reformas desres- toda e qualquer participação gritando bem alto contra
peitosas para a Instituição IMPE e que não poderemos fariseus que se proponham destruir o castelo de sonhos
assobiar para o ar aguardando sem preocupação ou com que a nobre instituição IMPE, instalada em ruinas de um
indiferença que novas reformas cegas e acéfalas decepem, velho convento as soube melhorar reedificando-as ao
mais uma vez, a nossa querida Instituição IMPE, relegando longo dos tempos ao mesmo tempo que melhorava com-
a Escola, que tantos valores humanos já deu à Pátria, para portamentos, educando e dignificando os seus pupilos, a
áreas secundárias, desvalorizando as potencialidades e ca- Instituição, sem regatear luxos ou ostentações, sempre com
pacidades intrínsecas que sempre foram escol da Instituição objetivo primeiro de formar homens que servissem a sua
em desrespeito dos ideais do seu fundador o pedagogo, à Pátria querida!
época Coronel, António Xavier Correia Barreto! Homem Não podemos pois pactuar com traições e teremos de
de muitos saberes e virtudes reconhecidas, sendo, mais denunciar, na praça pública se necessário for, a ingratidão,
tarde, General, Ministro da Guerra, Presidente do Senado a injustiça, o despautério e a irresponsabilidade de tais
sem esquecermos as suas características de investigador que prepósitos.
o levaram à descoberta da pólvora sem fumo! Virtuoso Ficámos a saber na reunião da última Assembleia
multifacetado desde humanidades às artes de professor e Geral da APE que se iriam constituir comissões diversas
investigador, já destacadas no nosso boletim, com maiores para atuarem em frentes diferentes…junto de responsáveis
cautelas e profundidade, por ex-alunos bem prestigiados e pela educação técnica-militar e nacional, como forma de
melhor qualificados para o desenvolver e caracterizar! os levarem ao conhecimento da Instituição da sua obra e
Que o fundador não seja desrespeitado é obrigação de do apoio social que representa, para a família militar so-
todos nós e que disponíveis todos devemos estar, para, bretudo para os de menores posses.
junto do seu túmulo, erguermos as bandeiras negras da Desejamos ardentemente que os bem-intencionados
nossa revolta denunciando veementemente as traições que prevaleçam e atuem de imediato junto de quem de direi-
pretendam impor aos filhos dos desfavorecidos das forças to, para os demover de praticarem erros ou omissões que
armadas! firam a Instituição IMPE! Mas todos teremos de estar
Deste meu sentir renasce em mim o ódio para com os atentos e vigilantes num alerta permanente, saltando das
opressores e por tal entendo que teremos de defender por guaritas, correndo em socorro personalizado por manifes-
todos os meios a Instituição que nos educou e ensinou a tações diversas de rua e junto dos monumentos que re-
ser homens de grande firmeza e caracter, cimentados em lembrem os pilões mortos em serviço da Pátria e ao pé
labores e oficinas numa interligação teoria-prática senão do Túmulo do Nosso Fundador expandindo sentimentos
perfeita, pelo menos fortalecida pelos afazeres em labo- de indignação que levem bem longe o “querer é poder”
ratórios, forja, fundição, serralharia, carpintaria, eletricida- de todos nós !
de, sapataria, tipografia, salas de contabilidade e outras Temo as palavras mansas e a passividade de atos, por-
que fortaleciam o nosso conhecimento prático dando-nos quanto quer umas quer outros adormecem-nos, toldam-nos
grande vigor e à-vontade ao enfrentarmos a vida profis- o pensamento, arrefecem os rancores, permitindo que nos
sional, fosse esta qual fosse! Por isso somos diferentes pois dobrem e nos manipulem!
que além do saber, sabemos bem executar e por este O 80.º Aniversário já passou de forma sóbria sem
facto melhor ensinar, informar e esclarecer, sem receios solenidades conjuntas das duas Instituições demonstrativas
ou omissões! Capazes de enfrentar contrariedades diversas de partilha e entrosamento firme dum “querer é poder”
porque aprendemos a do pouco ou do muito pouco, edi- que fizesse transparecer união, força e outros sentimentos
ficar algo que a todos dignificará hoje e sempre! de nobreza, caracter e ética que nos distinguem e somos
Relegar este património cultural será crime social e possuidores!
cívico que os ignorantes cometem e por tal terão de pagar Aqui ficam as palavras simples do meu sentir e, se por
mas que, por desgoverno serem, usufruem hoje de imu- alguns forem lidas, as esses peço as comentem sabendo
nidades mas que a história nunca lhes perdoará! Eu sei que eu humildemente as narrei em paixão e amor pelas
que são palavras de um humilde ex-aluno! Contudo, uma duas Instituições que orgulhosamente frequentei e servi,
vez que oportunidade tenho de desabafar, nesta despre- agradecendo o pouco que me deram mas ambas me fize-
tensiosa entrevista, que a outros, mesmo que poucos sejam, ram crescer!
alerte e incentive a disponibilizarem-se e corroborarem Salve, salve, salve o nosso IPE e a nossa APE!
para iniciativas que levem a manifestar o nosso desen-
canto e reencaminhem os (ir)responsáveis do governo a Montalvo, 14 de Outubro de 12
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